"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

INSTITUTO MILLENIUM, UMA FARSA LIBERAL (PARTES 1 E 2)

INSTITUTO MILLENIUM,
UMA FARSA LIBERAL (II)



Rhyan Fortuna - Janer, creio que o Rodrigo está defendendo que não existe censura privada. Censura seria apenas algo estritamente estatal. O Imil é o mais social-democrata dos institutos liberais brasileiros. Se esquerda fica horrorizada com ele, imagina se ver os outros...

Janer Cristaldo - A pior censura é a privada, Rhyan. Não foi o Estado quem mais e com mais eficácia censurou durante a ditadura. Quanto os militares proibiam um escritor ou cantor, este estava com a fortuna feita. Mas quando as esquerdas, privadamente, censuravam alguém, este alguém estava morto civilmente.

Aluizio Couto - Rafael Guedes, com isso todos concordam. No entanto, uma crítica que se pode fazer é que quando se proibe certas opiniões dentro do instituto, ele perde muito do caráter cognitivo. E um dos elementos que fazem o debate intelectual ser saudável é a pluralidade de ideias.

Cristiano Rosa de Carvalho - Sim, censura é algo imposto pela força, de forma coercitiva - para tanto, pressupõe o monopólio da violência exercido pelo Estado. Censura em associações livre é uma contradição em termos - o que existe é a liberdade de não veicular aquilo com o que não se concorda, da mesma forma, liberdade de não se associar com o que não se comunga. Se assim não for, presumo que a Folha de São Paulo, o Estadão ou a Veja seriam obrigados a publicar os meus artigos, pois do contrário estariam me censurando?

Aluizio Couto - Cristiano Rosa, a censura pode ser feita por meios privados. O que a censura implica é inviabilizar a publicação de uma ideia qualquer. Penso que não há nada na ideia de censura que pressuponha a ação do estado. Claro que é mais comum que o estado seja o censor. Mas o seu argumento tem como consequência bizarra o fato de não haver censura em um ambiente sem estado. Penso que essa conseqüência é suficiente para rejeitar seu argumento, pois me parece claro que pode haver censura em um ambiente desse tipo.

Janer Cristaldo - Não, Cristiano, Folha de São Paulo, o Estadão ou a Veja não são obrigados a publicar os seus artigos. Eles têm um corpo redacional para escrever. Mesmo assim, costumam acolher opiniões divergentes. Não vou negar, de modo algum, que não exista censura nesses jornais. É por isso que não me adaptei nem à Folha nem ao Estadão e estou muito feliz em meu blog, onde ninguém me pauta nem me censura. A liberdade de expressão se refugiou na Internet e o Millenium parece não ter entendido isto.

Aluizio Couto - Acho que para a discussão ficar em termos mais claros, temos de distinguir dois usos do termo ''censura''. O primeiro é a censura que impede a publicação de uma ideia qualquer em quaisquer meios. Isso é ilegítimo e objetável. O segundo é o que fazem revistas e jornais particulares. Penso que é objetável, mas fazer isso é um direito desses veículos.

Cristiano Rosa de Carvalho - Não se for feita por opção e pelo exercício da liberdade - desde quando qualquer associação privada é obrigada a divulgar as ideias com as quais não concorda? Se alguém me impedir de, por exemplo, imprimir um jornal ou fazer um website para divulgar as minhas ideias, aí sim estaremos falando de cerceamento de liberdade. Repito, o Imil tem todo o direito de não divulgar ideias que não estejam alinhadas aquilo que entende ser apropriado divulgar. Não é por ser um think thank liberal que é obrigado a debater todos os temas considerado imprescindíveis por outros. Quem não gostar, que faça o seu think thank, o seu website, ou o que quer que seja.

Rodrigo Constantino - Nossa, Janer Cristaldo, o Imil não tem absolutamente NADA a ver com o MídiaSemMáscara ou com o "filósofo" embusteiro...

