"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 7 de junho de 2013

OS DECEPCIONADOS

      
Obama mudou? Claro que não. Caio Blinder é que começa a reconhecer vagamente o desastre, com cinco anos de atraso e nem um só pingo de vergonha.

Decepcionar-se é fácil. Alegar decepção, mais ainda.


A alegação de decepção subentende um deslize alheio, que não tinha como ser previsto pelo sujeito decepcionado. Geralmente, é um recurso utilizado por mentes maliciosas, neuróticas e/ou teimosamente cegas para eximir-se da responsabilidade sobre negligências ou escolhas pessoais mal feitas.
Muito mais difícil do que alegar decepção é, diante dela, reconhecer a própria ingenuidade (ou vigarice) — os próprios erros de diagnóstico que levaram à decepção, bem como os méritos daqueles que a previram. Isto requer esforço psicológico. Requer a auto-humilhação e o autovexame, sem os quais ninguém jamais sai da Terra do Nunca.

Os jornalistas brasileiros jamais saem da Terra do Nunca.

Têm tanto apego pelas suas paixões de juventude que, fora o extraordinário exemplo de Mírian Macedo, o máximo que conseguem fazer diante dos efeitos desastrosos das ideias e da atuação das pessoas que apoiaram é proteger as ideias e alegar decepção com as pessoas. Arnaldo Jabor e Caio Blinder são especialistas no assunto, cada qual à sua maneira.

Em agosto de 2008, escrevi: "Arnaldo Jabor (...), não tendo como negar os crimes do comunismo contra a humanidade, afastou-se de sua versão mais teen, mas não conseguiu se livrar de sua versão supostamente light (...). Foi assim que, não tendo tampouco como negar os crimes das Farc, Jabor procurou, pelo menos, absolver Karl Marx e sua teoria terrorista — naquele típico esforço sujinho de combater a diarreia, mas salvar o vírus. (...)"

Cinco anos depois, Jabor continua o mesmo. Em sua última coluna sobre o militante imaginário, com seu velho papo de “Muitos pensam que são 'marxistas'. Não são.” e sua mania de lamentar o socialismo real, mas isentar Karl Marx de culpa, ele mais uma vez "combate" a diarreia, mas salva o vírus. Para completar, ainda "combate" Lula e o PT, mas salva Dilma, o que é bastante natural: quem sempre salva o vírus precisa também salvar alguma coisa no meio da diarreia. (Com o perdão da metáfora indigesta.)

Já o obamista Caio Blinder, para não dar o braço nem o punho a torcer tão facilmente, recorre a todas as atenuações e comparações esdrúxulas de que só a cegueira ideológica é capaz, como, por exemplo, quando equipara uma antiga declaração de um senador republicano, propondo que o Fisco fosse mais exigente com grupos esquerdistas que obtinham facilidades, com a perseguição real do Fisco a grupos conservadores, sob as ordens da atual Casa Branca, enquanto grupos esquerdistas obtinham, de fato, todas as facilidades. E depois, quiçá com muita dor no coração, finalmente diz:

“Bem, claro que Obama é apenas mais um que decepciona. (...) Ele se comporta tanto de forma passiva, como se fosse um espectador do seu próprio governo ou reclamando que os republicanos não o deixam governar, mas também tem uma atitude agressiva. O Obama que prometeu transparência lidera um governo insular e secretivo. (...) O candidato Obama denunciava a expansão dos poderes do Executivo do governo Bush. É o sucessor, no duplo sentido.”

Mas Caio Blinder, tão passivo e espectador do seu próprio trabalho como aquele Obama atenuado que ele quase critica, havia mesmo acreditado na promessa de transparência? Não sabia que Obama “expandiria” os poderes do Executivo para muito além do que Bush jamais ousou? Não leu o livro Regras para radicais, de Saul Alinsky, o guru do candidato que ele apoiava? Não leu Olavo de Carvalho? (Nem sequer o Blog do Pim?...)

Sim. Não. Não. Não. (Não!) A gente sabe as respostas às perguntas que ele se recusa a se fazer. Obama mudou? Claro que não. Caio Blinder é que começa a reconhecer vagamente o desastre, com cinco anos de atraso e nem um só pingo de vergonha. A rigor, ele nem chega a se admitir decepcionado. Obama é que decepciona — não se sabe exatamente quem. E é “apenas mais um” a fazê-lo...

