"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 20 de março de 2013

BRASIL TEM SEGUNDA PIOR DISTRIBUIÇÃO DE RENDA EM RANKING DA OCDE

Em relatório especial sobre o país, organização aponta que desigualdade era maior há 15 anos 
Mesmo com o forte investimento do governo em programas de redução da pobreza nos últimos anos, o Brasil ainda é um dos países com maior desigualdade social do mundo, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
 
Publicado nesta terça-feira, o “Relatório Territorial Brasil 2013” analisa diversos aspectos do país e revela que, apesar dos avanços significativos nos últimos 15 anos, a disparidade entre as economias dos estados brasileiros continua alta, menor apenas que a do México e duas vezes superior à média dos membros da OCDE.

De acordo com o estudo, o coeficiente Gini (que mede a desigualdade de renda) entre os estados brasileiros era de 0,30 em 2010, enquanto o do México, o mais desigual, era de 0,34. O coeficiente varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 0, menor a desigualdade. O país com melhor distribuição de renda é o Japão, com índice de 0,06.

O resultado brasileiro, no entanto, é melhor do que o registrado nos últimos anos, destaca a OCDE. O relatório aponta que o forte crescimento de regiões mais pobres foi um fator importante para a diminuição da desigualdade, que diminuiu cerca de 0,7 ponto percentual por ano entre 2001 e 2007. Nesse período, o PIB per capita de Roraima cresceu de 46% da média nacional para 72%. Já o do Mato Grosso aumentou de 82% para 103%. Apesar dos avanços, o estudo destaca os desafios que precisam ser vencidos.

ESSA NÃO!
“Apesar desses números favoráveis, a posição das regiões mais atrasadas do Nordeste continua estagnada, em torno de 50% da média nacional em 1980 e em 2007. Essa regiões passam a depender de recursos externos, em vez de ativos endógenos, tornando-se assim um empecilho ao crescimento nacional”, diz o relatório.

O relatório elogia os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, mas destaca que é importante investir em programas de inclusão social e outras medidas complementares.

“A redução da pobreza não será sustentável sem a criação de empregos locais e sem crescimento. As políticas sociais devem, portanto, vir acompanhadas de políticas voltadas à criação de empregos e crescimento endógeno”, ressalta o documento.

Ainda a respeito da desigualdade, a organização critica a concentração de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo o documento, cerca de 65% dos recursos do PAC são destinados às regiões Sul e Sudeste, as mais ricas do país.

Estrutura institucional brasileira é complexa, diz relatório

Para o secretário-geral da OCDE Angel Gurria, que assina o estudo, a superação dos desafios depende de uma melhor governança. A estrutura institucional brasileira é considerada “complexa” pelo estudo. De acordo com o relatório, os problemas mais graves de governança estão na esfera municipal. O documento aponta que há excesso de instituições atuando sobre os municípios, criando “superposições, ineficiências e aumento dos custos operacionais”.

— A boa governança vai ser fundamental para que o Brasil consiga usar conquistas anteriores para alcançar suas metas de desenvolvimento. Incentivo o governo a reunir ministérios e autoridades regionais para garantir que essa oportunidade não seja perdida — disse o secretário-geral, em nota.

20 de março de 2013
Marcello Corrêa - O Globo

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