"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 31 de maio de 2012

PAPÉIS VERGONHOSOS

Gilberto Carvalho, ministro de estado, age como porta-voz de Lula, e Marco Maia, presidente da Câmara, como um juiz debochado

A presidente Dilma Rousseff mandou o governo ficar fora das maluquices de Lula, mas Gilberto Carvalho, secretário geral da Presidência e uma espécie de espião do ApeDELTA no Palácio, não se contém. Comportando-se como porta-voz do ex-presidente, afirmou que este não vai mais se pronunciar sobre o confronto com Gilmar Mendes.

“Não vai mais”??? Que se saiba, até agora, ele não disse nada. A nota divulgada ontem, erroneamente atribuída pela imprensa ao ApeDELTA, foi emitida pela Instituo Lula. Um ministro de Estado atuar como porta-voz de um militante do PT — e o Babalorixá de Banânia, hoje, é só isso — é um completo despropósito.

Não é o único a protagonizar um vexame. Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara, está disposto a cobrir a vergonha de ontem com a de hoje e a de hoje com a de amanhã. Este senhor até parecia destinado a se dar conta de seu papel institucional. Mas não tem jeito. A natureza do escorpião é o que é.

Ontem, fez um ataque absolutamente inaceitável ao ministro Gilmar Mendes. Hoje, o que parecia um recuo revelou-se cinismo, beirando o deboche: “Eu acho que nós temos agora é que dar um chá de camomila para todos os envolvidos, para que se volte à normalidade e à calma que é necessária neste momento e principalmente quando se aproxima o julgamento do mensalão no STF”.

Segundo ainda o Portal G1, “Maia definiu a reação de Mendes como ‘quase incompreensível’, ‘agressiva’, ‘raivosa’ e ‘desproporcional’, mas se focou em pedir que o assunto seja encerrado. ‘O importante é que se passe uma borracha sobre este episódio. Temos de trabalhar no sentido de botar panos quentes, distribuir um bom chá a cada um aí, no sentido de acalmar os ânimos, porque o que nos interessa é que o trabalho do Judiciário seja feito com a maior transparência possível’, afirmou.”

Voltei

Passar uma borracha uma ova! O que aconteceu não pode ser jamais esquecido. Quem está falando acima ainda é o militante petista, não o presidente da Câmara. Com que então um ministro do Supremo vira alvo de uma central de boatarias, especulações e desqualificações e deveria permanecer calado? Por quê?
Maia é presidente da Câmara. É vergonhoso que decida se comportar como juiz de um ministro do Supremo Tribunal Federal.

31 maio de 2012
Reinaldo Azevedo

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