"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 13 de julho de 2012

CHINA REPRESSÃO "POR PONTOS" SILENCIA USUÁRIOS DA INTERNET


          Notícias Faltantes - Comunismo        
A China está implantando mais um método de controle e censura na Internet, noticiou o diário de Milão Il Corriere dela Sera. Trata-se da “disciplina por pontos”.

O sistema já foi lançado de maneira experimental e concede ao usuário de qualquer microblog como Twitter pontos que lhe serão tirados se não obedece as consignas da ditadura socialista.
O crédito básico será de 80 pontos caso o usuário se “logue” como anônimo ou com codinome; 90 pontos se se cadastra fornecendo os dados de sua carteira de identidade; e 100 pontos se acrescenta seu número de celular.

O usuário vai perdendo pontos se incorre em condutas “ilegais” como veicular informações que o regime não quer. Quando o usuário cai ao nível de 60 pontos recebe uma advertência, e se chega a zero perde a conta no microblog e a possibilidade de se conectar.

A lista das condutas puníveis é mais ou menos infinda, livremente interpretável pelos órgãos repressores e continuamente modificada.
Há controles praticados por agentes de carne e osso que espionam os microblogs, e outros executados via software.

Entre os itens que perdem ao usuário figura: a “publicação de informações falsas” (como as que deixam mal às empresas do Estado responsáveis por intoxicações coletivas); a “difusão de boatos ou banalidades” que as autoridades acham que são tais; “comentários difamatórios e vilipêndio da nação” (leia-se criticar ou mal funcionamento dos órgãos públicos); propaganda religiosa de religiões “não-oficiais”; tentativa de acreditar em “superstições” (fórmula genérica voltada contra grupos religiosos sincréticos ou evangélicos); etc.

O crime supremo e maximamente proibido consiste em criticar os ditadores socialistas ou a Constituição marxista. Também “revelar secretos de Estado”, delito normalmente atribuído aos membros do Partido que estão sendo “depurados”.

Os chineses aplicam sua fértil imaginação criando metáforas e palavras em código para conversar sobre assuntos interditados.

Por ocasião da onda de comentários sobre o “expurgo” de Bo Xilai, Secretário do Partido Comunista de Chongqing “depurado” num escuro episódio de luta pelo poder, e durante o caso da fuga e posterior exílio nos EUA do ativista cego pela vida Chen Guangcheng, o sistema repressivo proibiu a utilização de qualquer forma verbal indireta ou insinuante.

Ainda assim, a prodigiosa fantasia dos internautas chineses fez coisas inacreditáveis. Mas o cerco vai se fechando, e a prisão, a tortura e a morte começam a rondar os desprevenidos usuários da Internet.

13 de julho de 2012
Luis Dufaur, escritor

Nenhum comentário:

Postar um comentário