"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

FALOU COMO CANDIDATA

 

Agradou todo mundo o pronunciamento da presidente Dilma, na noite de quarta-feira. Afinal, quem não gosta de ouvir que pagará menos pela conta de luz? Mesmo o fato de o cidadão comum receber um abatimento de 18%, e as empresas, de 32%, não chega a despertar indignação.
Vivemos um sistema capitalista e, apesar de o governo ser do PT, quem manda mesmo é o capital.



O importante na fala presidencial foi a nova postura. Dilma assumiu o papel de candidata, tanto por haver apresentado benesses e promessas quanto pelo visual e pela oratória.

Mostrou-se com segurança, nos vídeos e microfones, deixando claro estar preparada para confrontar adversários e espectadores. Os cortes que a transmissão permitiu entrever demonstram não ter sido fácil a gravação, especialmente para os apavorados auxiliares técnicos, como câmeras, iluminadores e responsáveis pelo telepronter.
Pode ser que ela se acostume aos percalços televisivos, mas suas explosões, de resto usuais com qualquer interlocutor, terão abalado as paredes do estúdio de gravação.

A SANTÍSSIMA TRINDADE DO PMDB

Uma indagação percorre os gabinetes do PMDB no Congresso, recomeçando a ser habitados por conta da reabertura dos trabalhos parlamentares, em fevereiro: qual a liturgia, quais os dogmas e as verdades absolutas dessa nova Santíssima Trindade integrada por Michel Temer, Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves?

O Pai derramou-se em elogios ao Filho, esta semana. Para Temer, Renan fará uma belíssima gestão no Senado. O Espírito Santo, Henrique Eduardo, continua voando pelo país em busca da reafirmação dos votos que já tinha garantidos para a presidência da Câmara.

Pretende o quê, a Santíssima Trindade? Reforçar a candidatura de Temer como vice-presidente na chapa encabeçada por Dilma Rousseff ou pelo Lula? Seria oração demais para uma graça já alcançada, pois o PT sabe muito bem ser o PMDB seu maior parceiro, condição essencial para a vitória da presidente ou do ex-presidente.

Renan e Henrique Eduardo não duvidam de que estarão debaixo da mais eficiente das lupas enquanto presidirem o Senado e a Câmara. Serão milimetricamente fiscalizados em suas performances. Assim, não precisam dos cargos para aumentar seu poder político ou suas contas bancárias. Os três nada tem a perder, permanecendo a questão: o que tem a ganhar?

Só pode ser o enquadramento presente e futuro da presidente Dilma. A ocupação de mais e maiores espaços no governo do PT, não apenas nos dois anos que faltam para se completar o primeiro mandato, mas, também, no segundo. Por artifícios dos regimentos do Congresso, o senador e o deputado poderão concorrer a um segundo biênio, depois de 2013-2014.
A composição das duas casas será outra, com as eleições do ano que vem, permitindo a continuidade. Mantida a Santíssima Trindade e ocupados os altares, continua a dúvida: para quê?

O dr. Ulysses, Tancredo e Teotônio prepararam planos e programas para quando chegassem ao poder. Não chegaram, não puderam executá-los, por razões diversas. Temer, Renan e Henrique Eduardo caminham para ocupar o poder, mesmo sem os ônus da alta exposição, inerentes à presidência da República. Estarão trabalhando em programas e planos?

OS EMBAIXADORES EM WASHINGTON

Foi moda, no passado, os presidentes da República destinarem a embaixada do Brasil em Washington para uma reserva tática de política interna. Getúlio Vargas escolheu Osvaldo Aranha, Juscelino Kubitschek nomeou Amaral Peixoto e Castelo Branco indicou Juracy Magalhães.
 Os três poderiam ter sucedido os presidentes, preservados para manobras que acabaram não dando certo, mas despertaram as atenções.

Vieram os tempos em que o Itamaraty conseguiu impedir a nomeação de embaixadores fora dos quadros da carreira e, com isso, esmaeceu a importância de nosso representante na capital americana.

 Há quem suponha que se a presidente Dilma conquistar o segundo mandato, pderá surpreender com a nomeação de um político com chances promissoras para sucedê-la.

25 de janeiro de 2013
Carlos Chagas

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