"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 4 de junho de 2013

O FALATÓRIO SOBRE A RESSURREIÇÃO DA INDÚSTRIA NAVAL ADVERTE: QUEM NÃO GOVERNA SEQUER O QUE DIZ NÃO PODE GOVERNAR UM PAÍS

 

Na tarde de 20 de maio, durante a festa do primeiro banho de mar do navio Zumbi dos Palmares, Dilma Rousseff resolveu animar a plateia com uma história que, ditada por uma cabeça sem avarias de bom tamanho, seria contada mais ou menos assim:
“No começo de 2003, quando eu era ministra de Minas e Energia, fui encarregada por Lula de cuidar da recuperação da indústria naval. Cumpri a missão com a ajuda de Graça Foster, hoje presidente da Petrobras, que na época chefiava uma das secretarias do ministério”. Ponto.
 
O parágrafo abaixo, transcrito sem retoques do Portal do Planalto, mostra como ficou a coisa relatada em dilmês-de-marinheiro pelo neurônio solitário:
 
“Quando o presidente é eleito pelo voto dos brasileiros e das brasileiras, o presidente Lula, ele me escolheu como ministra de Minas e Energia e, logo no início do governo – ele tomou posse em janeiro –, no início do governo ele me chamou e disse: “Ministra, vamos construir aqui o que puder ser construído aqui. Então, fica a sua responsabilidade garantir que a indústria naval do Brasil ressurja”. Aí, então, era minha secretária de petróleo e gás a então… – a agora, né? – presidente da Petrobras, Graça Foster. E eu e a Maria das Graças Foster fomos providenciar que o Brasil voltasse a ter indústria naval”.
 
A versão que transforma a Mãe do PAC em Tia da Potência Naval é tão confiável quanto o cronograma do trem-bala. Mas o conteúdo, no caso, é menos inquietante que a forma.
Quem não vê nada de mais nesse palavrório amalucado doido que erga o braço: fica mais fácil enfiar a camisa de força.
 
Nenhum candidato à sucessão presidencial conseguirá o apoio da oposição real se não afirmar com todas as letras, em voz alta e publicamente, que Dilma Rousseff é incapaz de produzir uma frase com mais de cinco palavras que tenha começo, meio e fim.
Os brasileiros que pensam sabem disso pelo menos desde 2007, quando a afilhada do mestre estreou no palanque. Os políticos e quase todos os jornalistas seguem fingindo que o dilmês da supergerente de araque faz tanto sentido quanto o inglês de Winston Churchill.
 
O cérebro não é dividido em compartimentos estanques. Ninguém é metade imbecil e metade brilhante. Quem não governa sequer o que diz não pode governar um país.

04 de junho de 2013
Augusto Nunes

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