"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

CHINA PERDE O CONTROLE DA SUA ECONOMIA FRANKENSTEIN


 
O mundo aceitou cada vez mais a ideia de que os líderes chineses são administradores hábeis da colossal economia do país.

E parece ter-se enganado, escreveu William Pesek, correspondente em Tóquio do Bloomberg News.

Sucessivas medidas do presidente do Banco da China, Zhou Xiaochuan, de início foram aclamadas como golpes de batuta de um mestre. Mas, quando elas viraram uma espiral de marchas à ré e de mudanças de rumo, semearam mal-estar e sugeriram que as finanças do gigante comunista podem ser comparadas a um Frankestein saído do controle do Dr. Jekyll

Imensas cidades fantasmas novas, rodovias, aeroportos e hidrelétricas inflaram o PIB chinês, obnubilando os investidores estrangeiros otimistas e gerando vertiginosos movimentos bancários.

O perigo, segundo Pesek, é que ninguém realmente sabe como está a saúde dos bancos estatais chineses, ou qual é o tamanho do enorme sistema de financiamento paralelo. Para Stephen Green, da Standard Charteres em Hong Kong, o sistema de crédito da China é uma “enorme e assustadora caixa preta”.

Pesek pergunta: “Como alguém pode acreditar que a China vem crescendo a uma taxa de 7,7%, como afirma o governo, quando variáveis cruciais na sua tabela de dados são um mistério? O economista Lu Ting, do Bank of America em Hong Kong, expôs-se à ira da China ao afirmar que o superávit comercial do país era um décimo dos US$ 61 bilhões informados a partir de meados de maio. Esse caráter “ninguém sabe” do sistema de crédito da China – quantidade, qualidade, ou excessos – é ainda mais preocupante”.
 
A hora da verdade da China se aproxima. O governo marxista tenta adiá-la, inoculando ativos equivalentes a um sistema bancário americano a cada cinco anos.

Agora o perigo beira o pânico e os “comunicados padronizados e vagos [do Banco Central chinês] só exacerbam a aflição nos mercados”. A opacidade é método socialista, que agora não mais consegue dissimular um ente monstruoso balançando de modo assustador.

A economia chinesa virou “um monstro como Frankenstein. Uma criatura poderosa e gigantesca nascida de experimentos não ortodoxos, da qual seus criadores perdem cada vez mais o controle”, explica Pesek.

A economia desacelera, há necessidade urgente de reformas cruciais sem provocar pavor repentino nos mercados nem desestabilizar a abalada sociedade chinesa.

Embora uma dolorosa terapia de choque seja indispensável, os criadores do Frankenstein da China não parecem determinados a refreá-lo por razoes ideológicas que não respeitam, e até escarnecem das leis econômicas “capitalistas”.
 
07 de agosto de 2013
in pesadelo chinês

Nenhum comentário:

Postar um comentário