"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 20 de agosto de 2012

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA CARLOS CHAGAS

BURRICE TEM HORA

O tiro sairá pela culatra caso parte da militância do PT cometa a bobagem de concentrar-se a partir de hoje na Praça dos Três Poderes, defronte ao Supremo Tribunal Federal.
Porque estarão se posicionando contra tendência registrada no pais inteiro, contrária aos réus, mesmo sem despertar o óbvio que será a reunião de grupos favoráveis à sua condenação.

Esses obtusos companheiros, que felizmente não são a maioria, só farão despertar as atenções gerais para o inevitável: a degola de petistas flagrados em ilícitos penais de gravidade incontestável.

Além do mais, esquecendo da condição humana dos ministros da mais alta corte nacional de justiça, que certamente sentir-se-ão agravados pela manifestação. Em especial se houver baderna, cuja conseqüência será a chegada do batalhão de choque da Polícia Militar do Distrito Federal.

Burrice tem hora. Deveriam os militantes dispostos à provocação seguir o exemplo dos companheiros em julgamento, que se estão em Brasília, ninguém sabe, ninguém viu. Preferem, como José Dirceu e outros, manter-se retirados. Acompanhando as sessões, é claro, mas sem atender o telefone ou dar declarações à imprensa.

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LIÇÕES DO PASSADO


“Os erros que procuraremos condenar e punir foram tão calculados, tão malignos e tão arrasadores, que a civilização não pode admitir que sejam ignorados, pois ela mesma não conseguiria sobreviver se isso se repetisse. (…)
Deter a mão da vingança mas submeter voluntariamente o inimigo ao julgamento da lei é um dos tributos mais significativos que o poder já fez à razão. Jamais nos devemos esquecer de que os registros nos quais nos baseamos para julgar esses acusados são os registros em que a História se baseará para nos julgar amanhã. Entregar a eles um cálice de veneno é o mesmo que o levarmos às nossas bocas.
Devemos desincumbir-nos de nossa tarefa com imparcialidade e probidade, de forma que este julgamento seja aceito pela posteridade como algo que tenha satisfeito os anseios de justiça (…)”

Essa lição de ética não foi escrita pelo procurador-geral, Roberto Gurgel, nem constará do voto de nenhum dos ministros do Supremo. Foi ministrada pelo juiz Robert Jackson, promotor-chefe dos Estados Unidos no julgamento de Nuremberg, em 1946. Guardadas as proporções e o tamanho dos crimes, aplica-se sem tirar nem pôr ao mensalão.

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A HORA DO SACRIFÍCIO

Começa amanhã o período de sacrifício para o país inteiro, menos para Brasília, onde não se realizarão eleições municipais, porque aqui não tem município.
Em todos os estados, duas vezes por dia nas telinhas, mais duas nas emissoras de rádio, o cidadão estará sujeito a mais um festival de besteiras, com as exceções de sempre.
Milhares de candidatos a vereador e a prefeito farão as mais mirabolantes promessas e entoarão as mais abomináveis ladainhas sobre tudo e sobre todos.
Trata-se de um preço a pagar em nome da democracia, mas quem quiser escapar da propaganda eleitoral obrigatória e gratuita sempre terá uma saída: ir à cozinha tomar um cafezinho ou simplesmente desligar os aparelhos…

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