"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

CARNAVAL UM TIRA-GOSTO AMARGO PARA A COPA DO MUNDO 2014

O carnaval deste ano teve todos os ingredientes e imprevistos que podem afligir turistas e população durante a Copa.

As grandes cidades brasileiras que irão sediar a Copa do Mundo de 2014 vivem a cada ano a prévia da desorganização e desgoverno que pode levá-las ao caos quando soprar o apito e a bola rolar. O carnaval deste ano teve todos os ingredientes e imprevistos que podem afligir turistas e população a despeito do sorriso fácil na boca de governadores, prefeitos e seus respectivos secretários – acenando que tudo correu às mil maravilhas.

É certo que todos eles têm uma carta na manga que é a pura e simples decretação de feriados nos dias de jogos, fato que poderia ocultar parte dos problemas de infraestrutura que – possivelmente — não serão solucionados até lá. Mesmo sem querer jogar contra, fica difícil esperar coisa diferente nestes dias em que o Rei Momo ainda reclama de dores na região lombar e de calos nos pés.

A decretação de feriado levaria boa parte da população das capitais para a praia e interior – esvaziando-as. Tal medida poderia solucionar o caótico trânsito que rouba a paciência e o tempo de moradores de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Porto Alegre – para citar somente algumas. Ocorre que as cidades brasileiras não são feitas somente de automóveis, mas de táxis, ônibus, metrô e trens. Taxistas esmurram passageiros em aeroportos, incidentes com trens tornaram-se constantes, os motoristas de ônibus são despreparados para atender até mesmo a população local e o metrô ainda é insignificante e não serve a todas regiões.

Difícil imaginar turistas fazendo xixi nas ruas como o fazem paulistas, fluminenses, pernambucanos, baianos e gaúchos depois do terceiro copo de cerveja e quando a vergonha vai pro ralo. Mas não será da noite para o dia que eles se livrarão – assim como nós também não conseguimos – de furtos, roubos e assaltos no entorno dos estádios. O carnaval este ano foi pródigo (!) nesses tipos de crime. E os cambistas vão entrar em campo?

Duas palavras e um grande problema

Quem não “embarcar” no feriado da Copa ainda estará sujeito a interdições de ruas, inversões de tráfego e aos comboios para que autoridades e atletas não percam tempo no trânsito – protegidos por aqueles enormes e agressivos motociclistas em suas Harley Davidson de milhares de cilindradas. Dizem as más línguas que a contagem regressiva para a Copa do Mundo de 2014 – além dos dias do calendário Juliano – passa ainda por dezenas de aeroportos sem qualquer estrutura, de uma seleção que vença e convença e estádios que estão no “osso” – como o Maracanã – e outros ainda no chão – como o do Corinthians no bairro de Itaquera. Não acredita? Acompanhe ao vivo as obras deste estádio ainda sem nome – orçado em R$ 850 milhões, que terá capacidade para 65 mil pessoas, que está sendo construído pela Odebrecht e com previsão de fim de obra para 2014 – no endereço http://www.mundodofutebol.net/acompanhe-a-construcao-do-estadio-do-corinthians-ao-vivo/.

Infraestrutura não é um problema somente do novo acordo ortográfico que uniu os dois vocábulos num só – para a estranheza do corretor do Word. Nossas rodovias e aeroportos ainda não entraram no ritmo que a competição exige. Assim como as estradas, os terminais aéreos necessitam de urgente repaginada. E talvez aí esteja o grande gargalo – até maior que os estádios. Comparados com aeroportos de outros países, os nossos mais parecem rodoviárias de quinta categoria. O atendimento, a sinalização, o check in, os banheiros e, principalmente, o desembaraço das bagagens são problemas a se resolver. Este último item – o simples ato de pegar a mala após a viagem – pode demorar mais tempo que a própria viagem de avião. E isso, no país do futebol, é uma bola nas costas.

27 de fevereiro de 2012
Por Claudio Carneiro

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