"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 29 de dezembro de 2012

DONA DILMA, A GERENTONA QUE NÃO GERENCIA, O APAGÃO DO GOVERNO DEVE SER FALHA HUMANA

 

Sua primeira eleição na vida foi para presidente da República, que geralmente é a última, e às vezes nem chega. Ela deve a existência e a preferência a três fatores, todos manobrados e manipulados pelo exuberante Luiz Inácio Lula da Silva.

1 – Ela não tinha raízes nem convivência petista, Lula viu, antes de todos, que isso seria favorável ao seu futuro ou à volta ao Poder.

2 – Sem ter bases ou carreira política, Dona Dilma não poderia exigir nada, nem pretender o apoio do PT para uma possível reeleição em 2014.

3 – Tendo ocupado apenas os cargos que o próprio Lula lhe dera, o então presidente confiava em sua “lealdade”, que o PT rotulava de “serva submissa e subserviente”.




O roteiro de Lula era magnificente (que palavra), funcionava mesmo, a não ser contra o câncer. Este surgiu logo no primeiro ano da gerência Dilma, confundiu e contrariou tudo.

Não cometeria a heresia de afirmar que Dona Dilma ficou satisfeita com a mudança de cenário, mas adorou a liberdade adquirida e não conquistada, não é nenhum crime, embora seja um fato mais do que verdadeiro. O próprio Lula não passou recibo na tragédia, dia sim dia não, vem a público explicar, “minha carreira política não terminou”.

Já escrevi que Lula, nada surpreendente, pode ser candidato a governador de São Paulo e ser eleito. Aí, como Dona Dilma foi sua sucessora, em 2018, tentaria ser o sucessor dela já reeleita.
Lula estaria então apenas com 72 anos. Não precisaria do aval do PT, apenas um boletim oficial dos médicos do Sírio Libanês: “Seu estado de saúde é excelente”. No PT, nenhum quadro médico ou político para desmenti-lo ou desmontar a sua preciosa liderança.

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REELEIÇÃO EM 2014?


E a contribuição de Dona Dilma para a reeleição de 2014? Quase nenhuma, ou muito negativa. Tem a vantagem de estar no Poder e utilizar a máquina. A fraqueza e fragilidade dos possíveis ou supostos adversários. O apoio “desinteressado” de Lula.

O caminho aberto pelo mensalão de FHC, que pela primeira vez na República conseguiu a reeleição, com o apoio e o trabalho de Sérgio Mota, e não com o patrocínio de toda vida, da Fundação Ford (que o pretensioso e presunçoso FHC só chama de Ford Foundation).

Dona Dilma precisa com urgência mudar seus métodos de gerenciamento, aproximá-los de um verdadeiro governo. Até agora tem se valido da generosidade da imprensa, que não gostaria de contracenar com Lula novamente no Planalto.
No que seria (se houvesse) o seu último modelo. Lula voltaria impiedoso e implacável, talvez se transformasse na versão masculina da mediocríssima Dona Kirchner.

Dona Dilma age aos trancos e barrancos, saltos e sobressaltos, sem projeto e sem programa. Só é aplaudida pelas pesquisas e pelos favorecidos. Sem Lula, isso é muito pouco, quase nada. Finge ser a mãe dos pobres, na verdade é a grande protetora dos ricos, que não sabem onde colocar tanto enriquecimento, sem investimento ou desenvolvimento.

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PS – Para não dizer que sou crítico de mais, um conselho positivo: nunca mais dê entrevista coletiva. A tragédia de anteontem não pode se repetir.

PS2 – Entrevista coletiva exige raciocínio rápido, inteligência visível, capacidade de enfrentar jornalistas ávidos por superarem o colega do lado ou da frente.

PS3 – Com total isenção, Dona Dilma deve ler e reler a entrevista que concedeu, vem o que escreveram sobre ela, e constatar: “Foram altamente generosos comigo”.

PS4 – Dona Dilma quis “gerenciar” a coletiva, vetando assuntos. “Sobre isso não falo, sucessão de maneira alguma”. Como os jornalistas tinham pauta a cumprir, insistiram. Surpreendentemente, duas esvaziadas de Dona Dilma, duas trapalhadas. Falou em raio e falha humana.

PS5 – “Se alguém falar em raios, gargalhem”. E a seguir: “O apagão do Aeroporto foi falha humana”. Raios caem mais de 10 mil por dia, e o apagão do Tom Jobim foi mesmo “falha humana”, não da planície e sim do Planalto. Gerador com mais de 20 anos de uso ou desuso, como suportar?

PS6 – Ótima a afirmação: “Mantega não sairá do meu governo”. Resposta perfeita a jornais ingleses, “revoltosos” com a queda dos juros, que impede a vinda de capitais especulativos, 7 por cento, consideram pouco.

PS7 – Para não dizer que não falei de flores: “Não tem que tirar mesmo o Mantega. Ele só não faz mais porque não pode ou não deixam. Dá de mil a zero em Palocci, não enriquece com “favorecimento e consultorias”. Coletiva, nunca mais, ou então gravada e editada.

PS8 – Terminando esse Festival Wagner de contradições, Dona Dilma não poderia fugir da maior de todas: culpa a Light (empresa) pelo apagão, e garante que foi tudo falha humana. (Pessoal). “Imagina na Copa”.

29 de dezembro de 2012
Helio Fernandes
 

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