"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 12 de julho de 2013

BARBAS DE MOLHO, SENHORA SOBERANA...


Em qualquer lugar civilizado – ou “meio civilizado”, como aqui -, quando o povo vai para as ruas, fora do Carnaval, para reclamar ou protestar contra a vida ou contra o governo, temos confusão à vista…

Um velho provérbio espanhol diz que “quando você vir as barbas do seu vizinho pegarem fogo, ponha as suas de molho”. Isso indica que devemos aprender com a experiência dos outros.
Mas parece que nós, brasileiros, não nascemos para aprender nada, só para ensinar. Achamos que sabemos “de um tudo”, todo o tempo…

Volto a um assunto que já abordei aqui: a constituição mais perfeita do mundo. Na minha opinião, a Constituição de Deus, os Dez Mandamentos.

Quando, no quinto mandamento, diz “não matarás” é isso: não se pode matar o semelhante, seja com tiro, facada, de raiva… Sim, mas… e em legítima defesa? Isso não é matéria constitucional e, assim, é tratada no Código Penal.

A Constituição brasileira possui 350 artigos, considerados os do ADCT, sei lá quantas emendas, mas, ante o caso concreto, quase sempre temos de arranjar uma saída fora do contexto, quando não “um ponto fora das curvas”, que é como o novo ministro do STF entende a condenação do terrorista Zé Dirceu. Sinal vermelho…

Aliás, por falar em ministro do Supremo, com a mudança de dois deles, as condenações desses mensaleiros terroristas corre perigo de ser modificadas. Para isso, basta o Tribunal entender e admitir os embargos infringentes. Esse é o calcanhar de aquiles desse famigerado julgamento.
Admitidos os embargos, a sentença poderá ser revista, e, nesse caso, com qualquer decisão, caberão novos embargos de declaração e assim de embargos e embromação, vai-se a razão…

A verdade é que a presidente não sabe o que fazer. Além de sua própria incapacidade, encontrou arapucas armadas por seu antecessor, que presidiu o país administrando bolsas, mensaleiros e a Rosemary. Dona Dilma, estrategista de sequestros, tirou do coldre a saída pronta: primeiramente uma “constituinte exclusiva” e ultimamente, plebiscito.

Dona Dilma: a Constituição é um corpo só e, portanto, indivisível. Consulte qualquer médico, e ele vai lhe dizer que se o corpo humano adoece, em razão de uma infecção em um dos seus membros, o tratamento não fica restrito àquele membro, mas a todo o organismo. A senhora, como boa e destemida guerrilheira, não entende de medicina, no caso, de Constituição, assim como no passado também não entendeu.

Eu sabia que Constituição e gibi, para a senhora, são itens que estão nas bancas junto com notícias do dia. Mas o povo exige reformas, Senhora Soberana, título dado por esse tal de João Santana, mais profeta do óbvio que marqueteiro, a solução fica mais fácil e legal se a senhora pensar em emenda constitucional para reformar alguma coisa que ainda puder, em vez desses “estrupícios” que são plebiscitos ou referendos.
Lembre-se do Egito e “haja o que ajar”, porque, dizem, que quem tem vida tem medo.

(transcrito de O Tempo)

12 de julho de 2013
Sylo Costa

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