"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

DEVERIA ESTAR ORGULHOSO E NÃO FRUSTRADO

 

Não dá para aceitar, pelo menos sem estranhar, as informações de que o ex-presidente Lula mostra-se deprimido desde terça-feira, diante do voto de três ministros do Supremo Tribunal Federal indicados por ele ou pela presidente Dilma. Porque Luiz Fux, Carmem Lúcia e Rosa Weber honraram a toga que usam ao concluir pela culpabilidade de João Paulo Cunha em crimes diversos.


Lula ficou deprimido

Apesar da origem de suas indicações, demonstraram ser juízes da mais alta corte nacional de justiça, jamais marionetes ou serviçais de interesses partidários. Ao votar com independência, confirmaram o acerto de suas investiduras.

João Paulo Cunha, logo depois de arcabuzado, recebeu telefonemas de solidariedade do Lula, de ministros do governo Dilma e de dirigentes do PT. Nada a opor ao gesto de apoio a um companheiro posto em desgraça, mas muito a objetar diante da cobrança sentimental feita aos três ministros. Ignora-se se o quarto ministro dessa nova leva, Dias Toffoli, recebeu mensagens de congratulações por haver votado pela absolvição do ex-presidente da Câmara.

O ex-presidente da República deveria estar orgulhoso e não frustrado pelo comportamento imparcial que “seus” ministros vem desenvolvendo. Ele e Dilma, que por sinal vem mantendo postura de exemplar silêncio diante do julgamento do mensalão, cumpriram seu dever ao indicar os juristas tidos como melhor credenciados para integrar o Supremo.

Em suma, se verdadeira a notícia da depressão do ex-presidente, só haverá que lamentar. Nem o Judiciário, nem o Legislativo, e nem o Executivo, podem ser tidos como linha auxiliar dos que exerceram ou exercem funções de liderança e de poder.

30 de agosto de 2012
Carlos Chagas

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