"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 22 de maio de 2012

HISTÓRIAS DO JORNALISTA SEBASTIÃO NERY

O PERISCÓPIO DE CACHOEIRA

RIO – Felisberto Batista Teixeira, delegado do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) da policia de Filinto Muller no Rio, na ditadura de Getulio Vargas, prendeu um operário acusado de ajudar os comunistas:
- Confesse logo. Você é do PC (Partido Comunista).
-Não sou, não.
- Mas ajuda o PC.
- Não ajudo, não.
- Como é que você anda com eles? Vai ter que dar o serviço todo.
E começou a torturar o preso. Bateu de palmatoria, murros no estomago, pôs no pau de arara, espremeu as unhas com alicate (ainda não haviam inventado o choque elétrico), deu telefones (tapas nos ouvidos), arrebentou o homem todo, aos berros:
- Você sabe. Você tem que contar.
- Contar o quê, contar como, se eu não sei de nada?

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MIMEÓGRAFO

De repente, entrou na sala de torturas Luis Glayssman, chefe do Serviço Secreto da policia de Filinto Muller, mandou parar a tortura :
- Não adianta você ficar ai resistindo, sem querer falar. Se você não falar, vai morrer. Fale logo. Diga onde está o mimeógrafo.
- Ah, o mimeógrafo? Está enterrado lá no fundo do quintal.
- Por que você não falou antes?
- Porque ninguém me perguntou. Esse animal passou o tempo todo me batendo e perguntando onde está o “periscópio”.

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DIRCEU

A CPI do Cachoeira encruou, virou um riacho imundo, um esgoto. Lula foi a Brasília com seu Sancho Pança, José Dirceu, e deram as ordens :
- Não podemos convocar nenhum nome nacional, senão acabam nos atingindo, a mim, ao Dirceu, ao PT. É preciso parar no Cachoeira e não passar dele. No maximo, algum diretor, gerente, funcionário miúdo. E não passar de Goiás, para não chegar ao Agnelo (governador de Brasília). Se chegar ao Agnelo, não há como não chegar ao Sergio Cabral (governador do Rio). E do Sergio para o Fernando Cavendish é um pulo. E esse é nosso, no país inteiro. Se pegarem ele, pegam o PT, o Meirelles, o PAC todo.
- Mas assim o Perillo (governador de Goiás) fica de fora.
- É o preço que precisamos pagar. Esse filho da puta vai ficar de fora.

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HELICOPTERO

A ultima, no restaurante Piantella, em Brasilia, no fim de semana, é que Lula, Dirceu, Vaccarezza e outros petistas concluíram que é preciso arranjar algum nome nacional, além do Cachoeira, para convocar para depor, senão a opinião publica percebe o “acordão sujo” que eles fizeram. De preferência do Rio, mas sem arriscar o Cabral. Lula reagiu debochado :
- Do Rio, para não atingir o Cabral, nem convocando o helicóptero de Porto Seguro. (Aquele do desastre onde morreram, entre outros, a mulher de Cavendish e a namorada de Cabral).

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VACCAREZZA

Entrou para a história do ridículo nacional a frase do Vaccarezza :
- “Você (Sergio Cabral) é nosso e nós somos teu” (sic).
Candido Vaccarezza, secretario de José Dirceu há mais de dez anos, nem pode ser acusado de “paulista do interior”. É baiano da capital, com o dever de um mínimo de respeito às tradições gramaticais da Bahia.
Tinha que ser mesmo um petista o autor do “Rap da Corrupção”. Ao menos o paranaense Teló respeita a lingua no “Ai, se eu te pego”!
Quando o palhaço Tiririca se elegeu deputado em São Paulo com aquela votação maravilhosa, exigiram que ele fizesse um “vestibularzinho de alfabetização” para ver se podia tomar posse. Fez, passou, tomou.
Dispensaram o Vaccarezza porque ele é do PT ou porque é baiano?

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“LULÃO”

O pais está tranquilo e tem certeza de que o Supremo Tribunal, composto por gente da envergadura dos atuais ministros e ministras, jamais cometeria a infâmia de jogar o processo do “Mensalão” embaixo do tapete, presidindo e sendo relator juristas como Ayres Brito e Joaquim Barbosa.
O país está com medo, e com razão, é do “Lulão”, a “CPI do Periscópio”. Muitos de seus membros só não relincham de modéstia. Outros, é por safadeza mesmo. Até a “Veja” desta semana conta :

1. – “A empreiteira Delta assumiu o posto de líder entre as fornecedoras da União depois de contratar como consultor o deputado cassado José Dirceu”…

2. – “Há uma operação patrocinada pelo ex-presidente Lula e alguns políticos para impedir que a bomba atômica de Cavendish seja detonada”…

3- “Os petistas cumpriram à risca as ordens dadas por Lula um dia antes. A ordem foi calar Cavendish. Numa conversa gravada com ex-sócios, Cavendish os incentivou a comprar políticos”…

4. – “A venda da Delta foi orquestrada por Lula. O papel de Meirelles na manobra ainda não está claro. Sabe-se que, desde os tempos de Banco Central, ele não assina nada sem a chancela dos seus advogados”.

22 de maio de 2012
Sebastião Nery

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