"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O ATO FINAL DE UMA VIDA DE MENTIRAS

O 'Querido Líder' norte-coreano Kim Jong-il sofreu um ataque cardíaco durante uma viagem.

Por Evan Osnos
19/12/2011

Kim Jong-il, o assim chamado Querido Líder norte-coreano, não sobreviveu ao ano que se iniciou com a Primavera Árabe. No final, o que o matou não foi seu próprio povo, mas provavelmente as sequelas de um derrame. Ele tinha 69 anos. Sua saúde debilitada estava sendo um segredo oficial e uma ficção transparente — o ato final de uma vida vivida em mentiras desde sua infância.

Ele herdou o poder em 1994, quando seu pai, Kim Il-sung, que era conhecido como Grande Líder, morreu após governar por mais de quatro décadas. Ele presidiu sobre a fome e a repressão.
Nos seus anos finais, analistas estrangeiros debateram o prognóstico de Kim Jong-il e, por sua vez, os prospectos futuros do seu povo. Para medir os altos e baixos de sua saúde, observadores se baseavam na dispersão de indícios, incluindo o tamanho e o movimento de suas luvas em vídeo clipes oficiais.

Ele morreu resistindo a um convite de Beijing de tentar reformas econômicas que haviam transformado a China, sua aliada autoritária. Sua nação estava cada vez mais isolada na Ásia em um momento em que um dos últimos regimes desafiantes, Burma, estava fazendo gestos de abertura.

A Coreia do Norte raramente esteve tão sozinha quanto estava no final da era Kim. Nos dias à frente, o Querido Líder irá receber um adeus de realeza do governo que o temia e obedecia. Mas a reação do seu povo será o mais importante, e isso pode levar mais tempo para ser discernido. Por enquanto, o trono passou, como o fez para ele, ao seu sucessor escolhido, mas não testado: seu terceiro filho, Kim Jong-un, que está nos seus 20 anos e acordou nesta segunda-feira, 19, com a derradeira responsabilidade de gerir a vida de 25 milhões de pessoas que merecem mais.

Depois do anúncio da morte de Kim Jong-II, cenas de choro e desespero foram registradas na Coreia do Norte:

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