Janer Cristaldo - Espero que nada tenha a ver, Constantino. Mas a resposta que a moça me enviou tem um viés inquisitorial. Ainda há pouco, o MSM alertava que estavam proibidas as discussões inter-religiosas. O Millenium me avisa que é proibido discutir aborto, células-tronco, homossexualismo, etc. Não estou vendo muita diferença. Fui convidado para colaborar com o Millenium. Muito honrado. Deixem-me então escrever sobre os temas cruciais da época. A CartaCapital é abjeta, mas pelo menos não censura o tipo de discussão. Censura opinião, é claro. Mas não o tema.

Aluizio Couto - Cristiano, só para clarificar a objeção ao Imil: um Think Thank deve ser um instituto cujo objetivo é busca pela verdade. Ou seja, penso que deve haver, antes de tudo, um caráter cognitivo nesses institutos. Quando opiniões são descartadas somente pela conclusão ou direção argumentativa, há qualquer coisa de errado.

Janer Cristaldo - Nenhuma associação privada é obrigada a divulgar as ideias com as quais não concorda. Não foi isso que me respondeu o Millenium. A resposta foi muito mais grave: proíbe, antecipadamente, qualquer tipo de debate sobre determinados temas, não importa quais sejam as idéias sobre o assunto. Cá entre nós, quando um Instituto promove fóruns sobre democracia e liberdade de expressão e proíbe temas inerentes à democracia e liberdade de expressão, meus companheiros de debate que me desculpem: isto é hipocrisia e certamente esconde propósitos nada confessáveis.

Cristiano Rosa de Carvalho - Penso que meu argumento não foi compreendido, certamente por falha minha ao expô-lo, já que todos aqui são inteligentes. É evidente que censura, sempre, implica uso da força. E, em sociedades com Estado, este uso é monopólio do próprio (ou deveria ser). Portanto, se o uso da força não for monopolizado, poderá haver censura descentralizada (como não há civilização sem algum tipo de autoridade central, esta censura privada, ao menos institucionalizada, é algo não comprovável empiricamente). Mas, em civilizações com autoridade central, ou a censura será inconstitucional (por se tratar de um Estado Democrático de Direito), ou, se for exercida por sujeitos privados, será ilícita, ilegal, portanto, punível juridicamente - em qualquer dos casos, censura será exercida pela força supressora de expressão de ideias, não pela recusa da autonomia privada em divulgar ideias, algo moral e juridicamente permitido. Em suma: se o Imil algum dia utilizar de meios para impedir que outros façam os seus próprios think thanks, websites ou jornais, aí sim estaremos falando de censura. Recusar, a priori ou não, tratar de determinados temas é opção - insisto, livre - de qualquer associação, seja por estratégia, seja por preferência temática. Mesmo assim, como disse, nunca sofri qualquer censura por parte do Instituto, muito pelo contrário. Mesmo em entrevistas que dei como seu especialista, jamais me foi imposta qualquer orientação, pauta ou o que quer que seja, mas sim me foi dada plena e irrestrita liberdade para dizer o que eu bem quisesse.

Janer Cristaldo - Não senhor, meu caro Cristiano. As esquerdas censuraram o tempo todo no Brasil, sem usar força alguma. Quem usava força eram os militares, o que só servia para proibir os "mártires" censurados. As esquerdas censuravam, tanto nos jornais como na universidade, omitindo fatos, proibindo a divulgação de certos dados, proibindo a referência a livros e autores que não fossem de esquerda, sussurrando em um encontro internacional "o fulano é de extrema-direita". Aí estava decretada a morte civil do escritor. Censura-se muito mais sem o uso da força que com o uso da força. Pode-se censurar com uma bibliografia, com uma seleção de ementas na universidade, com a diagramação de um jornal. Você diz: "Recusar, a priori ou não, tratar de determinados temas é opção - insisto, livre - de qualquer associação, seja por estratégia, seja por preferência temática". Não é bem assim. Um instituto que se pretende defensor da democracia e da liberdade de expressão não pode proibir temas inerentes à democracia e à liberdade de expressão.

Você não foi censurado? Eu fui, e antes mesmo de escrever qualquer coisa.

