
Só seria admitido foro privilegiado (julgamento em tribunais) para crimes de responsabilidade, que só podem ser cometidos por agentes políticos.
A proposta tem parecer pela admissibilidade desde 12 de junho de 2012. No entanto, ela não entra na pauta de votação do colegiado. Para o líder da MD, o assunto é de extrema importância e merece uma apreciação mais rápida. “Outras propostas claramente inconstitucionais, como a PEC 33, que submete decisões do Supremo Tribunal Federal ao Congresso, acabam tendo a preferência e são aprovadas. Espero que a partir de agora as matérias que são de interesse de toda a sociedade, como o fim do foro privilegiado, tenham prioridade na pauta”, defende o deputado.
A proposta de Rubens Bueno suprime e altera diversos incisos da Constituição que estabelecem quais categorias, entre elas os políticos, têm direito a julgamento apenas em instâncias superiores.
A intenção do líder do PPS é evitar, por exemplo, que pessoas entrem para a política com o único objetivo de postergar o julgamento de crimes que cometeram.
“Temos que mostrar para a sociedade que ninguém deve buscar um mandato para sobrestar esse ou aquele processo. O mandato é para defender a população e ideias para o país. Temos que parar com esse absurdo de, uma vez processada, a pessoa buscar um mandato para ganhar tempo e escapar de julgamentos”, defende Rubens Bueno.
Entulho da ditadura
O líder do PPS lembra ainda que da primeira Constituição do Brasil, em 1824, até 1969, período da ditadura militar, os políticos brasileiros atuaram normalmente sem ter o privilégio. “Esse foro especial foi incluído em nossa Constituição por um regime de exceção. Então, essa é mais uma página do entulho da ditadura militar que nós temos que virar. Na democracia moderna não pode existir esse tipo de privilégio”, afirma o deputado.
Presidente do STF é contra o privilégio
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, também é contra o foro privilegiado. Na última sexta-feira (3), em evento promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre liberdade de imprensa, na Costa Rica, disse que o foro privilegiado leva à impunidade no Brasil. Barbosa lamentou ainda o fato de políticos não serem julgados por juízes comuns. “Se um político é acusado de um crime no Brasil, ele não será julgado por um juiz regular”, afirmou durante o encontro.
Joaquim Barbosa apontou também que o sistema judicial desfavorece os pobres. “O Brasil é um país que pune muito as pessoas pobres, negros e sem boas conexões”, disse o ministro, referindo-se a quem não consegue pagar bons advogados. “Mas, se a pessoa é ministro de Estado ou membro do Congresso, será julgada pelo STF”, completou.
07 de maio de 2013
ucho.info
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