"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 3 de julho de 2012

IPEA: CRESCIMENTO DA ECONOMIA BRASILEIRA É MEDÍOCRE


O crescimento da economia brasileira em 2012 tem sido medíocre nas palavras do coordenador do Grupo de Análise e Previsões (GAP) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Messenberg.

Não adianta tapar o sol com a peneira, completou, durante a divulgação do boletim Conjuntura em Foco, da instituição.

O documento compara indicadores macroeconômicos de 2012, com resultados desfavoráveis, aos de 2011 e os de 2010. Ao divulgar o boletim, o técnico fez duras críticas à atual política econômica que, segundo ele, estaria centrada em lançar pacotes de medidas inseridas no curto prazismo, sem compromisso com o longo prazo. É o caso do programa Brasil Maior, na avaliação do técnico.

Estamos perdendo o foco da política econômica, que está se tornando um emaranhado de políticas desconexas e pontuais, que não estão atuando em uma estratégia de longo prazo de crescimento afirmou.

Para ele, o governo deveria estar centrando esforços em buscar outro modelo que possa levar o país a uma trajetória de crescimento econômico sustentável.

Há claramente um esgotamento do modelo de crescimento baseado em consumo afirmou, lembrando que as estratégias norteadas pela demanda doméstica sustentaram as taxas do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nos últimos anos.

O novo modelo deveria ser sustentado por ações que apoiem o fortalecimento da fatia dos investimentos no PIB, na análise do especialista. No primeiro trimestre, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) foi de 18,7% do PIB, abaixo da meta desejada pelo governo, de superar a faixa dos 20% no ano.

Ele observou que, historicamente, em momentos onde a conjuntura macroeconômica indica sinais negativos em várias frentes, o investimento público torna-se uma espécie de tábua de salvação da economia. Mas, em sua análise, além de não elevar investimentos no momento atual, o governo não está buscando esse novo modelo. Tampouco está idealizando estratégias para impulsionar investimentos da iniciativa privada.

Começamos a entrar em uma política, que eu realmente não entendo, que é de privilegiar superávits primários feitos em cima de cortes de investimentos afirmou.

Dados preliminares apurados pelo instituto até o primeiro semestre deste ano sinalizam que o investimento público está desacelerando fortemente nas esferas federal e estadual, nas palavras de Messenberg. Somente os investimentos federais nos cinco primeiros meses do ano somaram R$ 8,5 bilhões, inferior aos R$ 8,8 bilhões em igual período de 2011, de acordo com o boletim.

Indústria perde produtividade

Outro fator que contribui para a fraca expansão econômica atual, citado pelo Ipea em seu boletim, é a perda de produtividade da indústria da transformação. O instituto alertou sobre um perigoso descolamento entre os níveis de produtividade e a evolução dos salários reais, dentro da indústria. Isso, na prática, eleva o custo unitário do trabalho e onera mais ainda o setor industrial.

Caso este descolamento prossiga, pode funcionar como mais um obstáculo à possibilidade de retomada da atividade industrial nos próximos meses e, por consequência, ajudar a desacelerar ainda mais o ritmo de crescimento do PIB brasileiro, na análise do instituto. A indústria da transformação também não tem muito estímulo para investir completou a técnica do Ipea, Renata Silva.

Por sua vez, o técnico de planejamento e pesquisa do instituto, Leonardo Mello, afirmou que, para a atividade industrial não encerrar 2012 com taxa de variação negativa, seria preciso um crescimento mensal da ordem de 1,6% de junho a dezembro desse ano.

O instituto não divulga projeções para atividade industrial. Hoje, o IBGE anunciou queda de 0,9% na produção industrial de maio contra abril.

O Globo
03 de julho de 2012

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