"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 11 de abril de 2012

FORA DOS TRILHOS

No último domingo, em Belo Horizonte, clássico com uma única torcida, um absurdo que mutila o futebol, empate entre Atlético e Cruzeiro. Foi mais um jogo tumultuado, como o entre Vasco e Flamengo. Com a violência, do jeito que cresce, no futuro, não haverá torcida. Será um jogo virtual, outro esporte, só visto pela TV e pela internet. Os comentaristas serão somente os de arbitragem.
No primeiro tempo, o Cruzeiro mostrou a habitual deficiência da seleção e dos times brasileiros. Dois volantes marcam, e os outros quatro mais adiantados (o meia Montillo e os três da frente) atacam. Não há meio-campo. A bola passa da defesa para o ataque por meio de chutões. Os otimistas chamam de passes longos.

No segundo tempo, o veterano Roger, que deveria ter sido expulso, ajudou a mudar a partida. Saiu um atacante. Muitos estranharam, porque o Cruzeiro perdia por 2 a 0. Roger, em vez de ser um segundo meia, iniciava as jogadas mais de trás. Dava bons passes. Simples. Como é difícil fazer o essencial.

Por isso, outros veteranos, como Juninho Pernambucano, Felipe e Marcos Assunção ainda se destacam. Sabem jogar futebol. Quando jovens, eram, obviamente, muito melhores que hoje. Mesmo assim, não foram titulares da seleção. Havia outros superiores, apesar de não terem jogado nas épocas dos grandes armadores, como Gerson, Rivellino, Dirceu Lopes, Ademir da Guia, Falcão e Cerezo.

Parafraseando o grande cronista Rubem Braga, procura-se, desesperadamente, com grandes chances de não achar até a Copa, um grande armador, que não seja um típico volante nem um típico meia.
Como não há nenhum excepcional, no nível de uma seleção brasileira, surgem vários nomes. Os bolas da vez são Arouca, Paulinho e Ralf. Todos bons jogadores em seus clubes. Antes, pediam Elias, Hernanes e outros.

Tenho mais esperança na dupla de volantes campeã do mundo sub-20, formada por Casemiro, do São Paulo, e Fernando, do Grêmio. Deveriam ser titulares da seleção olímpica. Os dois e Rômulo, do Vasco, com menos de 23 anos, já estão no nível dos que têm sido convocados por Mano Menezes. Fico surpreso em ver Casemiro na reserva de Fabrício.

O problema não é só a falta de um grande armador ou de pedir para um dos volantes avançar mais para o jogo. Em vez de separar os dois volantes dos quatro mais adiantados, é preciso aproximá-los, uni-los em um único trilho, em bloco que vai e volta, que contrai e distende, sístole e diástole. O meio-campo é o coração de todos os times.
(Transcrito do jornal O Tempo)
11 de abril de 2012

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