"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 4 de junho de 2013

ESQUERDA EVANGÉLICA ANTI-ISRAEL PERPETUA SOFRIMENTO DOS PALESTINOS


          Artigos - Movimento Revolucionário        
Recentemente, a “Christianity Today,” proeminente revista evangélica dos Estados Unidos, colocou seus holofotes na lista “Os 5 Mais Importantes Livros sobre Israel & Palestina,” feita por Gary Burge, professor da Faculdade Wheaton, uma das mais prestigiosas faculdades evangélicas dos Estados Unidos.

Burge vem empreendendo uma cruzada para tentar mudar a direção dos evangélicos, a fim de afastá-los de sua posição tipicamente pró-Israel. Todos os cinco livros indicados por Burge prestam muitos elogios a uma perspectiva pró-Palestina, em variados graus. Evidentemente um livro que ofereça a experiência judaica não é, de acordo com ele, digno de atenção.
O primeiro livro que Burge louvou foi “Blood Brothers” (Irmãos de Sangue) de Elias Chacour, arcebispo da Igreja Católica Grega Melquita de Akko, Haifa, Nazaré e toda a Galileia. Conforme narra Burge, Chacour recorda a história de sua vida como um clérigo palestino, confrontando o “problema espinhoso de luta e reconciliação na Galileia.”
Outro livro é “I Am a Palestinian Christian” (Sou um Cristão Palestino) de Mitri Raheb, um pastor luterano de Belém, descrito por Burge como “um dos principais intelectuais cristãos da igreja palestina.”
O terceiro livro, “On the Road to Armageddon: How Evangelicals Became Israel’s Best Friend” (Na Estrada para o Armagedom: Como os Evangélicos se Tornaram os Melhores Amigos de Israel), de Timothy Weber, explica “por que os Estados Unidos e suas comunidades evangélicas são tão ardorosamente pró-Israel.”
O quarto livro, “Coffins on Our Shoulders: The Experience of the Palestinian Citizens of Israel” (Caixões em Seus Ombros: A Experiência dos Cidadãos Palestinos de Israel), de Dan Rabinowitz e Khawla Abu-Baker, que são sociólogos, “um israelense e um palestino, que contam suas histórias pessoais crescendo perto um do outro em Haifa.”
O livro final, “Whose Promised Land?: The Continuing Crisis over Israel and Palestine” (De Quem É a Terra?: A Contínua Crise sobre Israel e a Palestina), de Colin Chapman é talvez de certo modo mais imparcial. Como Burge descreve, é uma “história comovente e irresistível do conflito Israel-Palestina, contada por um estudioso cristão britânico que agora reside em Cambridge,” que foi durante “muitos anos professor em Beirute e, graças à sua fluência no árabe, pode ver essa batalha do lado de dentro diferente de muitos outros.”
A seleção desses livros que Burge fez para a revista Christianity Today [ligada à liberal revista brasileira Cristianismo Hoje, que já entrevistou Julio Severo aqui: http://bit.ly/XRENbx] expressa a própria postura de Burge, que sempre apresenta Israel como um país imperialista que invadiu a vida dos palestinos. Os principais culpados dessa invasão, nessa perspectiva, são os evangélicos pró-Israel dos Estados Unidos. Ao contarem histórias de palestinos, especialmente a pequena minoria cristã, como vítimas, Burge espera influenciar os evangélicos a adotarem a neutralidade ou, melhor ainda, uma defesa das causas palestinas.
Pretensamente, essa nova postura livrará os palestinos oprimidos de seus senhores imperialistas, que concordarão com as exigências palestinas graças à pressão dos EUA. A suposição é que as vitórias políticas palestinas iniciais realmente ajudarão os palestinos, principalmente seus cristãos. Qual é a base para essa suposição? Não se sabe. Atualmente, onde é que no Oriente Médio os grupos minoritários cristãos estão vivendo em segurança sob democracia pluralista? Nos países muçulmanos ou em Israel?
Burge e seus camaradas da esquerda evangélica que fazem cruzadas contra Israel presumem que a intransigência israelense é o principal bloqueio para a paz. Mas e se Israel se retirasse unilateralmente para suas fronteiras antes de 1967, abandonasse Jerusalém e permitisse um direito ilimitado de volta para todos os palestinos que reivindicam ser descendentes dos residentes palestinos originais no que é hoje Israel? Essas concessões unilaterais aplacariam completamente a maioria dos palestinos e criariam harmonia mútua? Ou eles, não provavelmente, alimentariam sua fome por vitória ainda maior, para incluir a erradicação de Israel como uma nação judaica?
Contrário à postura anti-Israel que Burge prefere, se o obstáculo real para a paz é a recusa dos palestinos de aceitarem a realidade permanente do Israel judaico, então o que Burge e camaradas defendem só joga gasolina no fogo das brigas e sofrimento dos palestinos. Na verdade, só dá para alcançar a paz se a maioria dos palestinos firmemente aceitar a permanência de Israel e se conformarem com um Estado palestino com base na Margem Ocidental, não sonhos de uma Palestina maior e livre de judeus.
A postura de Burge e da esquerda evangélica sobre Israel & Palestina também inquestionavelmente aceita os pronunciamentos públicos de uma pequena minoria de clérigos e ativistas cristãos palestinos sem admitir que esses cristãos cercados têm pouca escolha de expressar uma opinião contrária à [esquerda e à maioria muçulmana]. Sua sobrevivência requer que os palestinos fiquem sempre lustrando suas credenciais nacionalistas. É interessante que a esquerda evangélica, que faz tantas críticas ao nacionalismo americano e ao nacionalismo israelense, tenha tanta facilidade para abraçar a causa do nacionalismo palestino.
Burge está na diretoria do grupo Evangélicos a favor da Compreensão no Oriente Médio, uma campanha permanente para neutralizar os evangélicos pró-Israel. Esse grupo realizou uma reunião no Centro Billy Graham da Faculdade Wheaton em novembro de 2012, apresentando palestrantes anti-Israel como o Pe. Stephen Sizer, da Igreja da Inglaterra. Burge teve também papel proeminente no filme de 2010 “With God on Our Side” (Com Deus do Nosso Lado), feito especialmente para audiências evangélicas, tendo como alvo caricaturar os sionistas cristãos como fanáticos dos últimos dias que são indiferentes ao sofrimento palestino.
Se Burge e os evangélicos anti-Israel, que pretensamente se preocupam tanto com os cristãos palestinos, realmente fizerem o que quiserem, o resultado quase que certamente seria sofrimento ainda maior para todos os palestinos. Israel tem suficiente força militar e econômica para perseverar. Qualquer esperança para os palestinos requer a aceitação de coexistência mútua. Contudo, intencionalmente ou não, a esquerda evangélica anti-Israel pressiona para que sejam feitas políticas que inflamariam esperanças palestinas irrealizáveis de erradicar Israel, mas na realidade só garantiriam sua própria contínua marginalização.
Os livros anti-Israel que a revista “Christianity Today” recomenda a partir da lista escolhida de Burge superficialmente oferecem empatia pelos palestinos. Mas como a maioria das ingenuidades políticas esquerdistas, as políticas que eles apontam são absurdas para todos.
04 de junho de 2013
Tradução: www.juliosevero.com

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