"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

NOTAS DIVERSAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Barbosa deve enxaguar a alma de João Paulo Cunha com réplica ao voto salvador de Lewandowiski


O ministro-relator do processo do Mensalão, Joaquim Barbosa, tentará enxaguar, na próxima segunda-feira, a alma do réu João Paulo Cunha “lavada” ontem pelo ministro-revisor Ricardo Lewandowiski. A previsão é de pancadaria verbal no quadradinho de UFC do STF. Barbosa já programou uma réplica ao voto do ministro de São Bernardo do Campo. E Lewandowiski – que não aceita levar desaforos de Barbosa para a vizinhança de Lula da Silva – já se prepara para uma tréplica.

Apesar da “lavagem de alma” dada ontem pelos votos salvadores de Ricardo Lewandowiski, o deputado federal João Paulo Cunha ainda corre o sério risco de ser condenado no processo do mensalão – problema que legalmente irá impedi-lo de assumir a Prefeitura de Osasco, caso vença a eleição. Se o ministro Cesar Peluso tiver a chance de votar, a previsão é de que Cunha saia derrotado do STF pelo apertado placar de 6 x 5. Nos bastidores, a petralhada promete fazer de tudo para salvar o futuro gestor do mais importante e estratégico esquema político e de negócios do PT.

Lewandowiski cumpriu ontem o script esperado pela petralhada. Primeiro, votou pela absolvição do publicitário Marcos Valério no que se refere a favorecimento da agência SMP&B no contrato de publicidade institucional da Câmara dos Deputados. Em seguida, inocentou João Paulo Cunha, então presidente da Casa, do crime de peculato, por ter autorizado à agência SMP&B subcontratar quase a integralidade dos serviços publicitários prestados. No gran finale, também livrou JP da acusação de corrupção passiva.

Comemorando o voto do ministro-revisor, que na sua visão “lavou a alma” de seu cliente, o advogado Alberto Toron, sem querer (ou querendo), deu uma dica do que vai acontecer nos próximos votos de Lewandowiski. O advogado Toron acredita que os argumentos do revisor a favor do réu petista podem se estender a outros acusados: “Abre uma perspectiva para os que mantiveram relações com a SMPB. E para os diretores da agência”.

Na verdade, nem previsava o advogado de JP dizer isto. Aquilo que a petralhava esperava – e a oposição também – começa a se desenhar: Lewandowiski tentará derrubar as teses de acusação do Procurador-Geral da República para livrar de condenação, principalmente, os réus petistas. O mesmo movimento deve ser seguido por pelo menos mais quatro ministros do STF nomeados para o cargo quase vitalício pelos presidentes da república petistas.

Por isso, os votos de Cezar Peluso – que se aposenta quinta-feira que vem – podem fazer muita falta para condenar os mensaleiros.

"Data Venha"

A triste realidade da politicagem adora imitar o humorismo da ficção no Brasil.

Esse negócio de "alma lavada" (ou enxaguada) é uma velha expressão do imortal personagem criado por Dias Gomes, o prefeito corrupto e sem vergonha de Sucupira, Odorico Paraguassu.

Será que, ao usar tal expressão, por efeito do subconsciente, o advogado de João Paulo não estaria vislumbrando uma futura gestão Odoriquenha para Osasco - onde a petralhada já adota o modelo sucupirano de mal governar?

Poligamia estável

Um homem, acompanhado de duas mulheres, conseguiu registrar a união estável dos três no Tabelionato de Notas de Tupã, interior de São Paulo.

Moradores do Rio de Janeiro, com aproximadamente 40 anos de idade e sem filhos, os três tentaram, sem sucesso, o mesmo registro em vários cartórios.

A criativa escritura pública de União Poliafetiva, feita para garantir os direitos iguais a todos os cônjuges, foi publicada no Diário Oficial da última quarta-feira.

Não chega a ser a “legalização da suruba” – como alguns comentários pela internet protestaram -, mas, tecnicamente, é uma espécie de poligamia burocraticamente consentida, sem a necessidade de os parceiros se converterem à religião muçulmana.

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

 
24 de agosto de 2012
Jorge Serrão
Alerta Total

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