"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 27 de novembro de 2012

POLÍCIA FEDERAL INVESTIGA VICE-PRESIDENTE DOS CORREIOS

PF diz que Vieira teria oferecido suborno a ele; estatal vai abrir sindicância

 - O vice-presidente jurídico dos Correios, Jefferson Carlos Carús Guedes, foi investigado pela Polícia Federal (PF) na operação Porto Seguro. Segundo o relatório da PF, o então diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Rodrigues Vieira teria tentado subornar Guedes para beneficiar em licitações a empresa LM Negócios Inteligentes. Ainda de acordo com o relatório, Guedes chegou a receber o dono da empresa, Lucas Henrique Batista.
 
Guedes chegou a ser, em 2008, procurador-geral da União, na gestão do hoje ministro do Supremo Tribunal Federal José Antonio Dias Tofolli. Depois de dez meses no cargo, pediu demissão ao ser acusado de formação de quadrilha pela PF e pelo Ministério Público Federal em outra operação, a Perseu, que desbaratou uma rede de corrupção e fraudes ligando funcionários do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Guedes se desligou da Advocacia Geral da União (AGU) para, segundo ele, evitar danos à imagem da instituição. Em 2011, ingressou no comando dos Correios.

Em ofício à Justiça Federal, a PF pede a “condução coercitiva” de Guedes para prestar depoimento. No documento, ele é listado como “investigado”. A PF fez busca e apreensão na sala do vice-presidente para levar documentos e computador.

Segundo o relatório policial, “há indicativos de que Paulo Vieira, juntamente com Lucas Henrique Batista, participou de licitações de agências de correio em São Paulo por meio da empresa LM Negócios Inteligentes. Há indicativos de que, para favorecer a empresa, ofereceu 'livros' ao vice-presidente Jefferson Carlos Carús Guedes.” “Livros” é o código usado pelo esquema de Vieira para identificar propina.

Em outro trecho, a PF afirma ainda que “há indicativos de que Jefferson recebeu Lucas Henrique em Brasília por conta de um recurso relacionado à empresa LM”. Segundo o Diário Oficial da União, em 28 de maio deste ano, a LM foi inabilitada na concorrência 4056/2011, cujo objeto era a “contratação da instalação e operação de agências de correios”.

A Polícia Federal não esclarece se o pagamento de propina foi aceito por Guedes. Por meio da assessoria dos Correios, Guedes negou que tenha sido oferecida propina. Ele disse ainda não ter prestado depoimento, mas se colocado à disposição da PF. Os Correios informaram que não têm contratos com a LM e que abrirão uma sindicância para apurar o caso.

27 de novembro de 2012
Tatiana Farah - O Globo
 

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