"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O NOVO MINISTRO DAS CIDADES MENTIU

Confirmado: novo ministro das Cidades mentiu. Ele é mesmo sócio de uma empresa que atua em programa do ministério

Era só o que faltava. O novo ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, é realmente sócio do dono de uma imobiliária que negocia imóveis do programa “Minha Casa, Minha Vida” em João Pessoa, informa reportagem de Breno Costa, publicada na Folha.

O ministério das Cidades é justamente a pasta responsável pela execução do programa, principal bandeira do governo na área da habitação popular. A Araújo Imobiliária, que pertence a Diógenes Araújo Lins, com Aguinaldo Ribeiro, tem atuação na capital paraibana desde os anos 80. E será que o tal Diógenes é apenas um “laranja”? Afinal, a empresa fica num terreno aos fundos do escritório político de Aguinaldo Ribeiro, vejam só que coincidência.

Reportagem da Folha, publicada no último domingo já havia mostrado que Ribeiro ocultou da Justiça Eleitoral nas últimas eleições o fato de ser dono de quatro empresas. E agora se comprova que duas delas têm atuação na área da construção civil e incorporação de imóveis, atividades ligadas ao ministério.

Traduzindo: isso significa que o ministro mentiu ao tomar posse, quando afirmou que a omissão do fato de ser sócio de várias empresas, em sua declaração de bens apresentada à Justiça Eleitoral, não passava de “factoídes”, alegando que havia declarado tudo à Receita Federal.

As notícias, infelizmente, não eram “factóides” e confirmam a má fé do ministro. Aliás, ele jamais explicou o motivo de ter omitido as informações em sua declaração à Justiça Eleitoral quando se candidatou a deputado federal nas eleições de 2010.

Deveria ser cassado devido a esse ato de flagrante desrespeito à legislação eleitoral, porque o motivo é óbvio – as informações à Justiça Eleitoral são públicas, qualquer pessoa pode acessar, enquanto as informações à Receita Federal são sigilosas, só acessáveis mediante autorização judicial.

Ribeiro, que ocupava o posto de líder do PP na Câmara dos Deputados, assumiu o Ministério das Cidades no lugar de Mário Negromonte, que saiu após suspeitas de irregularidades na pasta. Detalhe curiosíssimo. Quando ainda estava no ministério, há alguns meses, Negromonte deu declarações à imprensa, afirmando que a maioria da bancada do PP na Câmara dos Deputados era formada de “fichas-sujas”, vejam que ele acertou na mosca.

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PATRIMÔNIO EM EXPANSÃO

Reportagem de Gabriel Mascarenhas e Guilherme Amado, no Correio Braziliense, já havia mostrado que o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), escolhido pela presidente Dilma Rousseff para comandar o Ministério das Cidades, aumentou seu patrimônio em mais de duas vezes e meia entre 2006, quando era deputado estadual na Paraíba, e 2010, ano em que foi eleito para o primeiro mandato na Câmara dos Deputados.

No período, segundo as declarações de bens que ele entregou ao Tribunal Superior Eleitoral, o futuro ministro teve uma variação patrimonial de 164,6%: o total de seus bens saltou de R$ 1,35 milhão para R$ 3,57 milhões.

Para efeito de comparação, a reportagem mostra que a média de valorização do patrimônio dos deputados federais entre 2006 e 2010 foi de apenas 5,2%. Neste mesmo período, Aguinaldo recebia somente R$ 12,4 mil por mês como deputado estadual da Assembleia Legislativa de seu estado.

Ainda assim, ao longo de apenas quatro anos, o parlamentar comprou dois imóveis, entre eles uma casa de R$ 410 mil, além de dois terrenos e três carros de luxo, sendo um modelo Frontier, ano 2007, por R$ 127 mil. No mesmo período, o então deputado estadual investiu em cabeças de gado, ações, aplicações em renda fixa e até poupança, em que manteve singelos R$ 133,49. Ou seja, é um fenômeno como político e como empresário.

Carlos Newton
09 de fevereiro de 2012

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