"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 30 de setembro de 2012

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA CARLOS CHAGAS

PROBLEMA PARA O SUCESSOR

É conhecida a história daquele Papa que, andando pelas ruas de Roma, viu-se assediado por um padre fanático anunciando aos gritos haver o anti-Cristo nascido no interior da Itália.

Sua Santidade indagou que idade teria aquele infernal inimigo da Igreja, ouvindo como resposta “mais ou menos dois anos”.
Depois de abençoar o impertinente interlocutor, o Papa seguiu seu caminho comentando: “Então, não é problema meu, mas do meu sucessor…”

Guardadas as proporções, essa poderia ter sido a resposta da presidente Dilma, ao ouvir do primeiro-ministro da Inglaterra, David Cameron, que, se o Brasil não suspender imediatamente o protecionismo aplicado em favor de nossa produção industrial, logo o seu país nos estará retaliando e destruindo.
Fez as vezes de arauto, senão do anti-Cristo, ao menos do anti-Dilma.



Ameaças como essa não tem mais sentido nem valor, no mundo atual. Aí está o exemplo da China, que depois de séculos explorada, ofendida e humilhada, em grande parte pela pérfida Albion, rompeu o círculo de giz e caminha para tornar-se a maior economia do planeta. Pouco importa aos chineses a inveja dos ingleses por conta de seu crescimento.

Aliás, foram eles, exploradores de outrora, que imaginaram fazer outro negócio da China quando da abertura econômica promovida por Teng Tsiau-Ping, depois da morte de Mao Tsé-Tung.
De olho nos baixos salários pagos ao povo chinês, as multinacionais imaginaram montar lá suas indústrias, seus negócios e suas armadilhas. Só que tudo mudou.
A China recuperou, primeiro, sua independência e seu amor próprio. Depois, abriu-se à modernidade, mas dentro de seus termos. Hoje, virou o jogo.

O Brasil segue na mesma trilha. Passou a Inglaterra em termos econômicos. Somos nós, e não eles, a sexta economia do planeta.
Assim, não devemos sentir-nos ameaçados. Se um país detém essa condição, somos nós, não eles, ainda que a hipótese não nos passe pela cabeça.
Interessa-nos crescer, coisa que não depende daquela ilha.

Bem que Dilma deveria ter dito ao arrogante súdito da Rainha não estar preocupada com o que eles poderão fazer.
Porque se um dia voltarem a ter importância a ponto de nos prejudicar, será muito no futuro. Problema para um sucessor, não para a presidente…

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SEMANA QUENTE

A previsão é de vir a ser das mais quentes e explosivas a semana que começa hoje. Começarão a ser julgados os antigos líderes maiores do PT, José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares.
São poucas as dúvidas de que o ministro Joaquim Barbosa não poupará nenhum dos três. Bem como será difícil ao ministro Ricardo Lewandowski livra-los das acusações de corrupção ativa e formação de quadrilha.

Os trabalhos dessa nova etapa do julgamento deverão estender-se para além do próximo domingo, dia da eleição em primeiro turno. Certamente se refletirão no segundo, no fim do mês.
Pior não poderia acontecer para o PT, cujos candidatos a prefeito nas capitais dos estados andam na baixa.

Por mais que o ex-presidente Lula se esforce no confronto paulistano, colhem-se dúvidas variadas. Só quem parece ter vindo em socorro de Fernando Haddad é o governador Geraldo Alckmin.

Geraldo Alckmin? Pois não é que o tucano acaba de declarar ser preocupante a situação de José Serra?

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