"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

‘Povo não tem que reclamar que aumentou salário de político’

Léo Burguês, presidente da Câmara Municipal de BH, afirma que vereadores trabalham muito: “No domingo, sai da Câmara às 20h30″

Foto: Marcos Moreira/Divulgação

O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Léo Burguês (PSDB): “O povo não tem que reclamar que aumentou salário de político”

Em entrevista ao iG nesta segunda-feira (19), o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Léo Burguês (PSDB), saiu em defesa do aumento de 60% aprovado para os parlamentares na semana passada, sob vaias e protestos.

“O povo não tem que reclamar que aumentou salário de político. A gente tem que é aumentar o salário do povo. A população tem direito de desabafar, principalmente professores e aposentados. Temos que brigar pra melhorar os salários do povo”, destacou o parlamentar, ressaltando que, neste ano, os vereadores votaram com agilidade aumento médio de 13% para servidores da prefeitura de Belo Horizonte. “O povo reclama de aumento de salário de político porque tem uma visão errada de que político não trabalha. No domingo mesmo fiquei na Câmara até 20h30. A gente entende a revolta da população porque ela sofre no salário dela, mas temos é que cobrar dos políticos um bom serviço”, afirmou Burguês. Porém, os salários dos vereadores mineiros passarão de R$ 9.288,05 para R$ 15.031,76, o que corresponde ao teto previsto pela Constituição Federal, ou seja, 75% dos vencimentos dos deputados estaduais.
Burguês explica que o salário dos vereadores da capital mineira não tiveram aumentos nos anos de 2009, 2010, 2011 e 2012.
O reajuste salarial votado na semana passada passará a valer na legislatura que começa em 2013.

“Não sei quem vai ser eleito e tivemos transparência de fazer isso antes da eleição, até porque a própria lei diz que o aumento deve ser feito de uma legislatura para a outra”, disse.
O presidente do legislativo de BH afirmou ainda que, mesmo em momentos de diversão, não deixa de trabalhar. “Eu sou político 24 horas por dia. Eu sou presidente da Câmara 24 horas por dia. Se eu estou em um bar bebendo, quem está ali é o presidente da Câmara, não é só o Leonardo Burguês de Castro. Se tiver algum problema, não vou me omitir como presidente da Câmara”.

Cargos

Após a polêmica do reajuste salarial, os parlamentares da capital mineira correm para aprovar um projeto de lei que cria 12 cargos comissionados e gera um impacto anual aos cofres públicos superior a R$ 1 milhão. Para assessor técnico especializado, por exemplo, a mesa da Câmara Municipal de Belo Horizonte propõe um salário de R$ 9.166, em contratação por meio de recrutamento amplo, ou seja, sem a necessidade de concurso público. O Projeto de Lei 2046/2011, referente à criação destes cargos e que também trata de aposentadoria de servidores, foi aprovado em primeiro turno no último dia 16. Agora, segue para o segundo turno, nesta semana. A expectativa de Burguês é de que ele seja votado na próxima quarta-feira (21).

“Vou economizar para Câmara e vou apanhar da imprensa. Qualquer tipo de criação de cargo é mal vista. A imprensa só fala do cargo de R$ 9 mil, que é um só. Para fazer um projeto de ar condicionado na Câmara, pagaria R$ 120 mil. Com esta reforma vou gastar R$ 40 mil. A estrutura administrativa é de 1990, quando tínhamos 31 vereadores. Com esta nova estrutura vamos fazer audiência públicas nos locais dos problemas, aos finais de semana”, justificou ele, se referindo à criação da nova diretoria de Relações Institucionais. “Esta diretoria já existe na Assembleia e no Congresso. Estamos atrasados”, completou.

Questionado sobre o motivo de não fazer concurso público para preenchimento dos novos cargos, o vereador afirmou que a contratação será por curto período, de acordo com as necessidades. Ele também diz que a nova estrutura permitirá mais agilidade aos processos. Não haverá necessidade de contratar com licitação uma consultoria especializada sobre determinado tema.

Denise Motta, iG Minas Gerais, 19/12/2011

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