"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

MOTIM DA PM , BAHIA E O CAOS QUE SE ANUNCIA

Um dos ditados mais famosos diz que não se pode agradar a gregos e a troianos ao mesmo tempo. E, quando o assunto é gestão pública ou privada; nada pode ser mais verdadeiro do que essas palavras.

Isso porque, uma hora ou outra, você vai ter que tomar uma decisão desagradável ou executar um ato que trará prejuízos a sua imagem junto a um ou a outro grupo. Por isso mesmo, a grande chave para determinar a competência de gestores é justamente a capacidade de tomar decisões desagradáveis ou impopulares. Essas decisões, normalmente, são tomadas em momentos críticos ou determinam a orientação da gestão a fim de se evitar que esses momentos críticos ocorram.

E é justamente aí que a gestão pública do Governo da Bahia e do Governo Federal fracassaram miseravelmente. Jaques Wagner mostrou toda a sua incompetência ao submeter o povo de seu estado a um motim (sim, porque lá não há greve; há motim) generalizado da Polícia Militar com ataques a cidadãos nas ruas e com a existência de caravanas de homens armados aplicando técnicas de terrorismo na população local (incêndio de ônibus escolares e urbanos por grupos de homens armados, barricadas com veículos fechando as principais ruas da capital, motoqueiros e outros veículos disparando a esmo em civis inocentes, etc…).

Deixar a coisa atingir o ponto de embate no qual chegou demonstra apenas o descaso com administração pública e a vontade de agradar aos núcleos sindicais (não intervindo no início do movimento) e aos partidários dos revoltosos (fingindo negociar e “respeitar” as lideranças quando, na verdade, tinha total conhecimento de que não poderia ceder aos pedidos).

Ao evitar “bater de frente” e esvaziar o movimento em suas raízes, Jaques Wagner optou pela ótica petista de tentar agradar a todos e esperar que “um acerto” entre ele e a liderança isoladamente resolvesse o caso. Como a radicalização do movimento impediu o “acerto”; a coisa desandou.

Um dos manifestantes, repórter demitido de uma emissora local a pedido de Jaques Wagner por delatar o esquema de “acerto” disse, em entrevista dada diretamente aos grevistas, com todas as letras que o governador financiou o atual líder do movimento durante movimentos passados (na gestão anterior) e assumiu o compromisso de dar o reajuste pedido por eles, contanto que as manifestações desestabilizassem o governo da época e favorecessem a sua candidatura a governador. A mesma história é de conhecimento de vários políticos que a relataram a diferentes órgãos de imprensa. (aqui um deles, basta procurar por outros no Google)


O Governo Federal tem sua parcela de culpa por optar pelo mesmo caminho de agradar a todos. Ao optar por não regulamentar o direito de greve dos funcionários públicos, permite que aproveitadores e lideranças que possuam ambições políticas usem os funcionários públicos como massa de manobra para atingir seus anseios. Mesmo que as reivindicações sejam justas, os serviços públicos essenciais como saúde, segurança pública, bombeiros, previdência social, judiciário e outros simplesmente não podem ser interrompidos sob pena de levar o caos a sociedade.

Nesse ponto, não me refiro explicitamente ao governo petista. Pois, o direito de greve dos funcionários públicos aguarda regulamentação desde 1988, quando a nossa última constituição foi promulgada. Passamos por governos do PMDB, do PSDB e do PT e todos tomaram a mesma nefasta decisão. O que mostra, além da incompetência, um incrível descaso com as graves consequências que essa atitude teria nos anos vindouros.

O atual governo petista peca pela omissão e pelo corte absurdo de gastos na segurança pública e a irresponsável forma com que protela a aprovação de dispositivos como a PEC 300 que resolveria grande parte desses problemas em relação a salários dos policiais.

Enfim, um festival de erros e de fraquezas de todas as partes que causam uma percepção nos grevistas – da Bahia e de todo o Brasil – de que as instituições podem ser postas “em xeque” facilmente e a população transformada em refém de amotinados ao bel prazer de uma ou outra liderança.

Essa fraqueza já foi notada aqui no Rio de Janeiro e um movimento igualmente perigoso já se instalou nas fileiras dos bombeiros e da PM carioca. Ameaças de greves e de ações como as que acontecem hoje já Bahia, estão sendo propostas pelas redes sociais e incentivadas por grupos políticos que torcem pelo “quanto pior melhor”; exatamente como fez Jaques Wagner e o PT em 2001.

Independente do partido que esteja no poder, essas ações amotinadas não pode lograr êxito ou atingir seus intentos, mesmo as reivindicações sendo justas. Pois, se isso ocorrer, será impossível impedir que o mesmo tipo de movimento de alastre pela nação; levando o terror e o caos para populações de vários estados.

Pense nisso.

07 de fevereiro de 2012
visão panorâmica

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