"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

AUSTERIDADE GREGA FICARÁ AINDA MAIS INTENSA


Anúncio de cortes de gastos em setores vitais é acompanhado de manifestações populares violentas na Grécia.


O padrão se tornou familiar: um voto de austeridade de última hora no Parlamento grego, e um tumulto na praça do lado de fora. Desta vez, a violência foi mais longe, com gangues de jovens incendiando quase 50 prédios no centro histórico da cidade. Vários pontos importantes da cidade, incluindo uma mansão do século XIX, que agora é um cinema popular, foram atingidos. Lojas vendendo bens de luxo foram saqueadas. O cheiro de gás lacrimogêneo e fuligem permaneceu no ar por dias.

Os gregos se acostumaram a protestos nas ruas após vários anos de declínio econômico, mas ainda assim eles ficaram chocados com os danos da noite de 12 de fevereiro. Criminosos, e não os esquerdistas, foram os culpados, dizem as vítimas. George Stergiakis, dono de um cinema na cidade, diz que sua propriedade foi bombardeada depois que ele se recusou a aceitar exigências de “dinheiro de proteção”. Quem quer que seja o responsável, os ataques incendiários reforçaram medos de que, com a deterioração da economia, o caos social continue.

O PIB grego diminuiu em quase 7% em 2011. Ele cairá novamente este ano, em pelo menos 4%, de acordo com o trio – Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional – responsável pelo resgate financeiro da Grécia.
Políticos gregos dizem que estão determinados a fazer um trabalho melhor. A tensa coalizão entre os socialistas do Pasok e os conservadores da Nova Democracia (o Laos, um pequeno partido de direita abandonou o grupo) sob o comando de Lucas Papademos, um ex-membro do Banco Central, aceitou um corte de € 3,3 bilhões nos gastos.
O próximo passo é aprovar um novo programa de reforma de três anos em troca de um novo resgate de € 130 bilhões, que, com uma grande reestruturação da dívida, deve evitar uma moratória desordenada no próximo mês.

As últimas medidas são mais duras que as anteriores. Planos de aumento da receita foram abandonados. Ao invés disso, salários e pensões serão cortados, assim como gastos com a Defesa e a Saúde. Os críticos dizem que esses cortes só aumentarão a pobreza da Grécia. Eles afirmam que uma redução de 22% no salário mínimo, que visa impulsionar a competitividade, diminuirá a economia em mais 1,5% em 2012, já que trabalhadores sem dinheiro consumirão menos.

Para fazer com que as reformas deem certo, o ministro alemão, Wolfgang Schäuble chegou a sugerir que as eleições sejam adiadas, e que seja formada uma pequena equipe de governo tecnocrática como a da Itália, para comandar a Grécia nos próximos dois anos. Os gregos estão cada vez mais receosos com o que eles consideram uma arrogância dos alemães. O presidente grego, Karolos Papoulias, perguntou: “Quem é o Sr. Schäuble para difamar a Grécia? Quem são os holandeses? Quem são os finlandeses?”. Um manifestante pichou uma placa do prédio do Banco da Grécia, substituindo “Grécia” por “Berlim”. Mas os ânimos divididos também refletem os medos crescentes de um possível êxodo grego da zona do euro.

Fontes:The Economist - Flaming February
opinião e notícia

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