"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 20 de março de 2013

CÂMARA APROVA AUMENTO DE COTÃO DE GABINETE DOS DEPUTADOS

Também foi aprovado projeto para reduzir o pagamento de horas extras e implementar o uso de ponto biométrico no controle de frequência dos servidores


Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves comanda a reunião da mesa diretora
Foto: Ailton de Freitas / O Globo
Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves comanda a reunião da mesa diretoraAilton de Freitas / O Globo
 


BRASÍLIA - A Mesa da Câmara decidiu nesta quarta-feira pelo reajuste, ainda não definido de quanto, do chamado "cotão dos deputados", um benefício para ser usado com gastos passagens aéreas, aluguel de escritórios e outras despesas administrativas. Durante a reunião, o primeiro-secretário da Mesa, Márcio Bittar (PSDB-AC), apresentou diferentes índices de correção que serão estudados. O argumento para aumento do cotão foi o reajuste, em alguns casos, de mais de 70% das passagens aéreas. Hoje o cotão varia de acordo com o estado. O maior valor é pago aos deputados de Roraima, de R$ 34,2 mil por mês.

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Também foi aprovado projeto para reduzir o pagamento de horas extras e instituir o ponto biométrico. No caso das horas extras, o funcionário para ter direito a receber o benefício terá que ter comprovado trabalho de 40 horas na semana. Se exceder as 40 horas e coincidir com dias de sessão noturna terá direito ao pagamento.

Na mesma reunião foi aprovado projeto de resolução que altera o regimento da Casa e criando a corregedoria autônoma. Também foi aprovado projeto de resolução que trata do trâmite de vetos do Congresso.

Em 2012, segundo a Diretoria Geral, a Câmara pagou R$ 47,1 milhões de horas extras noturnas. A intenção é tentar reduzir este valor à metade. Hoje, os funcionários apenas assinam o ponto em folha e o ponto biométrico, no qual a pessoa tem que colocar a digital para comprovar que está na Casa, só é usado para o controle das horas extras noturnas.

Ontem, o primeiro vice-presidente, André Vargas (PT-PR) diz que apoiaria as medidas de austeridade e transparência.

- Todas as medidas de austeridade têm que ser vistas com bons olhos, a sociedade está cobrando isso
O segundo secretário, Simão Sessim (PP-RJ), também elogiou a medida:

- Com o ponto biométrico é melhor para controlar. Para um dirigente, é uma tranquilidade. E a redução da hora extra vai permitir a criação dos cargos para o centro de estudos, a corregedoria e o PSD.

O segundo vice-presidente, deputado Fábio Faria (PSD-RN) disse que é totalmente favorável à implantação do ponto biométrico e à proposta de redução do pagamento de horas extras. Segundo ele, é preciso ter uma adequação para os funcionários dos gabinetes, porque é difícil controlar nos estados e também os que são assessores políticos e viajam com os parlamentares.

Impacto pode ser de R$ 20 milhões/ano

Segundo informações da Diretoria Geral da Mesa, a Câmara dos Deputados gasta cerca de R$ 170 milhões por ano com o pagamento das despesas do cotão aos deputados. Os técnicos ainda estão estudando qual o melhor índice para garantir a correção desta verba e do auxílio-moradia, hoje equivalente a R$ 3 mil. O percentual a ser adotado ainda está em estudo, mas uma das hipóteses é reajustar pelo IPCA de 2011 a 2012, um percentual de 12,72%, o que daria um impacto de R$ 20 milhões/ ano.

Além de aprovar o reajuste do cotão, a Mesa Diretora da Câmara também aprovou três projetos que criam 59 cargos e funções comissionadas, com impacto total de R$ 6,9 milhões já em 2013, R$ 8,9 milhões em 2014. Os projetos criam cargos para o PSD e outros órgãos da Casa, para a Corregedoria autônoma e para o Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Casa. A intenção do presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) é aprovar os projetos ainda hoje no plenário da Casa.

Serão criados 44 Cargos de Natureza Especial, segundo os projetos, que são ocupados por não concursados, e 15 Funções Comissionadas, que são pagas a servidores concursados para ocupar um função de chefia. A corregedoria, até agora, era uma atribuição de um dos cargos da Mesa. Autônoma e com mais funcionários, ela poderá ganhar mais poder. Henrique deverá indicar o deputado Átila Lins (PSD-AM) para a vaga.

O Centro de Estudos será presidido pelo deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), que ficou sem disputar um cargo na Mesa e desistiu de concorrer contra Henrique Alves na eleição para a presidência.

20 de março de 2013
O Globo

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