"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 18 de agosto de 2012

AINDA BEM QUE O BRASIL RESOLVEU COPIAR A CHINA - DIZ FINANCIAL TIMES

 
Segundo o jornal britânico, mesmo que em menor dimensão que o investimento chinês, o pacote de infraestrutura de Dilma é uma necessidade óbvia


Economia, comércio Brasil e China
Modelo chinês de crescimento prioriza o investimento . (Yasuyoshi Chiba/AFP)
O anúncio da primeira parte do pacote de investimentos em infraestrutura feito pela presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira ganhou elogios do jornal britânico Financial Times, que não se furtou, contudo, a comparar o país com outra grande estrela do mercado emergente, a economia chinesa.
Para o FT, a iniciativa do Palácio do Planalto é apenas uma fração do tamanho do investimento realizado por Pequim, mas, como as necessidades de infraestrutura no Brasil são mais óbvias, essa guinada na política governamental é positiva. “O Brasil está fazendo uma cópia suave da China”, diz no artigo "Um estímulo para o Brasil", publicado nesta quinta-feira.
Segundo o jornal, o esforço de Dilma está longe de emular o exemplo chinês, que chega a construir verdadeiras cidades fantasmas quando o governo julga necessário. O programa de estímulo econômico de Pequim para a crise de 2008, por exemplo, atingiu 630 bilhões de dólares – cinco vezes maior que o mais recente anúncio do Planalto.

Tampouco, diz a reportagem, haverá explosão de endividamento público no Brasil para suportar este pacote. Por fim, o FT comemora a iniciativa por representar uma "mudança necessária no mix de política econômica do país", que tinha priorizado o consumo ao investimento.


A reportagem lembra que, nos últimos dez anos, a economia brasileira “surfou” na expressiva valorização das commodities agrícolas e minerais. “Agora, os tempos fáceis acabaram”, diz o artigo. Com a queda da produtividade doméstica e a concorrência externa, as empresas cortaram investimentos. O que tem amortecido a desaceleração da economia interna é o consumo. Mas só isso não é suficiente, argumenta o jornal.

Por isso, o FT acredita que o Brasil parece ter percebido, felizmente, que era necessário mudar o rumo, voltando-se ao impulso do investimento para resolver os gargalos de transporte. Foi uma resposta clara à necessidade de sanar os entraves aos desenvolvimento do país, aponta a reportagem.

Dúvidas – A grande questão, porém, é se a presidente Dilma Rousseff conseguirá implementar o plano. A maior preocupação é com a execução, diz o FT. “A burocracia estatal bizantina pode deixar os projetos morrerem na praia”. A reportagem cita os problemas com corrupção, mas ressalva que a presidente tem sido firme no combate a essa prática.

Em tom de ironia, o artigo lembra que foi em março que o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que o Brasil precisava de "um pontapé no traseiro" para estar pronto para a Copa do Mundo de 2014. "Pelo menos as novas estradas devem estar prontas para as Olimpíadas em 2016”, brinca o FT.

18 de agosto de 2012
Veja Online

Nenhum comentário:

Postar um comentário