"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 23 de julho de 2013

BARBOSA AGENDA PARA AGOSTO JULGAMENTO DE RECURSOS DO MENSALÃO, E SE ARMA CONTRA INTRIGA DOS PETRALHAS



 
Por enquanto, o fim de Julho é só festa com a vinda do Papa Francisco ao Brasil. Mas Agosto tem tudo para ser o mês do desgosto para os condenados no Mensalão. Assim que retornar das férias do Judiciário, o super Joaquim Barbosa promete agendar o tão esperado julgamento dos recursos dos 25 condenados na Ação Penal 470.
Sexta-feira passada, no Palácio do Planalto, ele falou do assunto na audiência surpresa com a Presidenta Dilma Rousseff.

O presidente do Supremo Tribunal Federal avalia que está tudo ok para a apreciação da validade dos embargos – infringentes ou de declaração.
Barbosa só vai cumprir o ritual combinado de avisar a data com dez dias de antecedência, para facilitar a vida dos colegas do STF e dos advogados que tentarão, no mínimo, diminuir as penas de prisão em regime fechado.
Tal manobra tem tudo para prosperar – o que pode desmoralizar a Justiça perante a opinião pública e parte da opinião publicada...

O plenário do STF entra dividido na aceitação sobre os embargos infringentes. Claramente, Joaquim Barbosa e Luiz Fux defendem que eles não cabem no julgamento do Mensalão. O decano Celso de Mello pensa o contrário. Gilmar Mendes tende a acompanhá-lo. A cabeça dos outros sete ministros é um grande mistério nesta polêmica. Assim é grande o risco de os mensaleiros se darem bem no fim da história.

Joaquim Barbosa fortaleceu ainda mais sua imensa vontade de executar a prisão imediata dos réus. Barbosa identificou a digital dos petralhas condenados nas recentes intrigas publicadas contra ele na imprensa.
Barbosa viu na ação psicológica uma vã tentativa de queimar sua imagem positiva perante a opinião pública – que o lembra sempre como “presidenciável ideal” a suceder Dilma Rousseff.

A primeira intriga foi sobre Barbosa ter recebido R$ 580 mil em benefícios atrasados da “Parcela Autônoma de Equivalência” paga pelo Ministério Público Federal, onde ele atuava antes de ser nomeado para o olimpo do STF.
A segunda, mais recente, foi a criação de uma empresa nos EUA para adquirir um apartamentão em Miami aproveitando-se de vantagens tributárias absolutamente legais.
As duas estórias foram veiculadas pelo jornal Folha de São Paulo.

A petralhada teria mais bombas contra Barbosa. Sabendo que podem ser surpreendidos com o pedido de prisão, voltam a espalhar boatos de que têm chumbo grosso contra os ministros do Supremo Tribunal Federal, principalmente contra Joaquim Barbosa.
O Alerta Total já antecipou um jogo sujo nos bastidores. Se Barbosa pedir o imediato cumprimento da pena dos mensaleiros, uma guerra contra ele será declarada pelos petralhas, com um desfecho institucional imprevisível.

Visão do Barbosa

Joaquim Barbosa argumenta que o STF não aceita embargos infringentes em ação penal originária de sua competência – a exemplo do que faz o Superior Tribunal de Justiça.
 
Barbosa avalia que a defesa dos réus apenas promove uma manobra protelatória da sentença.
 
Barbosa deixou claro em seu despacho sobre um recurso apresentado pela defesa de Delúbio Soares:
 
“Noutras palavras, admitir o recurso de embargos infringentes seria o mesmo que aceitar a ideia de que o STF, num gesto gracioso, inventivo, magnânimo, mas absolutamente ilegal, pudesse criar ou ressuscitar vias recursais não previstas no ordenamento jurídico brasileiro, o que seria inadmissível, sobretudo em se tratando de um órgão jurisdicional da estrutura dessa suprema corte”.

Visão do Decano

Já o decano do STF, Celso de Mello, no acórdão do Mensalão, aceitou a tese dos embargos infringentes
 
 Mello admitiu que tais recursos permitem aos réus “a concretização, no âmbito do STF, do postulado do duplo reexame, que torna pleno o respeito ao direito consagrado.
 
Mello até escreveu que “opostos os embargos infringentes, serão excluídos da distribuição o relator (Barbosa) e o revisor (Ricardo Lewandowski), o que permitirá, até mesmo, uma nova visão sobre o litígio penal”.

Anomalia e insegurança

Como a insegurança jurídica, com alto risco de impunidade no final das contas, parece ser uma marca registrada no julgamento do Mensalão, é prudente esperar para ver como terminará toda a estória...

A Ação Penal 470 só rolou no STF porque somos o País da Impunidade, com o absurdo foro privilegiado que acaba protegendo políticos infratores.
 
Se o Foro Privilegiado não acabar, casos de lentidão para punir (como o Mensalão) vão se repetir.
 
E o Foro Privilegiado não vai acabar, justamente porque os políticos (que se beneficiam dele) não têm a menor vontade.
 
Fala sério...

Pior que a insegurança jurídica no Brasil foi a mancada dada ontem pelo esquema de segurança que recebeu o Papa Francisco.

Deixar o Fiat do Papa, com vidro aberto, ficar preso em um engarrafamento de trânsito, foi de uma irresponsabilidade infernal.

Mas como Deus parece ser mesmo brasileiro, nada aconteceu ao Pontífice e nem aos que ousaram se aproximar do carro dele em movimento ou parado no meio da multidão de fiéis

Prevenido...

No seu primeiro discurso claramente religioso, o Papa Francisco comentou que veio ao Brasil sem trazer ouro e prata...

Na interpretação dos mais gaiatos, o Papa não falou isso apenas por ser um jesuíta com jeitão franciscano, despido de vaidades...

Mas sim pela qualidade dos políticos que o esperavam para a recepção oficial no Palácio Guanabara...


 Tango do Francisco

No avião até o Brasil, o Papa Francisco fez uma brincadeira religiosa.
Segundo ele, como Deus é brasileiro, o Papa teve de ser argentino...

Como nossos hermanos levam a piada a sério, já compuseram até um Tango para o Francisco...


Aliás, tem uma pergunta que não quer calar:

Jura por Deus que este Francisco é mesmo argentino?

Recadinho

Do colono aposentado e de pouca instrução, nosso leitor José Tristão, um lembrete ao Papa Francisco:

O que o Papa deveria ficar sabendo e não vai saber! É que aqui no Brasil (em outros Países não sei), os animais domésticos, nas clinicas veterinárias são tratados com toda a dignidade e respeito. Porém as pessoas são jogadas nos Hospitais como jogadas em contentores de lixo.
 
Sem jeito mandou lembranças...


Mais tarde, no Palácio Guanabara, quebrando o protocolo, o Papa deu até dois beijinhos no rosto da Dilma...

Aliás, do jeito que a Dilma anda isolada pelo PMDB e pelo PT, ela bem que poderia ter aproveitado o encontro de ontem para pedir asilo político ao Vaticano...

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

23 de julho de 2013
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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