"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 17 de maio de 2012

SAUDOSISTAS, DITADURAS E COISAS QUE NÃO SABEMOS

No Brasil de hoje vemos inúmeros saudosistas vagando pelas ruas. Por um lado, os saudosistas de direita se lamentando que a Ditadura Militar acabou e a corja comunista tomou o poder.
De outro lado, vemos os saudosistas de esquerda se lamentando que a luta armada não conseguiu implantar uma ditadura maoísta ou stalinista nas terras tupiniquins e agora tenta, por todos os meios, implantar o aparelhamento do Estado, o controle da imprensa e o domínio total de toda forma de pensamento que a sociedade produz.

No meio dessa onda saudosista estão pessoas como eu que enxergam as ditaduras pelo que elas são: Fontes de dor, tristeza, abandono e morte. Sejam de esquerda ou de direita, qualquer ditadura ou governo totalitário se pauta pela imposição de suas vontades ao cidadão.
Para entidades assim, nada pode ser mais perigoso do que o pensamento individual e o poder da discordância.
É exatamente por isso que esses governos combatem tão veementemente o pensamento intelectual e a opinião. Afinal de contas, você pode matar um indivíduo, mas uma ideia ou uma opinião são perigosas se tomam corpo e encontram eco na população que se deseja controlar.

Desta forma, impedir a liberdade de expressão, a livre manifestação de ideias e opiniões ou mesmo perseguir quem discorde dos “Grandes Líderes” é uma tática comum a qualquer governo autoritário.
Muitos desses governos se escondem do mundo exterior com empenho fora do comum e mostram para seus simpatizantes e para a curiosidade internacional apenas áreas cuidadosamente mantidas para esse fim, proibindo o acesso aos “recantos” onde mantém aqueles que podem ser chamados de “descontentes”.

Assim, sob uma montanha de ignorância e desconhecimento somos obrigados a tecer opiniões que, muitas vezes, se baseiam apenas em fantasias; ideologias vendidas como verdades absolutas e no vislumbre das realidades que esses governos desejaram nos mostrar naquelas áreas mantidas sob um manto artificial de felicidade, ordem e satisfação plena com o regime.

E é exatamente por isso que livros escritos por dissidentes que conseguem escapar das garras da censura imposta por esses governos servem para preencher o enorme vazio do que não sabemos e nos trazem uma luz dos horrores, violências, desalento e de toda a perseguição sofrida pelos que não pensam como o “Grande Líder”. Livros como “De Cuba Com Amor” e tantos outros contrabandeados das entranhas do moribundo regime comunista cubano desmistificaram a ideia de paraíso socialista e revelaram a verdadeira face de um regime opressor que mantém seu povo na mais profunda pobreza e garante aos seus líderes uma vida nababesca de imensas vantagens econômicas e regalias a toda prova.

Na mesma linha, surge agora no Brasil o sensacional livro “Fuga do Campo 14” que relata a vida miserável e toda sorte de violências a que são submetidos os cidadãos da Coreia do Norte que ousam pensar diferente da Família que domina o país.

Um relato dramático, cru e recheado de coisas inacreditáveis que só foram comprovadas depois de inúmeras entrevistas com outros fugitivos desses campos, com guardas que desertaram para a Coreia do Sul ou com raríssimos sobreviventes que conseguiram fugir do horror ali vivido.

Mesmo assim, nenhum desses campos é tão terrível quanto o “Campo 14”. Para esse lugar são levados aqueles considerados “incorrigíveis” pelo regime comunista coreano. Lá não há esperança de reassimilação e todos que ali estão foram condenados à morte em vida. Surras, estupros, fome, trabalho estafante e contínuo e o fuzilamento ao menor deslize. É o Estado quem decide com quem você deve se casar, se deve ter filhos ou mesmo se escovará os seus dentes.

Torturas psicológicas e físicas inimagináveis até em campos de concentração nazista são praticadas com alegria e empenho por guardas treinados para destruir o indivíduo no que ele tem de mais precioso: a sua vontade.
Para você, leitor do Visão Panorâmica, um exemplar deste livro arrepiante e esclarecedor está ao alcance de um clique.

Abaixo, um pequeno trecho do livro:
“Shin Dong-hyuk nasceu e cresceu em um campo de trabalhos forçados na Coreia do Norte. Até hoje, é o único prisioneiro com esse perfil a escapar.
Ele viveu 23 anos de sua vida no Campo 14, um dos inúmeros complexos para presos políticos, localizado cerca de 80 Km ao norte da capital Pyongyang. É um distrito de controle total, para casos considerados irremediáveis, de onde ninguém sai com vida. Ao contrário de outros norte-coreanos, seus residentes não merecem sequer receber doutrinação ideológica. Sua sina é escravizar-se 12 a 15 horas por dia em minas de carvão, fazendas e fábricas até encontrar a morte em execuções sumárias, doenças ligadas à desnutrição (pois recebem apenas mingau de milho, repolho e arroz para comerem) ou acidentes de trabalho.
Quem nasce no Campo 14 está sujeito a uma condenação perpétua para sanar os supostos delitos dos antepassados. As crianças aprendem a sentir vergonha de seu sangue traiçoeiro e a “lavar” sua herança pecaminosa delatando os próprios pais. De lá, ninguém foge.
Shin é a exceção. Ele sobreviveu às cercas eletrificadas da prisão e, mesmo sem conhecer qualquer pessoa no mundo exterior, deixou para trás a Coreia do Norte. Mas, além das cicatrizes das torturas que sofreu, também carrega consigo as marcas de uma infância sem amor e um terrível segredo do passado”.
Portanto, tenho certeza de que vocês adorarão o livro e mesmo os mais fanáticos pensarão duas vezes se vale à pena viver sob a égide de um Estado Todo-Poderoso.
Boas Leituras e Boa Sorte a Todos.

17 de maio de 2012
visão panorâmica

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