"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

SÉRIE "BOBAGENS DO TOLEDO - EPISÓDIO 1

Hoje o colunista e blogueiro do Estadão José Roberto de Toledo, que considera a si mesmo um mago do marketing eleitoral, publica a primeira avaliação sobre as eleições paulistanas. E o nosso blog aproveita para publicar o primeiro episódio da série "Bobagens do Toledo", que se estenderá até outubro de 2012.
Vejam as bobagens de hoje:

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"No caso de Serra, porém, mais reconhecimento implica mais rejeição: um terço dos paulistanos disse que não votaria nele, principalmente petistas e os mais críticos à atual gestão municipal. Por isso, interessa a Serra uma campanha curta e intensiva. Uma longa exposição, como aconteceu em 2010, só aumentaria o risco de desgastar sua imagem. É o oposto do que seria a campanha do PSDB se o candidato do partido fosse, por exemplo, Bruno Covas."

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Bobagem! Tempo de exposição não tem a mínima relação com desgaste de imagem. Muito antes pelo contrário. Mais tempo na mídia oferece melhores condições para mostrar as qualidades do candidato. Além disso, depois da renúncia, Serra já enfrentou duas eleições na cidade de São Paulo, uma para governador e outra para presidente da República. Em ambas fez mais de 50% dos votos na capital. O paulistano vê em Serra valores muito maiores do que ter saído da prefeituta para ser governador, o que representa uma vitória para o seu eleitor.

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Quem representa o governo do prefeito Gilberto Kassab. Se a articulação de Lula para cooptar o PSD em São Paulo tivesse dado certo, o ônus de defender a gestão kassabista ficaria dividido entre PT e PSDB. Com Serra na disputa, o atual prefeito sai da esfera tucana para a petista. Serra ganha a ajuda da máquina municipal, um tempinho a mais na TV e o peso de falar bem de uma prefeitura malvista por 4 em cada 10 eleitores. O saldo tende a ser mais negativo do que positivo, porque reforça sua rejeição.

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O analista do Estadão esquece que até as eleições são oito meses de obras e de investimentos. E que acaba o fogo amigo do PSDB e de outros partidos contra Kassab. Em fevereiro de 2008, o atual prefeito tinha a mesma rejeição de Serra. Chegou a outubro com 59% de aprovação e venceu a eleição contra Marta e Alckmin. "Tempinho a mais de TV"? Não, estúpido, ganha DEM, PDT e possivelmente PSB, isso sem contar o eventual tempo concedido ao PSD.

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Quem galvanizará o antipetismo. Serra sai na frente das pesquisas, mas não é certo que chegue ao segundo turno. O fracasso de Geraldo Alckmin em 2008 relembrou que quando o PSDB racha e tem pouco tempo de TV o candidato tucano chega em terceiro ou quarto lugar - também foi assim em 1988, 1992, 1996 e 2000. A primeira missão de Serra é curar as feridas tucanas, depois somar partidos coligados, e, só então, mirar no eleitorado antipetista.

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O blogueiro tenta fazer uma relação entre duas eleições completamente diferentes. Alckmin não tinha a máquina municipal a seu favor, tinha um tempo muito menor de TV e parte do PSDB estava apoiando Kassab. Há riscos de parte do PSDB apoiar Chalita? Como condutor da sucessão paulistana, um eventual insucesso na prefeitura paulistana significaria o fim das suas prtensões para 2014. Gostando ou não, o PSDB já está tendo que engolir Serra e assim será, por uma questão de sobrevivência.

São os spots, estúpido! Por essas três razões, o nome do jogo é coligação. A primeira briga é por tempo de TV - especialmente pelas propagandas de 15 a 60 segundos distribuídas ao longo da programação. Elas são o principal trampolim para alcançar o eleitor a partir de 21 de agosto. É vital para PT, PSDB e PMDB o tempo de outros partidos, que vão cobrar caro pelo apoio. O leilão está aberto.

Pois é, estúpido, o PSDB já arranca com no mínimo mesmo tempo de TV do PMDB e do PT.

27 de fevereiro de 2012
coroneLeaks

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