"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

GAROTINHO, CÉSAR MAIA E O BEIJO DA MORTE NO RIO


Garotinho

Certas coisas na política brasileira são mesmo incompreensíveis. Uma delas é a inacreditável capacidade do eleitor para fechar os olhos a quem comete os mais variados crimes e deslizes de forma sistemática e recorrente.

A alienação política do eleitorado brasileiro causa verdadeiras aberrações em matéria de coligações e de candidaturas a cada nova eleição. A mais nova dessas aberrações é a aliança entre os clãs Garotinho e César Maia para as eleições municipais do Rio de Janeiro.

Conhecido como “candidato teflon”, Garotinho é uma das figuras mais perniciosas que já surgiram na política fluminense. Sempre envolvido com denúncias de falcatruas, favorecimentos e com montagem de esquemas de corrupção dignos dos filmes sobre a máfia; esse senhor e sua esposa sempre que são condenados por seus crimes conseguem, de alguma forma, escapar das garras da lei por tecnicalidades ou simplesmente pela ineficiência do Judiciário que só os alcança após a prescrição desses crimes.

Denunciado pela construção de dois dos maiores esquemas de corrupção já vistos na história do Rio de Janeiro (a formação da máfia dos fiscais que levou o estado a falência, através de seu braço direito conhecido como Silverinha e o loteamento de delegacias e conivência com o Jogo do Bicho e o tráfico de drogas em troca de dinheiro para campanhas políticas), esse senhor e sua família gozam de um séquito de imbecis que lhes dão enorme sobrevida e força política para continuar assombrando o Estado do Rio de Janeiro e manter nossa política em um constante estado de obscurantismo.

César Maia, por outro lado, após realizar governos primorosos à frente da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, por algum motivo foi tomado por um comportamento megalomaníaco que acabou levando-o para o caminho das obras faraônicas e sem nenhuma necessidade prática para a cidade.
Seu mais profundo fracasso (até hoje afundado em denúncias de corrupção e em gastos inexplicáveis), a mal fadada Cidade da Música, representou um enorme desperdício de recursos públicos e foi um marco de sua péssima administração realizada em seu último mandato.


César Maia o  queimadaço



Curiosamente essas duas forças do retrocesso e do descaso com as necessidades urgentes da cidade se uniram, mesmo sendo clássicos inimigos, visando derrotar um inimigo comum: o PMDB. Infelizmente para os cariocas tanto essas duas forças – outrora antagônicas – quanto o candidato do PMDB (Eduardo Paes) podem ser resumidas em uma única sentença: o pior dos mundos.

Com a ausência de lideranças de qualidade, um péssimo retrospecto de desempenho do eleitorado e uma tendência quase nata para o desastre; as eleições para a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro parecem estar se tornando um verdadeiro “Beijo da Morte” em nossa Cidade Maravilhosa.

Seja qual for o lado vencedor, uma vez que os outros candidatos são de uma inexpressividade a toda prova, o Rio de Janeiro só terá a perder. Ganhando a aliança Garotinho/César Maia haverá a vitória da corrupção, da podridão e do populismo que tornaram o Rio de Janeiro uma das piores cidades do Brasil em matéria de saúde, educação e qualidade de vida para a população.

Vencendo a corrente da situação (PMDB), será premiada a ineficiência, o fisiologismo barato e a incompetência que se preocupa apenas em dar uma aparência de funcionamento a máquina da prefeitura, enquanto assiste imóvel a desintegração do aparelho estatal e ao sofrimento do povo a quem deveria servir e proteger.

O que deveria ser uma oportunidade para o Rio de Janeiro se agarrar e buscar uma mudança, uma solução para seus problemas ou apenas melhorar um pouco; terá de rezar para escolher o menos pior e pesar se deseja piorar – entregando-se a uma verdadeira máfia do atraso e do obscurantismo – ou ficar na mesma e seu péssimo desempenho das últimas décadas, acaba por se transformar em uma forma de agonizar lentamente rumo a se tornar um foco de desespero e sofrimento por ter uma administração que pensa em transformá-la numa cidade que não se preocupa com o bem-estar de quem a habita e que serve apenas aos seus propósitos obscuros e inconfessáveis.
Pense nisso.

27 de fevereiro de 2013
visão panorâmica

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