Leandro Mensch Ateu - Caralho, não tem o que discutir, agora qualquer um vai poder escrever qualquer coisa e o Imil tem que publicar? É o caralho! Se eu fizer um artigo escrito : "merda merda merda merda merda merda merda merda merda etc..", e ele não publicar ele me censurou?? Cada instituição tem seus objetivos caramba! Se eu quiser publicar no jornalzinho dominical um artigo defendendo a homossexualidade a igreja pode me banir! Se eu quiser escreve O MEU jornal defendendo a homossexualidade e a igreja tentar me banir, ISSO CENSURA, ainda mais se tiver ajuda do governo. É completamente diferente e essa discussão é a mais ridícula que já vi, emocional e não racional. Melhor é amadurecer um pouquinho. Pra reclamar de censura, espera o Imil tentar fechar seu blog! Poha

Janer Cristaldo - Você pode, Leandro, escrever o que quiser e proibir o que quiser em seu jornalzinho. É mais ou menos o que fazem os proprietários dos grandes jornais. O que não pode é um instituto dedicado à defesa da democracia e da livre expressão proibir debates que estão na primeira página de todos os jornais.


INSTITUTO MILLENIUM,
UMA FARSA LIBERAL (I)


Em sua página no Facebook, Rodrigo Constantino tece uma série de críticas à revista CartaCapital. Não deixei de dar meu pitaco:

- Totalmente de acordo no que diz respeito à CartaCapital. Mas o Instituto Millenium tampouco é flor que se cheire. E linkei o artigo ao final deste debate, que escrevi em 2010. Rodrigo Constantino - Janer Cristaldo, eu sou do conselho gestor do Instituto Millenium, e acho que aqui vc confunde censura com estratégia de ação. Não é censura um instituto selecionar quais temas quer evitar. É apenas para focar no que interessa mais. Entre os especialistas do instituto, não há nada perto de um consenso entre questões como aborto ou drogas. Foi somente uma decisão estratégica de evitar essas polêmicas, que poderiam desviar o foco. Não é uma farsa por conta disso.

Janer Cristaldo - Com todo apreço que tenho por teu trabalho, isso é censura, Constantino. E censura das mais safadas, daquelas que se camuflam com o rótulo de liberalismo. Como debater o mundo contemporâneo sem abordar temas como aborto, pena de morte, células-tronco embrionárias, eutanásia, suicídio, legalização das drogas, homossexualismo, adoção de crianças por casais homossexuais?

Vejo inclusive um viés catolicão nessa proibição. Todos esses temas constituem quase matéria de dogma para a Santa Madre.

Rodrigo Constantino - Janer, se vc cortar do SEU site comentários, isso é censura? Cuidado para não cair na armadilha dos esquerdistas...

Janer Cristaldo - Eu não corto nenhum comentário de meu site. Para começar, o blog não está aberto a comentários. Por uma razão simples: recebo muita baixaria e não tenho tempo para moderar. Os artigos que publico no Baguete podem ser discutidos, eles têm uma equipe para selecionar baixarias. Mas os temas censurados pelo Millenium não constituem baixaria. São temas vitais de nossa época. Millenium parece demonstrar temor ao contraditório, pois proíbe tanto a defesa como a condenação dos itens em questõ. A política do instituto em muito lembra a atitude inquisitorial do Olavo de Carvalho. O Dostoiévski campineiro agiu como um Torquemada tupiniquim. É responsável pela primeira fogueira digital no Brasil. Apagou todos os artigos - meus e teus, inclusive - com os quais não concordava.

Eduardo Ribeiro - Também não vejo mal algum em cortar esses temas, visto que o que é mais debatido no instituto Millenium são temas de extrema importância como economia e também agrega liberais e conservadores sem consenso a respeito desses temas, como disse o Constantino. Bem diferente da esquerda que possui CARTILHA para seguir, no IMIL não há, apenas uma recomendação de evitar temas que possam causar debates internos que possam enfraquecer a imagem que o instituto visa passar.

