"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 20 de outubro de 2012

MI ARGENTINA QUERIDA...

Argentina: Cristina Kirchner nomeia veterana atriz do cinema erótico como “embaixadora da cultura popular”


Cristina Kirchner e Isabel Sarli, em cena de filme dos anos 50-60 e hoje
Cristina Kirchner (à esquerda) designou como "embaixadora da cultura popular" a veterana atriz erótica Isabel Sarli (ao centro, em foto de um de seus filmes, e, à direita, hoje)

Enquanto sua forma física lhe permitiu, a atriz argentina Isabel Sarli não deixou de aparecer nua, total ou parcialmente, em 29 filmes. Tornou-se a rainha indiscutível do “porno light”, do cinema erótico, e objeto de críticas e reparos na ultra-conservadora Argentina dos anos 50 e 60.

Como atriz, deixou muito a desejar: seus filmes tinham como objetivo central, para não dizer único, mostrar seu corpo, numa época em que isso era tabu. Os títulos de seus filmes já dizem tudo: Tentação Nua, Carne, Nua na Areia, Luxúria Tropical, A Deusa Impura

Agora aos 77 anos, a presidente Cristina Kirchner permitiu a Sarli dar a volta por cima nos críticos de outrora, ao designá-la “embaixadora da cultura popular”. O ex-mito erótico, que também atuou como stripper em teatros de revista, foi nomeada, por decreto presidencial, como titular de uma das subsecretarias de governo voltada à cultura.

A presidente, na fundamentação do decreto, derrama-se em elogios à veterana atriz, que seria “uma verdadeira representante da cultura nacional, tanto por seus dotes de atriz cinematográfica, como por ser considerada em sua época um ícone popular e uma figura emblemática”.


Cartaz típico dos filmes de Sarli em seu auge: no caso, do filme "Fuego" ("Fogo")

Isabel Sarli era, como se diria na época, uma morena bonita e voluptuosa quando se elegeu Miss Argentina, em 1955.
Logo seria descoberta pelo diretor Armando Bo — com quem permaneceria unida até a morte dele, em 1981 –, e no ano seguinte faria seu primeiro filme, El Trueno entre las Hojas, no qual protagonizou a primeira cena de nudez integral da história do cinema argentino, banhando-se num rio. Aliás, a insistência em cenas da atriz nua em rios, lagos, mares e similares lhe valheu um apelido brincalhão, La Higiénica.

A justificativa da presidente Cristina para a nomeação da atriz diz, em outra parte, que a figura de Sarli, conhecida popularmente como “La Coca”, é “inevitável na hora de enaltecer os valores éticos e culturais, ao representar a síntese da imagem que a Argentina deseja projetar ao mundo”.
Se a frase for levada ao pé da letra, essa imagem será a de uma mulher sem roupa.

20 de outubro de 2012
movcc

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