"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 4 de junho de 2013

PESSIMISMO?


Algumas das arenas já receberam o apelido de elefantes brancos, já que foram erguidas em centros onde o futebol desperta menos interesse que o campeonato de lançamento de bigorna na Escócia, transmitido por alguns canais de TV a cabo.
E o tão decantado legado que se vislumbrava na época do anúncio, lá nos idos de 2007, com Lula já engalfinhado no mensalão mas ao mesmo tempo consolidando uma estratégia populista visando a eternizar o poder? Será melhorada a mobilidade urbana?
Ilusão. 
Nossas grandes metrópoles, hipertensas, já não conseguem um nível mínimo de operacionalização, fruto de uma política inconseqüente, oriunda das cabeças privilegiadas da equipe econômica que promoveram desonerações e esquemas de crédito irresponsáveis visando a socorrer a indústria automobilística, ao invés de estimular investimentos em transporte público de qualidade, do qual a população nunca pôde desfrutar.
Haverá afluência maciça de estrangeiros, fazendo decolar nossa atrapalhada indústria de turismo que consegue o milagre de oferecer pacotes Rio-Fortaleza a preços mais elevados que os Rio-Lisboa? Pouco provável, pois a fama de violência urbana impune, com políticas de proteção ao bandido, desmoralização da polícia e justiça leniente, já correram mundo, não havendo tempo útil para desfazer o estigma, em virtude da inércia característica da má fama. 
E os aeroportos? Poderão apresentar um soluço de eficiência durante os eventos esportivos mas continuarão funcionado precariamente após as festas, massacrando, como sempre, o infeliz passageiro nativo e estrangeiro.
Enfim, pode-se prognosticar um desdobramento de improvisos e confusões que colocarão em cheque o prestígio internacional do país.
 
Nada de pessimismo, no entanto. O governo petista encontrará, auxiliado por uma mídia amiga e submissa, meios eleitoreiros de salvar as aparências, criando provavelmente recursos tipo bolsa-ingresso e decretando feriados em dias de jogos.
Afinal, o circo terá que atingir uma performance de gala em 2014, ano de eleição e de abocanhar mais um termo de governo, na tentativa de perenizar o poder. Será que um dia nos livraremos deste abismo espiralado?
 
04 de junho de 2013
Paulo Roberto Gotaç --  Capitão-de-Mar-e-Guerra reformado.

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