Japoneses dominam pesca do atum no litoral do RS. Cardumes são dizimados. Espécie está em extinção
APRESENTADORA PATRÍCIA CAMPOS MELLO – O excesso de pesca ameaça a existência do atum no planeta. A escassez é tanta que no Japão um peixe chegou a ser vendido por 1, 5 milhão de reais este ano.
A pesca do atum no litoral brasileiro é predatória e dominada totalmente por frotas japonesas, dominadas por um único grupo de Tóquio.
. O litoral do RS é a maior área de pesca. Os cardumes estão sendo dizimados. As frotas brasileiras não conseguem quase nada.
. A reportagem da TV Folha, completa, instigante, escandalosa, que vai no link a seguir, demonstrando de que forma o litoral gaúcho é usado por grupos estrangeiros que acabam com os cardumes do Brasil. Os pescadores brasileiros querem que o governo do RS intervenha junto ao governo federal para expulsar os japoneses das águas territoriais brasileiras. CLIQUE AQUI para saber tudo sobre a denúncia. O som é complicado, mas as imagens e legendas são de primeira ordem - e a reportagem é excelente.
. O litoral do RS é a maior área de pesca. Os cardumes estão sendo dizimados. As frotas brasileiras não conseguem quase nada.
. A reportagem da TV Folha, completa, instigante, escandalosa, que vai no link a seguir, demonstrando de que forma o litoral gaúcho é usado por grupos estrangeiros que acabam com os cardumes do Brasil. Os pescadores brasileiros querem que o governo do RS intervenha junto ao governo federal para expulsar os japoneses das águas territoriais brasileiras. CLIQUE AQUI para saber tudo sobre a denúncia. O som é complicado, mas as imagens e legendas são de primeira ordem - e a reportagem é excelente.
APRESENTADORA PATRÍCIA CAMPOS MELLO – O excesso de pesca ameaça a existência do atum no planeta. A escassez é tanta que no Japão um peixe chegou a ser vendido por 1, 5 milhão de reais este ano.
O
Brasil é um dos últimos santuários do atum no mundo, mas quem pesca boa parte do
atum brasileiro são justamente navios japoneses e o maior beneficiado é o
empresário brasileiro Gabriel Calsavara de Araújo.
Quando Gabriel era diretor do então
Departamento de Pesca do então governo FHC, ele criou um marco regulatório que
permite a barcos estrangeiros pescarem atum na costa brasileira. Depois que saiu
do governo, Gabriel abriu uma empresa, a Atlântico Tuna, que se tornou a maior
concessionária de licenças para barcos estrangeiros.
O ATUM É NOSSO
PESCADOR – O peixe está acabando. Está
vendo aí? Mais de 6 milhas para tirar um único peixe! Lá no Japão já acabaram
com o atum. Agora estão vindo pra cá para acabar com o nosso atum.
JORGE PABLO CASTELO (Prof. Aposentado da
UFRGS) – Me animaria dizer, como digo aos meus alunos, que é uma forma de
pirataria moderna.
TORQUATO RIBEIRO NETO (empresário do
setor pesqueiro) – Se permanecer sistematicamente operando esta frota
estrangeira, realmente vai inviabilizar a frota nacional.
REPÓRTER LAURA CAPRIGLIONE – A
reportagem da Folha passou 4 dias dentro de um barco pesqueiro brasileiro em
alto mar, acompanhando essa atividade de caça ao atum.
COMANDANTE DO BARCO – Eu to querendo
trabalhar aqui nessa posição. O espaço aqui é pequeno, você está vendo ai a
dificuldade que está para todo mundo trabalhar, né?
REPÓRTER LAURA CAPRIGLIONE – O problema
da concorrência dos navios japoneses é que ela afeta não só os pescadores
diretamente envolvidos com a pesca do atum, mas afeta todo um setor industrial
que depende disso.
TORQUATO RIBEIRO NETO - Porque essa
frota de barcos nacionais ela, quando está operando aqui no Rio Grande, utiliza
o parque industrial de Rio Grande.
