"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 20 de agosto de 2012

CASO ASSANGE: O EQUADOR NÃO PODE FICAR SÓ

 

Este é o momento para que a unidade sulamericana deixe a retórica para tornar-se realidade. Cabe ao continente manter-se ao lado do povo equatoriano, na defesa de sua soberania política. A consolidação da Unasul se impõe, e com urgência. Diante da ameaça aberta do governo britânico, de invadir a Embaixada do Equador em Londres, o governo de Quito, pelo seu chanceler, declarou que confirma o asilo concedido a Julián Assange em seu território (que se estende ao recinto modesto de sua embaixada junto ao Reino Unido).


Os ingleses, em sociedade com os Estados Unidos, ainda se consideram senhores do mundo. O criador do WikiLeaks se encontra sob a ameaça de ser entregue ao governo norte-americano. Os ianques querem vingar o fato de que Assange tornou transparentes suas intrigas e seus crimes.

A nota do governo britânico, entregue à embaixadora do Equador, era ameaça clara e brutal ao Equador. O “aide-mémoire”, entregue à Embaixadora Ana Albán, convocada ao Foreign Office para recebê-lo, é objetivo em sua crueza:

Devemos reiterar que consideramos o uso continuado de instalações diplomáticas, desta maneira, incompatível com a Convenção de Viena e insustentável, e que já deixamos bem claro suas sérias implicações em nossas relações diplomáticas. Devem estar conscientes de que há uma base legal no Reino Unido – a Lei sobre Instalações Diplomáticas e Consulares, de 1987 – que nos permitiria agir para prender o Sr. Assange nas instalações atuais da Embaixada”.

###

INVIOLABILIDADE

É preciso deixar claro que a Convenção de Viena, de 1962, proíbe claramente essa invasão dos locais diplomáticos, conforme seu artigo 22:

“1. Os locais da Missão são invioláveis. Os Agentes do Estado acreditado não poderão neles penetrar sem o consentimento do Chefe da Missão.

“2. O Estado acreditado tem a obrigação especial de adotar todas as medidas apropriadas, para proteger os locais da Missão contra qualquer intrusão ou dano, e evitar perturbações à tranqüilidade da Missão ou ofensas à sua dignidade.

“3. Os locais da Missão, em mobiliário e demais bens neles situados, assim como os meios de transporte da Missão, não poderão ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de execução”.
Nenhuma lei interna de país aderente a convenção internacional dessa magnitude, pode sobrepor-se ao Tratado. Nos 50 anos de sua vigência, isso nunca ocorreu.

O governo equatoriano não tinha outra atitude, a fim de resguardar a sua soberania, que não fosse tornar, de jure, o asilo de fato que concedera a Assange. Há momentos em que todos os cidadãos honrados de uma nação se tornam um só homem, aquele que, sob sua delegação, chefia o Estado. A decisão de Rafael Correa, exposta por seu chanceler Ricardo Patiño, é a mesma que qualquer país latino-americano que se preze tomaria.

Nós temos uma tradição histórica na concessão de asilo diplomático, que é invariável: não se discute o comportamento do perseguido, mas a sua condição humana e o perigo, a juízo do país concedente, de que o postulante seja submetido a tratamento cruel, ou à pena de morte. Foi assim que o governo democrático brasileiro não titubeou em conceder asilo ao ditador Alfredo Stroessner, em 1989, durante a presidência de Sarney.

Se nós, brasileiros, não tivéssemos outras razões para guardar reservas contra os ingleses, há uma, poderosa. Em seu livro “The Rise and Fall of the British Empire” (Londres, 1995, página 5), o historiador britânico Lawrence James registra, como um dos primeiros episódios da ascensão de seu país ao domínio do mundo, o assalto cometido por George White, de Dorset, dono do veleiro Catherine, de 35 toneladas, armado de cinco canhões e avaliado em 89 libras, segundo o autor.

Em 1590, White se apoderou de três cargueiros brasileiros, em alto mar, desarmados e sob bandeira espanhola, roubando sua carga avaliada em 3.600 libras. Encorajado com o resultado do roubo, vendeu o Catherine, comprou navio mais poderoso e continuou a saquear navios brasileiros e do Caribe, sempre indefesos.

A Inglaterra confia na força, mas a História nos mostra que a melhor forma de garantir, com honra, a própria soberania, é a de respeitar a soberania e a honra dos outros.