Janer Cristaldo - Não é recomendação, meu caro Eduardo. É proibição. E quando discutimos economia, estamos discutindo quais economias possibilitam a democracia e a liberdade de expressão. São temas inter-relacionados. É óbvio que temas como aborto, legalização das drogas ou células-tronco têm muito a ver com a agenda do Fórum Liberdade de Expressão: Cenários, Tendências e Práticas na América Latina

11h - Ameaças à Democracia no Brasil
14h - Restrições à Liberdade de Expressão
16h - Liberdade de Expressão e Estado Democrático de Direito
17h30 - Especial de Encerramento: Democracia e Liberdade de Expressão

Aluizio Couto - Janer Cristaldo, não penso que o que você e o Rodrigo estão discutindo seja um exemplo de censura. Penso que censura é a tentativa de impedir a publicação ou expressão de alguma coisa em todo e qualquer meio. O Millenium optou por não publicar artigos sobre os temas que você queria tratar, mas não te impede de modo algum de publicá-los em outros veículos.

Cristiano Rosa de Carvalho - Concordo plenamente. Como qualquer Think Thank, o IMil pode e deve exercer o direito de direcionar o desenvolvimento e abordagem de temas que considere mais relevantes. Censura é algo imposto, coercitivamente, que casse o direito de expressar a opinião.

Eduardo Ribeiro - Com certeza, posso proibir que certas pessoas entrem em minha casa, por exemplo. Um direito meu. Nada tem a ver com censura.

Janer Cristaldo - Não, Aluizio. Nem falei do que queria tratar e talvez nem tratasse desses assuntos. Apenas fiz uma ressalva: “Não aceito censura a nenhum artigo que pretender publicar no site Millenium. Se houver hipótese de censura, considere-me excluído do Instituto” . Quem especificou os temas que seriam proibidos foi a coordenadora de redes do Instituto. De novo, mais um argumento do astrólogo: que o MSM tinha uma linha editorial e que ele se julgava no direito de não publicar nada que ferisse essa linha editorial. (O gozado é que este argumento não vale para os jornais que dispensaram suas colaborações). Claro que posso publicar em outros veículos. E publico, para isto existe a Internet. Mas com sua atitude inquisitorial, o Millenium está negando o que constitui a melhor virtude da Internet, a liberdade de expressão. Em verdade, está agindo como os jornalões.

Aluizio Couto - Só gostaria de dizer uma coisa: não sou simpático ao fato de certos Think Thanks não publicarem certos artigos por causa de suas conclusões ou direção argumentativa. Por exemplo, vejo com receio um institudo que não publica artigos em defesa do aborto só pelo fato de a conclusão ser ''o aborto é moralmente permissível'' ou pelo fato de o artigo pretender defender o aborto. Acho que o único critério sensato que uma publicação que realmente valoriza a busca pela verdade deve ter é a qualidade do material.

Cristiano Rosa de Carvalho - Sem esquecer que o Imil é uma associação civil, privada, associe-se quem quiser, acompanhe quem quiser, leia quem quiser. Trata-se de uma opção, aliás, ínsita à liberdade de associação. Sou um dos especialistas do Instituto Millenium, já há vários anos, e nunca tive o meu direito de expressão ali cerceado, em qualquer grau que seja, quanto às entrevistas que concedi em seu nome, ou nos artigos e opiniões que publiquei também como seu especialista. Evidentemente, se em algum momento as minhas posições contrastarem com a linha do Imil, eles terão todo o direito de recusar externá-las em seus meios de divulgação, o que não é censura de forma alguma, mas apenas - novamente - liberdade de associação. Ninguém é obrigado a se associar com o que não concorda.

Janer Cristaldo - Exatamente, Cristiano. Censura é algo imposto, coercitivamente, que cassa o direito de expressar a opinião. Claro que ninguém é obrigado a se associar com o que não concorda. Não é isto que está em discussão. O que se discute é que um instituto que empunha a bandeira do liberalismo proíba a discussão de temas que são tabu para a Igreja Católica. No fundo, o Millenium parece ser a outra face do Midiasemmascara.

Lmendes Mendes - Ninguém, realmente, é obrigado a se associar a algo que não goste. Por exemplo: Não suporto CartaCapital. Li ,algumas vezes, e detestei.