REPÓRTER LAURA CAPRIGLIONE – O
economista Gabriel Calsavara de Araújo foi Secretário nacional da pesca durante
o governo FHC. Ele elaborou um decreto que permite o arrendamento de embarcações
estrangeiras por empresas nacionais. Já existia arrendamento, mas ele era tão
difícil que as empresas, que eventualmente se interessassem em explorar as
riquezas da pesca no Brasil, acabavam ficando desestimuladas. Com o decreto que
ele ajudou a elaborar isso ficou muito fácil. Gabriel Calsavara de Araújo foi o
maior beneficiário dessa lei que ele mesmo ajudou a aprovar. E hoje em dia ele é
o único arrendatário de barcos japoneses que promovem a caça ao atum no litoral
brasileiro.
GABRIEL DE ARAÚJO – O que nos interessa
é utilizar esse sistema de arrendamento de embarcações para que a gente tenha
informações, para que a gente possa avançar na pesca oceânica.
TORQUATO RIBEIRO NETO – Acredito que a
questão do arrendamento do atum está totalmente ultrapassada. Quem diz que
existe perspectiva de incorporação de tecnologias através deste arrendamento,
acho que está totalmente equivocado.
GABRIEL DE ARAÚJO – Se a gente já tem
essa informação de que aí tem peixe, se a gente entende que já concluiu o ciclo
e que nós não precisamos mais dessa frota, que ela não tem mais o que dar pra
gente de informação, manda embora!
REPÓRTER LAURA CAPRIGLIONE ao GABRIEL DE
ARAÚJO – Porque é que só a Atlântico Tuna é arrendatária de barcos hoje em
dia?
GABRIEL DE ARAÚJO – Porque eu fui atrás,
eu tenho o know how...
REPÓRTER LAURA CAPRIGLIONE ao GABRIEL DE
ARAÚJO – Os outros empresários não perceberam essa oportunidade que
existe?
GABRIEL DE ARAÚJO – Laura, isso você tem
que perguntar a eles, não a mim.
REPÓRTER LAURA CAPRIGLIONE – O
Ministério da Pesca determina que a atividade dos navios japoneses seja
fiscalizada por um observador de bordo.
COMANDANTE DE BARCO – Até tem observador
de bordo, mas a gente tem até a dúvida: será que esses caras estão registrando
tudo isso?
REPÓRTER LAURA CAPRIGLIONE – Esses
observadores de bordo são remunerados pelo barco que eles deveriam
fiscalizar.
JORGE PABLO CASTELO – Isso cria uma
espécie de ambiente contrário. Não me parece apropriado que o poder público abra
mão de ter uma pessoa totalmente isenta.
REPÓRTER LAURA CAPRIGLIONE – Durante o
período em que a Folha esteve dentro do Gera 8, desse barco brasileiro, a gente
conseguiu captar a conversa entre dois observadores de bordo, cada um em um
navio japonês.
OBSERVADOR 1 – Meu irmão, hoje aqui o
Gera 8, o ilustre Gera 8, deixou de fazer a pescaria dele pra vir engrolhar o
material dele com o da gente, e ainda trouxe de câimbra uma repórter por cima do
barco dele, fazendo uma reportagem. A gente agora está mais famoso...
OBSERVADOR 2 – Aí, caso dê bronca
judicial, é o teu relatório que vai pra mesa do “homem de capa
preta”.
OBSERVADOR 1 – Judicial de cu é rola,
meu irmão. Ano que vem eu vou vir aqui com o Rocky 2 (barco de Araújo) por cima
do comando e uma trupe de nordestino com faca no bucho.
REPÓRTER LAURA CAPRIGLIONE – O conflito
entre os pescadores brasileiros e os pescadores japoneses acontece no exato
momento em que a pesca do atum está sendo questionada no mundo
inteiro.
JORGE PABLO CASTELO – A cada ano que
passa, os peixes que estão pegando são menores e mais leves. E esse é um claro
sinal de que a pesca está afetando a composição dessa população de
peixes.
OBSERVADOR 1 – Meu irmão, eu não to nem
aí. A gente ta botando peixe pra cima que já vai pra mais de cem peças. E por
mim, eu quero é que esses caras pesquem mesmo, até o peixe voar pela janela, meu
irmão. Tô não aí, brother.
COMANDANTE DE BARCO – A gente sabe que o
atum, no mundo, já ta extinto em alguns países. E aqui ainda tem alguma coisa.
Eu sei que meus netos já não vão pescar atum.
OBSERVADOR 1 – Meu irmão, o oceano não
tem dono não, meu compadre. E o cara tem autorização para embarcação, para
pescar nessa área. E finito brother.
24 de agosto de 2012
in políbio braga
in políbio braga
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