"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 23 de abril de 2013

A DERROTA DO "BOLIVARIANISMO" E O REVÉS DE DILMA NO PARAGUAI

 

A suspensão do país do Mercosul, liderada pelo Brasil, não impediu a eleição de um candidato de centro-direita para a presidência

A eleição do empresário Horacio Cartes, do Partido Colorado, de centro-direita, para a presidência do Paraguai tem um significado que vai muito além da derrota de seus principais adversários – Efraín Alegre, do Partido Liberal, de centro, e Mário Ferreiro, da Frente Avanza País, e Aníbal Carillo, da Frente Guaçu, ambos de esquerda.
Apoiado pelo ex-presidente Fernando Lugo, que sofreu um processo de impeachment aprovado pelo Congresso em junho do ano passado, de acordo com as normas constitucionais do país, Carillo ficou em quarto lugar no pleito, com apenas 3,3% dos votos.

A vitória de Cartes representa um tremendo revés para a tríplice aliança, formada por Brasil, Argentina e Uruguai.
Numa manobra casuística, os três países, liderados pelo Brasil, impuseram ao Paraguai a suspensão do Mercosul após o impeachment de Lugo, sob a alegação de que foi um “golpe de Estado”, e aproveitaram a oportunidade para aprovar a toque de caixa a adesão da Venezuela ao bloco, que ainda não havia sido referendada pelo Congresso paraguaio.

Embora a tríplice aliança tenha se apressado em abrir o caminho para a volta do Paraguai ao Mercosul, é certo que Cartes será um elemento estranho em meio ao “bolivarianismo” que tomou conta do bloco depois que a esquerda assumiu o poder nos quatro países membros – agora, cinco, com a entrada da Venezuela – a partir dos anos 2000.
Afinal, foi o Partido Colorado de Cartes que liderou o impeachment de Lugo, com o apoio decisivo do Partido Liberal, que fazia parte da coalizão do governo.

Se havia a expectativa de que a punição imposta ao Paraguai pudesse ajudar o partido de Lugo a voltar ao governo nos braços do povo, o tiro saiu pela culatra. Com a vitória de Cartes, o Paraguai se torna mais um país do continente a rejeitar o receituário bolivariano, em suas diferentes colorações, ao lado de Peru, Colômbia e Chile.
Depois da vitória apertadíssima do chavista Nicolás Maduro na Venezuela, sob a acusação de fraudes eleitorais, que levaram o Conselho Eleitoral do país a determinar a recontagem dos votos, a ascensão de Cartes é mais um sinal de que o ciclo de governos de esquerda na América do Sul pode estar se esgotando.

23 de abril de 2013
JOSÉ FUCS

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