"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 9 de maio de 2012

TED: O FAST-FOOD DO SABER

 Tudo o que você precisa saber sobre qualquer coisa – deste e de outros mundos – cabe nos 18 minutos de cada uma das 1.200 palestras divulgadas na internet pelo movimento que já mobilizou mais de 700 milhões de pessoas

MARCELO MOURA

TED (Foto: revista ÉPOCA/Reprodução)

Winston Churchill precisou de cinco minutos e 11 segundos para conclamar os ingleses a resistir ao avanço das tropas nazistas, em 10 de maio de 1940, em seu primeiro discurso como primeiro-ministro do Reino Unido – aquele em que disse as célebres palavras: “Não tenho nada a oferecer senão sangue, trabalho árduo, suor e lágrimas”.
Ao assumir a Presidência dos Estados Unidos, em 1933, Franklin Delano Roosevelt encontrou seu povo deprimido por uma crise econômica. Começou o melhor governo da história daquele país num discurso de 46 segundos, com a frase: “Não há nada a temer além do próprio medo”.
O líder negro Martin Luther King precisou de mais tempo, 17 minutos, para inflamar a luta mundial contra o racismo, no famoso discurso “I have a dream”, de 1963. No dia anterior, ele ainda preparava sua fala.
Churchill, Roosevelt e King provaram que, com uma boa causa e as palavras certas, é possível mudar o mundo em menos de 18 minutos. É exatamente essa a proposta de um dos maiores fenômenos da comunicação contemporânea. Dezoito minutos é a duração máxima de cada apresentação do TED, um seminário nascido nos Estados Unidos, em 1984, e que, desde 2006, publica suas palestras na internet para qualquer um ver e compartilhar.

capa da edição 729 (Foto: revista ÉPOCA/Reprodução)

Nestes seis anos, o TED – realizado anualmente em San Francisco – e uma miríade de filhotes, entre os quais o principal é o TED Global, se transformaram em mais que um fenômeno da rede. As 1.202 palestras disponíveis no site www.ted.com contemplam histórias individuais inspiradoras de todo o mundo e ideias originais e inovadoras de estrelas do pensamento contemporâneo. Elas já foram vistas, numa conta conservadora, 700 milhões de vezes.

Os vídeos estão livres para ser publicados por outros sites. “Tão animador quanto falar é aprender com as pessoas que vão lá contar suas histórias”, escreveu em seu blog Bill Gates, fundador da Microsoft, que já discursou em três edições do TED. “São pessoas incríveis que tentam resolver problemas e mudar positivamente o mundo.” Mudar o mundo é uma causa bastante popular entre empresas e pessoas bem-sucedidas. Com meses de antecedência, esgotam-se os ingressos para eventos do TED, que atraem o patrocínio de marcas como Rolex, Tiffany & Co., Gucci, Audi, Coca-Cola, Shell ou IBM.

A reportagem de capa da edição de ÉPOCA que está nas bancas ou no seu tablet (baixe o aplicativo) conta como o empresário paquistanês Chris Anderson, homônimo do editor chefe da revista americana Wired, conseguiu fazer um evento pequeno, prestigiado, mas deficitário, transformar-se em um dos maiores casos de sucesso da comunicação mundial.
09 de maio de 2012
Revista Época

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