"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 8 de dezembro de 2012

CUIDADO, ELES NÃO DESISTEM

 

As classes produtoras (nacionais e multinacionais) acham que as crises financeiras devem ser combatidas com aumento de impostos, demissões em massa, reduções salariais, corte em investimentos sociais e privatizações. É a clássica solução de reequilibrar o Orçamento Federal (aumento de impostos e redução da despesa), e deixar os estabilizadores automáticos do mercado atuarem.



Deixar o salário baixar até um ponto em que empregar passe a dar lucro de novo, deixar a taxa. de juros baixar até zero ou, melhor ainda, ficar negativa, e então o poupador se vê obrigado a investir em qualquer coisa, o poupador fica doidão quando a taxa de juros fica negativa. Há deflação. Os preços e salários baixam, tornando mais ainda difícil a perspectiva de lucro e todo mundo só pensa em comprar ouro, mesmo que esse ativo não dê dividendos.

Os países tentam vender mais do que compram dos outros, mas quando todo mundo age assim a coisa vira um jogo de soma zero, e o protecionismo sobe às estrelas. Apesar da austeridade, os déficits aumentam ainda mais e também o desânimo de todos, principalmente dos empresários. Vemos que a solução clássica, correta quando a economia vai bem, é péssima quando a economia está em crise financeira.

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GRANDE DEPRESSÃO

O mundo passou por tudo isso na Depressão Econômica de 1929, e aplicando a solução clássica, no momento errado, o desemprego foi às alturas, 25% – 40%, e o resultado foi Fascismo, Nazismo, Comunismo que se reforçou, tudo terminando na II Guerra Mundial.

O genial economista Lord Keynes, que era o Niemeyer da Economia, demonstrou claramente tudo isso na teoria, com seu Livro “General Theory of Employment, Interest and Money” (1936). Isso tudo é sabido, só que a solução clássica favorece os credores e o keynesianismo favorece os devedores, e daí fica mais difícil…

Vemos então que a presidente Dilma Rousseff está certa propondo a solução keynesiana. Mas não acho que as classes produtoras, também ditas dominantes, estejam boicotando o crescimento, seria dar um tiro no próprio pé, quando o desemprego está baixo (cerca de 6,5%), e a popularidade da presidente está em 80%.

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COMUNICAÇÃO

Não, não pode ser isso. A explicação, a meu ver, tem mais a ver com comunicação, a presidente Dilma não está conseguindo passar para os empresários uma visão otimista de que a coisa lá na frente vai ser bem melhor do que agora, de que os melhores momentos (chances de ganhar dinheiro) estão bem ali adiante.

Se tem alguma coisa que faz crescer a economia e que aumenta o padrão de vida do povo, é acenar e convencer os empresários de que os melhores momentos estão por vir. Os ingleses chamam isto de despertar o “animal spirit” do empresário e é isso que faz crescer a economia.

A gente nota que até por temperamento, a presidente Dilma e seu vice Temer não têm a paciência de negociar, barganhar e convencer que tinham o presidente Lula e principalmente o vice José Alencar. Gostemos ou não do presidente Lula, mas a meu ver ele é um gênio, também um Niemeyer, em desenvolver otimismo nos empresários e no povo.

Em resumo, a Dilma e Temer estão certíssimos na condução da economia, mas falhando muito na comunicação. O ex-presidente Lula sabe que o negócio é bom quando todo mundo ganha, Mas a impressão que a presidente Dilma passa é de que a economia tem que crescer, senão eu prendo, quebro e arrebento.

08 de dezembro de 2012
Flávio José Bortolotto

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