Janer Cristaldo - Eu gosto de ler a CartaCapital, Mendes. Adoro ver as esquerdas desesperadas, tentando mostrar que preto é branco e branco é preto. Mino Carta é certamente o mais venal dos jornalistas brasileiros. Um de seus últimos artigos é um ataque ao PT. É bom auscultar estes sinais, constituem um prenúncio de naufrágio.

Lmendes Mendes - Janer, prefiro não ler. Fico irritada além da conta,rsrsrs...

Aluizio Couto - Janer, concordo que a atitude do instituto foi lamentável. Eu também me sentiria pouco a vontade se me dissessem que não posso tratar deste ou daquele assunto. E essa atitude do instituto parece não ser coerente com a pluralidade defendida pelos liberais. Deveria ser óbvio que se quisermos discutir qualquer coisa com real interesse cognitivo, não faz sentido excluir pontos de vista particulares.

Janer Cristaldo - Voilà, Aluizio!

Rhyan Fortuna - Janer, creio que o Rodrigo está defendendo que não existe censura privada. Censura seria apenas algo estritamente estatal.

O Imil é o mais social-democrata dos institutos liberais brasileiros. Se esquerda fica horrorizada com ele, imagina se ver os outros...

Rafael Guedes - O IMIL não é um veículo de comunicação. É um instituto e, como tal, tem direito de dirigir seus debates, obedecendo a normas internas de convivência e cooperação.

Janer Cristaldo - Teu argumento coincide com os do astrólogo, Rafael.


A FARSA DO MILLENIUM *

O Instituto Millenium, que pretende ter como missão promover a democracia, a economia de mercado, o estado de direito e a liberdade, promoveu hoje o 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão. Participam do encontro vários medíocres como Fernando Gabeira, Arnaldo Jabor e Reinaldo Azevedo, e alguns intelectuais até que respeitáveis, como Demétrio Magnoli, Denis Rosenfield, William Waack e Otavio Frias Filho. Respeitáveis, mas ingênuos. Eis o cardápio dos debates:

9h30 - Painel de Abertura: Liberdade de Expressão: Cenários, Tendências e Práticas na América Latina

11h - Ameaças à Democracia no Brasil
14h - Restrições à Liberdade de Expressão
16h - Liberdade de Expressão e Estado Democrático de Direito
17h30 - Especial de Encerramento: Democracia e Liberdade de Expressão

A agenda é divina. Até parece que o instituto defende a democracia, o Estado democrático de Direito e a liberdade de expressão. No entanto... Em julho do ano passado, fui convidado a escrever no site do instituto. Por que não? Pediram meu currículo, enviei-o. Com uma ressalva: “Não aceito censura a nenhum artigo que pretender publicar no site Millenium. Se houver hipótese de censura, considere-me excluído do Instituto”. Resposta de Anita Lucchesi, coordenadora de redes do Instituto Millenium:
Caro Sr. Janer,

consultei a nossa editora, Cristina Camargo, para que pudesse lhe informar sobre nossa linha editorial, com mais certeza, pois é ela que cuida da publicação dos artigos. Envio-lhe, portanto, a linha editorial do Millenium:

Não publicamos artigos que contenham defesa ou condenação dos seguintes assuntos:

- Aborto
- Pena de morte
- Células-tronco embrionárias
- Eutanásia
- Suicídio
- Legalização das drogas
- Homossexualismo
- Adoção de crianças por casais homossexuais

Se o senhor não se importar com estas colocações, podemos prosseguir, no entanto, se o senhor se sentir "censurado", faça-me saber, podemos conversar sobre outras formas de participação, se for do seu interesse.


Claro que não prossegui. O instituto que pretende defender a liberdade de expressão começa excluindo qualquer hipótese de debate sobre os temas mais candentes da imprensa contemporânea. No mínimo, deve servir de plataforma a algum partido político, provavelmente o PSDB.

E depois enchem a boca falando em democracia e liberdade de expressão. O mais espantoso é que jornalistas, que sempre pretenderam defender a democracia e liberdade de expressão, participem desta farsa.


(* 01/03/2010)
 
10 de dezembro de 2012
janer cristaldo

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