Pois é. É por isso que, ao analisar Jabor e Blinder, e lembrar o entusiasmo devoto de Marcelo Coelho, Janio de Freitas, Eliane Catanhêde, Luis Fernando Verissimo, Antonio Candido e demais intelectuais esquerdistas da Terra do Nunca com a eleição de Lula — “O Chefe” —, não posso deixar de perguntar:

Quantos impostores serão “apenas mais um” a decepcionar os incautos leitores dessa gente?

*****

Notas:

1.

Chamar esquerdista de anta é uma puta sacanagem com as antas. As antas têm hábitos solitários, só são encontradas juntas durante o acasalamento e a amamentação. O militante esquerdista é o oposto: anda em bando, pensa em bando, respira em bando. Seu único hábito solitário é a masturbação.

2.

A PROMESSA
“Quando eu for presidente, uma das primeiras coisas que eu vou fazer vai ser chamar meu procurador-geral e dizer a ele ou ela: eu quero que você revise cada medida provisória que tenha sido emitida pelo presidente (George W.) Bush, seja ela relacionada a escutas telefônicas sem ordem judicial, seja sobre detenção de pessoas, ou leitura de e-mails, ou o que quer que seja. Eu quero que você passe por cada uma delas e, se elas forem inconstitucionais, se elas estiverem violando desnecessariamente as liberdades civis, nós vamos derrubá-las, nós vamos mudá-las.”

Barack Obama, 29 de outubro de 2007.

[Em vídeo, do minuto 1:50 ao 2:15]

A REALIDADE

Governo vasculha dados de fontes como Google e Facebook
(
http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/eua-governo-vasculha-dados-de-fontes-como-google-e-facebook)
6 de junho de 2013

“A Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos e o FBI têm acesso direto aos servidores centrais de nove das maiores empresas de internet americanas. [Microsoft, Yahoo, Google, Facebook, PalTalk, YouTube, Skype, AOL e Apple.] A inteligência americana pode consultar áudios, vídeos, fotografias, conteúdos de e-mails, arquivos transferidos e conexões dos usuários. O programa altamente secreto é chamado de Prisma (...).

O esquema reforça as provas de que o governo Barack Obama tem ignorado os direitos civis dos cidadãos americanos de forma disseminada. Além de espionar jornalistas, (...) a administração do democrata também direcionou suas garras a um número infinitamente maior de cidadãos, que não eram suspeitos. (...). A informação [do Washington Post, um jornal obamista, hein...] vem à tona um dia depois que o jornal inglês The Guardian revelou que o governo tem acesso a dados de telefonemas de milhões de usuários da Verizon, uma das maiores companhias telefônicas dos Estados Unidos. A ordem era conseguir os números de origem e destino das ligações, locação, horário e duração das chamadas, no período entre 25 de abril e 19 de julho deste ano. (...)”

Sorria! Você está no Big Brother de Barack Obama. O homem que cumpre exatamente o oposto do que promete. Se Bush colocou o Estado no encalço do terror e avisou à população, Obama universalizou a espionagem e não avisou ninguém.

É comunismo explícito. Estado policial esquerdista. Ele sabe da sua vida inteira.

3.

Eu avisei. É sempre assim. Comportou-se direitinho? Ajudou o governo a cometer e/ou acobertar seus crimes? Parabéns. Você está promovido(a)!

Barack Obama nomeou Susan Rice, aquela que mentiu ao país inteiro em 5 programas de TV sobre o ataque terrorista em Benghazi, a nova conselheira de segurança nacional. Isso mesmo: de segurança nacional.

Se o Brasil pode ter os mensaleiros petistas José Genoino e João Paulo Cunha na Comissão de Justiça, por que os EUA não teriam Rice na segurança, não é?

Tanto lá quanto aqui, nenhum artista dá selinho por essas coisas mesmo...

4.

Eu fico até orgulhoso quando meus textos são lidos em voz alta no plenário americano, de modo que, dessa vez, nem vou traduzir de novo para a língua pátria. O republicano Jim Bridenstine
falou muito direitinho — e, para bom entendedor, meio Blog do Pim basta.


5.
Em tempo: O vídeo abaixo também resume em 1 minuto como os EUA estão virando um grande Brasil, onde ninguém sabia de nada. A bravata final de Obama — "O que eu continuo a acreditar é que, no fim das contas, a responsabilidade é minha. Eu vou ser o responsável." — foi dita em 7 de janeiro de 2010, quando o bicho, claro, não estava pegando ainda. Ele disse que a responsabilidade seria dele, mas, na hora dos escândalos, não sabe de nada (ou manda Hillary assumir tudo em seu lugar). Lula fez escola. Deve estar até orgulhoso...

07 de junho de 2013
Felipe Moura Brasil

 

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