"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 21 de março de 2012

HISTÓRIAS DO SEBASTIÃO NERY

A cidade dos bancos

FRANKFURT – Se a grande imprensa brasileira, amarrada na cauda do sistema financeiro, fosse dar o nome a esta cidade certamente a chamaria de Bancolândia. Se fosse a Academia Brasileira de Letras ou o Instituto Historico e Geográfico, o nome seria Carlopolis, a cidade de Carlos Magno. Mas como ela nasceu sob o signo das guerras medievais, nas bordas do rio Meno, seu nome é Frankfurt, o Forte dos Francos.

Nos tempos do Neolítico, lá pelos anos 3000 antes de Cristo, já havia gente dos Celtas morando sobre a colina da Duomo. No século I depois de Cristo, os romanos ali instalaram uma base militar em torno do ano 550. Mas a cidade começou a nascer mesmo quando Carlos Magno, o rei dos Francos, em documento oficial do ano 794, a chamou de Frank-fund (Forte dos Francos).

Já no século XII os príncipes eleitores germânicos elegeram aqui um novo soberano e no ano 1352 o imperador Carlos IV formalizou Frankfurt como local de eleição dos reis alemães. No ano 1372 a cidade foi declarada “cidade livre” do imperio. E nunca mais Frankfurt deixou de ser uma cidade poderosa.

###

FRANKFURT

Desde o século XIV aqui foram organizadas regularmente feiras comerciais do outono e da primavera “e comerciantes procedentes de toda a Europa vinham com suas mercadorias para a beira do Meno”. Em 1848, na igreja de São Paulo, Assembleia Nacional elegeu democraticamente os primeiros deputados da Alemanha “para escreverem uma constituição de marca unitaria”. Os direitos fundamentais do povo alemão então estipulados continuam sendo o núcleo da “lei fundamental” da Alemanha .

E Frankfurt começou a viver seu esplendor arquitetônico com edifícios emblemáticos como a Bolsa, a velha Opera, a Estação Central, até ser praticamente arrasada durante a 2ª. Guerra , mas depois reconstruída.

###

HISTORIA


700 mil habitantes, mais de um milhão de trabalhadores de cidades vizinhas vindo para Frankfurt todos os dias, 60 museus, 50 galerias de arte, 30 teatros, principal Feira do Livro do mundo, 3 milhões de visitantes todo ano, 168 nacionalidades, os números aqui sempre foram grandiosos.

Primeira universidade privada do mundo, onde Rosa de Luxemburgo fez seu histórico discurso contra a guerra e ali mesmo foi presa. Primeira escola não religiosa depois da reforma protestante. Terra de Goethe e Teodoro Adorno. Sede do primeiro banco alemão ( Haus zum Rômer) e dos bancos Rothschild e Von Metzer. Em 1605 reuniu-se a primeira Bolsa de Valores de Frankfurt, sede da primeira Sociedade de Pesquisa (Senckenberg) para pesquisa sobre a natureza, em 1900 primeira exposição mundial de automóvel. Em 1949 sede da primeira Feira do Livro de Frankfurt, que se realiza a cada outubro e é a mais importante do mundo.

###

FEIRA DO LIVRO


Em 2013 o grande homenageado da Feira do Livro será o Brasil, com o pavilhão exclusivo do tamanho de 20 Anhembis. Muitas ações estão sendo articuladas sob o comando do Consul Geral do Brasil em Frankfurt, o eficiente embaixador Cezar Amaral, junto com o Itamaraty (uma idéia do ex-ministro Celso Amorim), o Ministerio da Cultura, a Biblioteca Nacional, o governo alemão e a prefeitura de Frankfurt.

Algumas das ações já em andamento para a Feira de 2012:

1 – Tradução e edição em alemão de toda a obra de Jorge Amado (editora Fischer), e de Clarice Lispector (editora Schöffling & Co.).

2 – Tradução e edição também de livros dos escritores João Gilberto Noll, Marçal Aquino (editora Büchergilde), João Paulo Cuenca (editora A 1), Beatriz Bracher e o romance “Saraminda”, do senador José Sarney ( Königshausen und Neumann) . Tambem “O Vendedor de Passados” do romancista angolano José Eduardo Agualuza (editora A 1 Verlag).

3 – Criação do coral brasileiro “Resgate das Raizes do Brasil” para valorização da identidade nacional brasileira.

###

CONSULADO

Durante a Feira, no consulado de Frankfurt, exposições da artista Adria Moura e “Saudade Brasil” de Fritz Steisslinger.

E vários consulados itinerantes (maior contato dos brasileiros da área com o consulado) em Colonia e varias cidades na região de Frankfurt.

Sebastião Nery
21 de março de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário