"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 6 de abril de 2013

O DESARMAMENTO, O COMBATE A POBREZA, A E UM PAÍS DE FAZ DE CONTA

Dilma a amiga dos pobres


Nos últimos anos, o Brasil vive um estranho fenômeno que afeta países dominados por governos populistas e sem compromisso real com o povo ou com o desenvolvimento: a distorção da verdade.
A realidade que experimentamos hoje é de tal forma distorcida que a única forma de descrevê-la em toda a sua plenitude é recorrer a um dos comerciais de televisão mais premiados da história do país. Um comercial da Folha de São Paulo, brilhantemente criado pelo publicitário Washington Olivetto.
Comercial Folha de São Paulo
É lógico que as realizações apregoadas pelo governo petista ficam ainda muito aquém das do político citado no comercial. Contudo, o espírito da peça publicitária traduz muito bem a distorção da realidade promovida pelos mecanismos de propaganda do governo em contraste com a realidade vivida pelo cidadão.
Exemplos não faltam:
Ontem (01/04) – por coincidência o Dia da Mentira – um levantamento realizado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) comemorou o “sucesso” do Estatuto do Desarmamento ao publicar que o referido estatuto foi responsável por uma queda de 40% na compra de armas de fogo legalizadas. Curiosamente, a divulgação do levantamento foi feita em um evento que lembrava os dois anos do massacre ocorrido em uma escola de Realengo, aqui no rio de Janeiro (promovido por um lunático de posse de armas vendidas ilegalmente).
Tudo muito bom. Tudo muito bem. Tudo lindo e maravilhoso. Mas, o que o IPEA, o seu presidente e o próprio governo parecem ter convenientemente esquecido (além de toda a imprensa e da sociedade) é que o objetivo por trás da criação do Estatuto do Desarmamento e da quase proibição absoluta da compra de armas legalizadas pelo cidadão (criou-se uma pesada barreira financeira que elevou os custos a um patamar proibitivo ao cidadão médio) era diminuir a violência e as mortes por armas de fogo no país.
Essa era a “desculpa boazinha” apresentada pelos gênios que desenvolveram o estatuto e pelo governo, sempre ávido em privar o cidadão de qualquer meio de defesa, uma vez que eram as armas legais em posse dos cidadãos que abasteceriam os criminosos e seriam responsáveis pelo alto número de homicídios no país.
No entanto, a verdade é muito mais simples e cruel: o Estatuto do Desarmamento provou-se um enorme fracasso (aliás, como já era esperado). A política demagógica de atribuir-se ao cidadão possuidor de uma arma de fogo legalizada o peso pela violência caiu por terra, derrotada pela realidade.
Já que ao compararmos o número de mortes por armas de fogo no mesmo período, observamos simplesmente uma explosão de homicídios após a implantação do estatuto (em média 50 mil por ano).
A única mudança prática, provocada pelo estatuto, foi o aumento da sanha dos criminosos. Afinal, com o cidadão proibido de manter sua arma, o criminoso está livre para matar a vontade.
Sempre bem armados, já que bandido não compra arma legalizada e não foi atingido pelo estatuto, e com a certeza de que a possibilidade de enfrentar uma reação armada é praticamente nula, o bandido hoje despreza totalmente a vida do cidadão e se entrega apenas a satisfação de seus anseios animais.
política da rendição
A divulgação distorcida do IPEA apregoa um enorme sucesso e uma conquista sem paralelo para a sociedade brasileira. A verdade, no entanto, é outra. Nunca se matou tanto no Brasil como hoje e nunca tantas armas ilegais circularam no país como atualmente.
Não é desarmar a população que diminui o crime. É aparelhar e capacitar à polícia, promover a celeridade no Judiciário, garantir penas severas e educar o cidadão. Sem que isso seja feito, tudo o que sobra é mera demagogia.
Outra “realização” do governo é o combate à pobreza.
A pergunta a ser feita é muito simples: como se combate a pobreza? Dando dignidade, trabalho, educação e renda ou simplesmente dando uma esmola?
A resposta a isso pode ser experimentada pelo cidadão comum em seu dia a dia. Quando abordado por um mendigo que lhe solicita uma esmola e ao dar essa esmola pura e simples; o cidadão garante que o mendigo continuará mendigo e estará lá amanhã lhe pedindo mais uma vez ”uma esmolinha pelo amor de Deus”.
Mas, se ao invés da “esmolinha” lhe for oferecido acesso a um tratamento que lhe ajude a enfrentar as causas que o tornaram um mendigo; oferecidos capacitação, oportunidade, apoio logístico e financeiro inicial ou alguma forma de aconselhamento empresarial ou profissional; a probabilidade de que ele continue sendo um mendigo cairá drasticamente.
É justamente isso que não faz o governo com os programas sociais.
É claro que quem tem fome exige uma ação rápida e uma solução imediatista para sanar esse terrível problema. A miséria não pode esperar meses ou anos até que o cidadão cresça lentamente e se liberte dela. Mas, um governo realmente preocupado em libertar o miserável, daria o apoio financeiro e trataria também de dar dignidade e meios de superação permanente a essas pessoas.
Tratar as raízes da miséria e as causas desse terrível mal não é simples. Exige comprometimento; recursos humanos e financeiros; muita disposição, criatividade e, além de tudo, desprendimento do governante.
Ao invés de criar uma enorme massa de mendigos profissionais e de escravos dos programas sociais, dispostos a tudo para não perder a única tábua de salvação que encontraram. Um governo sério daria capacitação, financiamento e apoio logístico para esses cidadãos e para as comunidades miseráveis como forma de garantir uma real libertação da miséria através do fomento a evolução de toda a comunidade. Ao optar por simplesmente dar “um dinheirinho” ao final do mês, o governo pretende apenas criar um cabresto eleitoral e não resolver o problema.
Esse “cabresto” fica extremamente visível quando são divulgadas essas estranhíssimas pesquisas de popularidade da presidente Dilma e se percebe (de acordo com o próprio governo) que depois de um substancial aumento dos benefícios para o nordeste (a nova Bolsa Bode); a popularidade de Dilma disparou na região.
bolsa caça voto
Portanto, como corroborar uma popularidade astronômica de um governo praticamente inerte e devastado por escândalos de corrupção cada vez mais frequentes e danosos à nação?
Como avaliar positivamente, de forma séria, um governo que nos trouxe a inflação de volta e a estagnação econômica? Mesmo a desculpa da crise mundial não pode ser usada para diminuir a responsabilidade do governo. Países como o Chile, o México e outros (teoricamente mais pobres do que nós) enfrentam a mesma crise e, contudo, cresceram muito mais do que nós.
Os hospitais enfrentam um caos total e se transformaram em máquinas de genocídio. No RJ, o Hospital Geral de Bonsucesso (Federal) simplesmente deixou crianças morrerem porque está há meses sem equipe médica para transplantes e o Ministério da Saúde nada fez para sanar o problema até que fosse tarde demais.
A política de segurança pública do governo é a da rendição. Se o crime aumenta e precisa-se de vagas no sistema penitenciário; a solução “genial” e soltar o presos perigosos ou amenizar as penas. Cartilhas são distribuídas aos cidadãos os orientando a “levar o do ladrão” para não provocar a ira dos meliantes ou “fazer cara de brava” para escapar do estuprador. No Piauí o governo garante regalias aos presidiários de uma facção criminosa como forma de “evitar complicações” nas ruas.
A educação vive “uma revolução” inacreditável em que uma nota dez é garantida numa redação de prova oficial por subverter-se a escrita correta do idioma e “enchergar” longe um hino de clube ou uma receita de miojo, mesmo que o tema proposto tenha sido completamente diferente.
Em resumo: economia estagnada, inflação de volta com força total, saúde, educação e segurança entregues às moscas e a popularidade do governo nas alturas. Como se explicar isso?
Da mesma forma que o senhor, de quem trata o comercial da Folha, quase dominou o mundo: uma boa propaganda e muita distorção da realidade.
Pense nisso.

06 de abril de 2013
Arthurius Maximus

Nenhum comentário:

Postar um comentário