"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 31 de janeiro de 2012

POSSÍVEIS DESDOBRAMENTOS DA CRISE EUA-IRÃ NA AMÉRICA DO SUL

Internacional - América Latina

Tragicomédia total. Enquanto Chávez, as FARC e seus sócios anti-ianques estão planejando seriamente uma agressão armada contra a Colômbia, aproveitando o rio revolto da crise Irã-USA no Estreito de Ormuz, Juan Manuel Santos só pensa na re-eleição.

A cada dia mais tensa crise entre os Estados Unidos e o Irã, surgida da intenção do Estado islâmico de continuar com o desenvolvimento de seu programa nuclear, e de bloquear a passagem aos petroleiros que transportam o petróleo bruto pelo Estreito de Ormuz, se não se levantarem as sanções econômicas contra o governo de Teerã, com a conseqüente resposta de Washington da opção militar como alternativa a eventuais ações diplomáticas ineficazes, poderia repercutir em um ataque armado da Venezuela contra a Colômbia.

Os alcances geopolíticos e geoestratégicos da tensão quase bélica na jugular petroleira, afetam o planeta por completo. A Colômbia não é exceção. Não só pela incidência nos preços do petróleo bruto e seus derivados, que produziria o estouro de uma nova guerra no sempre convulsionado Oriente Médio, senão pelas desesperadas ações militares que poderia acometer Hugo Chávez atrás de manter vivo o projeto marxista-leninista no continente, onde a Colômbia é seu principal objetivo, e ao mesmo tempo ajudar seu sócio iraniano a aliviar a pressão dos Estados Unidos que teria duas guerras simultâneas em dois extremos do planeta. Mil Vietnãs em mil partes, repetiu Chávez várias vezes.

As justificativas chavistas para atacar a Colômbia, concordantes com um plano de longa data orquestrado pelos Estados anti-americanistas denominados párias pela Casa Branca, estariam embasados em atacar os sócios e interesses do “império” dentro dos quais a Colômbia é um pilar, atuar em solidariedade com o Irã na guerra global contra o “império”, gerar “patriotismo pró-chavista” dentro dos venezuelanos para evitar que a oposição ganhe as eleições de outubro e, se for certo como parece ser, que a Chávez só lhe resta um ano de vida, projetá-lo na história como o presidente que defendeu os pobres da América Latina e morreu em seu cargo, quando fazia a defesa de ideais, inclusive uma “necessária guerra contra o império capitalista e criminoso”.

Chávez sabe que para cumprir o sonho da ditadura cubana de estender o comunismo no hemisfério, é imperioso colocar a Colômbia no círculo político do socialismo do século XXI, que já conta com o terrorista desmobilizado Gustavo Petro na Prefeitura de Bogotá, mas que isto não é suficiente, pois requer que as FARC se legitimem como força beligerante, ganhem a guerra e que oxalá alguém a fim às FARC ganhe as eleições presidenciais na Colômbia financiadas por Caracas, como já foi exteriorizado desde Havana.

Com escassa profundidade, os analistas políticos do mundo, incluídos os pensadores estratégicos dos Estados Unidos e Europa, avaliaram a pouco clara visita de Ahmadinejad a Caracas, Quito, Managua e Havana. Todos se limitaram a dizer que foi algo sem capacidade de fazer contrapeso à Casa Branca, porém nenhum se deteve para avaliar, realmente, a que veio o polêmico mandatário iraniano na América Latina?

Sem dúvida que veio coordenar com Chávez, Ortega, Correa e a ditadura cubana, como complicar a vida ao “império norte-americano”, a Israel e a Colômbia, seu principal sócio estratégico no hemisfério, com a finalidade de diminuir a capacidade operacional militar dos Estados Unidos no Oriente Médio, em caso de ser necessário atacar o Irã pela crise de Ormuz, gerar a crise interna no governo de Obama e ajudar Chávez e os demais cúmplices das FARC a obter a legitimação do grupo terrorista, desatar a guerra contra a Colômbia apoiada pelos governos afins ao Foro de São Paulo e finalmente, ter na reserva estratégica Rússia, China e Coréia do Norte mostrando os dentes ao mundo frente aos Estados Unidos, cuidando de apagar fogueiras em diversos pontos do planeta.

