"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 16 de julho de 2012

O PERDIDO HORIZONTE DE UMA HISTÓRIA TENEBROSA

Paga logo a pensão que você deve, Collor!!!

Rosane Collor, agora com as feições de uma matrona de meia-idade, voltou ao foco da cena política no Fantastico deste domingo. Em vez da figura débil da primeira-dama deslumbrada com a qual o País se acostumou durante o curto reinado do caçador de marajás, ela estava sóbria, tranquila, e discorria com assertividade sobre o que viveu quando a Casa da Dinda era o palácio presidencial.
"Collor era o chefe", disse ela, quando confrontada com uma declaração da mulher de PC Farias de que "o chefe maior" foi quem o mandou fazer o que fez. Ou seja: Rosane disse que PC era pau mandado de Collor enquanto ele governava o País. A admissão causa surpresa, embora todos saibam hoje como funcionava a máquina alagoana de corromper.
Por que 20 anos tiveram que passar antes que Rosane decidisse abrir a boca ?
Porque Collor não vem pagando a pensão que ela pretendia a título de pensão alimentícia. Há um processo em que a ex-primeira-dama tenta receber alimentos atrasados. Coitada! São só R$ 18 mil por mês, como se fosse a coisa mais natural do mundo alguém receber essa montanha de dinheiro só pelo título de ex-esposa.
Mas aqui não estou atacando Rosane. Falo de seu mantenedor, que a teria enganado, segundo suas declarações, ao impor um regime de separação total de bens que ela dizia desconhecer antes da separação. Collor ficou com tudo, inclusive o que foi amealhado no propinoduto instalado no Planalto sob seu comando. Até a casa em que a entrevista foi gravada pertence ao Napoleão de Alagoas.
As declarações de Rosane trazem de volta ao primeiro plano da cena política desavenças familiares que ganham o contorno de fatos políticos. O imbroglio que culminou com o impeachment começou com uma entrevista de Pedro Collor, irmão de Collor. E o capítulo final pode estar sendo escrito neste momento a partir das inconfidências da ex-mulher. Ambas as situações animadas pelo mesmo motivo: a mesquinharia.
Quando Pedro, o primeiro-irmão, abriu a boca para a revista Veja, caiu o Presidente. Quando a ex-mulher é quem fala, o que não pode acontecer?
Na caixa-de-Pandora que se abriu talvez haja explicações para fatos históricos ainda nebulosos, como a morte de Elma e PC Farias.
Se eu fosse Fernando Collor, mandava pagar logo a pensão atrasada.
16 de julho de 2012
Fábio Pannunzio
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