Quando encerrávamos estas notas, o chanceler britânico William Hague declarou que seu governo não invadirá a embaixada do Equador. Como se começa a ver, a ameaça foi um ato de arrogância contra um país desarmado.

Reportagem revela que a empresa do filho de Lula está atolada em dívidas


Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, começou a trabalhar como modesto empregado do Jardim Zoológico de São Paulo, mas logo foi convidado por alguns amigos a trocar de ramo e se tornar empresário. O sucesso foi tamanho que o orgulhoso pai chegou a compará-lo a Ronaldo, o Fenômeno.



Surgiram então as notícias de que o rapaz teria ficado milionário, havia comprado uma extensa fazenda, pagando à vista e em dinheiro. Mas Lulinha nunca se importou nem desmentiu nada, porque sabe como essa gente gosta de falar, com inveja de quem consegue ganhar dinheiro.

Mas agora vem uma notícia muito desagradável, mostrando que Fábio não era tão Fenômeno assim. Os repórteres José Ernesto Credendio e Andreza Matais, da Folha, revelam que a Gamecorp, empresa criada pelo filho do ex-presidente, está carregada de dívidas, que já chegariam a R$ 6,1 milhões, vejam que situação difícil.

A avaliação foi feita pela Peppe Associados, uma firma de auditoria contratada pela própria Gamecorp para verificar suas contas em 2011. Os auditores fizeram um diagnóstico pouco favorável para o futuro da empresa de Lulinha, e ainda lançaram dúvidas sobre a confiabilidade dos números do balanço da empresa. Segundo o relatório da auditoria, a administração da Gamecorp não divulgou “de forma adequada” a razão de números possivelmente incompatíveis nas contas. Também não foi possível, escreve a Peppe, ter idéia do valor dos bens da empresa.

###

COM DINHEIRO DA OI

Como se sabe, a empresa Gamecorp surgiu em 2004 e recebeu um aporte de R$ 5 milhões da Telemar (hoje Oi). Como a empresa de telefonia tem participação do BNDES, o aporte passou a ser investigado pelo Ministério Público por suspeita de tráfico de influência.
Nos últimos anos a empresa vem acumulando sucessivos prejuízos. Apesar de registrar lucro de R$ 384 mil no ano passado, as perdas acumuladas chegam a R$ 8,6 milhões. Segundo a reportagem da Folha, a dívida de curto prazo, de até 12 meses, subiu de R$ 2,03 milhões, em 2010, para R$ 2,89 milhões no fim do ano passado. A de longo prazo, acima de um ano, saltou de R$ 3 milhões para R$ 3,3 milhões. O total dessas obrigações atinge R$ 6,1 milhões.
Além disso, há uma diferença de R$ 2,2 milhões entre a soma dos bens e dos valores que a empresa tem a receber e as obrigações que contraiu, o que pode configurar risco de insolvência.

###

DINHEIRO PÚBLICO

A Folha conta que, no início, segundo o próprio Lulinha, a Gamecorp evitava receber dinheiro de fontes públicas para não gerar eventuais dúvidas sobre favorecimento político. No fim do ano passado, porém, a postura mudou: a empresa recebeu R$ 190 mil por anúncios do Banco do Brasil.
De acordo com um diretor do banco que pediu para não ter o nome publicado, a solicitação partiu do pecuarista José Carlos Bumlai, que é amigo de Lula. A reportagem tentou ouvir de Bumlai a razão do empenho pela Gamecorp, mas não conseguiu contato.
Lulinha também não respondeu ao e-mail encaminhado pela Folha, nem ao recado deixado na Gamecorp. Na sede da empresa, a informação é que ele aparece por lá duas vezes na semana e que não tem secretária ou alguém designado para dar informações à imprensa.
A assessoria de imprensa do Banco do Brasil informou que o diretor de marketing da instituição na época do repasse à Gamecorp era Armando Medeiros, que não está mais no banco.

###

IGUAL AO FENOMENO

Lula tinha razão: seu filho é mesmo igual ao Ronaldo Fenômeno, que também se viu obrigado a se aposentar precocemente. A diferença é que o craque da seleção teve graves problemas de saúde, enquanto o empresário Lulinha tem sofrido apenas problemas financeiros. É uma pena que só esteja trabalhando dois dias por semana. Dá mau exemplo aos demais brasileiros, que precisam suar a camisa, entrando em campo todo dia.

20 de agosto de 2012
 Carlos Newton

Nenhum comentário:

Postar um comentário