Indícios a respeito há muitos. E todos apontam a estender a crise, não a minimizá-la. Na ordem internacional, seria a oportunidade de ouro para que a Síria atacasse Israel para reclamar a devolução das Colinas do Golán mas, além disso, a Turquia teria o caminho livre para atacar os kurdos na Síria e Iraque e tratar de se apropriar do petróleo iraquiano, além de consolidar sua posição no Chipre e mostrar poder bélico à Europa que a vê com receio e lhe dá limitada participação comercial e cultural. A Rússia, por sua parte, atacaria a parte do Cáucaso pró-ianque e a Coréia do Norte poderia atacar seu vizinho do Sul. Inclusive, os inimigos tradicionais de Israel teriam espaço para cometer ações terroristas de envergadura com o Hamas, Hizbolah, Al-Qaeda e outros grupúsculos palestinos.

Nem mais, nem menos é a dimensão do que pensaram e repensaram os dirigentes dos “estados párias”, enquanto os pacifistas e os incrédulos que pululam pelo mundo, navegam no mar da bobagens e das desqualificações contra quem advirta sobre a gravidade do assunto.

A esse complexo quadro geoestratégico mundial, somam-se com força fatos concretos que indicam o tamanho do que os comunistas tecem contra a Colômbia. Graças à miopia de Santos, do ministro da Defesa Pinzón e da chanceler Holguín, Chávez colocou um cavalo de Tróia na reunião da CELAC ao ler a mensagem das FARC, com o silêncio cúmplice de 33 mandatários carentes de dignidade para rechaçar esta afronta e, pelo contrário, permitir que sua presença em Caracas fosse utilizada para dar publicidade aos narco-terroristas e seus cúmplices, com a futilidade da “paz democrática na Colômbia”.

Claro, não a paz entendida como a supressão da violência comunista, senão uma paz na qual as FARC sejam legitimadas, sentem-se de tu a tu com o governo colombiano, tenham status de beligerância, embaixadas e apoio político, logístico e militar para lançar a ofensiva final contra a Colômbia.

De maneira silenciosa, porém efetiva, durante mais de um ano com a cumplicidade de Cristina Kirchner, a porta-voz das FARC moveu fios internacionais para colocar no show midiático da libertação dos seqüestrados uma caterva de personagens inclinados ao terrorismo comunista, com a idéia de crucificar o governo colombiano.

Tantas viagens da mensageira do Secretariado das FARC, financiadas por Chávez, têm uma suspeita coincidência com as cartas de Timochenko que levaram María Jimena Duzán ao êxtase da paixão literária, junto com a mensagem cínica de Iván Márquez enviada desde a Venezuela, pedindo comissões internacionais de verificação da situação dos terroristas encarcerados, outra vez o estratagema da lei de permuta, e evidentemente as libertações a conta-gotas com maquiavélica demora, enquanto o governo não ceda a todas as suas pretensões.

E uma pérola mais: Rafael Correa acaba de comprar 12 poderosos aviões de guerra, para garantir a Timochenko que nunca mais as Forças Militares da Colômbia voltarão a atacar as FARC em seus santuários no Equador, além de tê-los prontos para ajudar seu ídolo Chávez pelo sul no provável ataque contra a Colômbia.

Santos cala. A chanceler cala. Parece que o ministro Pinzón nem se deu conta dessa agressão. Portanto, a nenhum dos três ocorreu a idéia de que é necessário ativar o plano de mobilização nacional para se antecipar aos fatos. Tampouco se vê ação do Conselho Superior da Defesa Nacional. Não há sinais de re-treinamento das tropas de cobertura com o óbvio equipamento. Folclorismo tropical em sua máxima dimensão.

Santos está empenhado em procurar sua re-eleição com atitudes politiqueiras permanentes e gastos a duas mãos do orçamento nacional. Agora enviou a chanceler Holguín de portadora ao Egito para conseguir votos para Angelino Garzón na OIT, a quem não sabe como tirar do lado, pois o utilizou para ganhar votos dos comunistas chiques e já chegou a hora de “afastá-lo do baile”.

Porém, claro, todos esses gastos não-oficiais os pagamos os contribuintes do fisco. Entretanto, a chanceler passeia pelo mundo, de maneira que não tem a menor idéia do seu cargo. Ou será que acaso o embaixador colombiano no Egito não é capaz de “lagartear” um voto para Angelino na OIT? Se não é capaz, que o tirem daí, mas que não malgastem mais o orçamento nacional com quinquilharias.

Tragicomédia total. Enquanto Chávez, as FARC e seus sócios anti-ianques estão planejando seriamente uma agressão armada contra a Colômbia, aproveitando o rio revolto da crise Irã-USA no Estreito de Ormuz, Santos só pensa na re-eleição e em “espelhinho, espelhinho, diz-me quem é mais belo”, Pinzón sonha em herdar-lhe a presidência em 2018, a chanceler viaja pelos cinco continente com pompas de rainha e os demais ministros? Muito bem, obrigado!

Escrito por Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido, 31 Janeiro 2012
Tradução: Graça Salgueiro

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