"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 8 de junho de 2013

REAL SE DESVALORIZOU MAIS DIANTE DÓLAR QUE OUTRAS MOEDAS

Recuo foi de 5,14%; dólar de Cingapura perdeu 1,43% e o canadense, 1,27%.  Iene e euro subiram 1,81% e 1,09%, respectivamente 
 
 
Mesmo com o governo enfatizando que o movimento de alta do dólar é global, nos últimos 30 dias, o real se desvalorizou com mais intensidade frente à moeda americana do que outras divisas. Enquanto a moeda brasileira recuou 5,14% frente ao dólar, o dólar de Cingapura perdeu 1,43%; o dólar canadense caiu 1,27% e o dólar de Taiwan perdeu 0,72%. Já outras moedas, como o iene japonês, a libra esterlina e o euro ganharam valor frente ao dólar. O iene subiu 1,81%, o euro 1,09% e a libra 0,12%.
 
Especialistas ouvidos pelo GLOBO dizem que a valorização mais expressiva do dólar frente ao real já vinha sinalizando a deterioração dos fundamentos econômicos do país. Fatores como o baixo crescimento da economia, alta da inflação e condução equivocada da política econômica minaram a confiança dos investidores no país e reduziram o fluxo de dólares.
 
Esses investidores trocaram o Brasil por países como México, Colômbia e Turquia. Além disso, o aumento do déficit de transações correntes, que pode até levar o país a usar suas reservas internacionais - atualmente em US$ 375 bilhões - faz mais pressão sobre a moeda americana.
— Os mercados de câmbio dos países emergentes refletem a situação de sua economia. A queda no preço das commodities faz o real perder força, mas a tentativa do governo de baixar o dólar no grito, com declarações desencontradas, o déficit nas transações correntes, a inflação em alta e as travas que o governo impôs ao capital externo através do Imposto sobre Operações Financeniras (IOF) minou a confiança dos investidores. E por aqui, o dólar sobe rápido, mas a velocidade de queda é sempre mais lenta — diz Sidnei Nehme, especialista em câmbio da corretora NGO.
 
O estrategista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno, lembra que o dólar se valoriza em relação a outras divisas no exterior com a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, reduza o programa de estímulo à economia em breve. Todo mês, o Fed despeja US$ 85 bilhões na economia. Se o programa cessar, a tendência é ter menos moeda americana no mercado, o que pressiona o preço da moeda.
 
O risco regulatório e cambial do País também são citados pelo economista Jason Vieira, especializado em gestão de investimentos, como outros fatores que afastam o investidor estrangeiro do Brasil e pesam sobre o dólar.
 
— Mesmo a retirada do imposto não terá capacidade de atrair fortemente os estrangeiros para cá. Numa conversa com investidores americanos, um deles citou com muita propriedade: 'I won't fall for that again', ou seja, 'eu não caio nessa de novo' — conta Vieira.

08 de junho de 2013
João Sorima Neto - O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário