"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

1984

No admirável mundo novo da internet, a CIA monitora até as redes sociais.
O comentarista Sergio Caldieri nos envia esse interessante e inquietante artigo, informando que no Centro de Fontes Públicas da CIA já se cruzam mais de 5 milhões de mensagens por dia.

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Os modernos meios de comunicação são uma benção para a espionagem. A CIA quer que cada pessoa no mundo tenha uma conta no Facebook ou Twitter para estender a caracterização e compreensão de cada um de nós.
O que é que estes instrumentos dão à agência de espionagem? Ao abrir suas informações da conta, são passados vários dados pessoais e não apenas o nome, apelido e endereço. Para “facilitar” o poder de expandir seus relacionamentos e encontrar amigos que desde a infância não tenha ouvido falar deles, também devemos informar a escola onde estudamos, os países visitados, gostos pessoais, esportes que você jogar, tipo de literatura que você lê, entretenimento, música e até mesmo a comida que mais gosta.

Você começa a entrar em contato com os amigos, relacionamentos-chave e família. Troca mensagens com eles, fornece mais informações sobre você, seu passado, suas aspirações, e até mesmo critérios e comentários sobre o lugar político, social e econômica em seu país, na pessoa a que você stá escrevendo, ou no mundo.

Uma verdadeira bênção, que facilita o trabalho de caracterização da CIA e coloca em suas mãos um volume de informação impossível de obter por outros meios de inteligência.

O Centro de Fontes Públicas da CIA (Open Sources Center) está localizado em McLean, Virginia. É um edifício de tijolos de vários andares, que não se destaca do resto dos prédios que o rodeiam, muitas características semelhantes. A diferença é que neste edifício são interceptados mais de 5 milhões de mensagens diárias que circulam nas redes Facebook e Twitter.

O Centro, sob a direção de Doug Naquin, analista sênior da CIA, tem mais de 800 empregados, computadores de alta velocidade, grandes servidores para o armazenamento. Existe um corpo de tradutores para aqueles que recebem informações em chinês, árabe ou outra língua que não seja regularmente falada nos Estados Unidos.

Um grupo de trabalho dentro do Centro é responsável por monitorar a imprensa, televisão e rádio, tanto nos EUA como em países prioritários. Este grupo também estuda relatórios de agências internacionais e outros centros de pesquisa sobre questões e situações que foram identificados e fazem parte do acompanhamento a ser realizado.

Embora a maioria do pessoal esteja na Virginia, há muitos desses analistas espalhados pelo mundo e que trabalham em embaixadas dos EUA, especialmente em países prioritários, a fim de estar mais perto da realidade que deve ser relatada.

Os informes mais importantes são incorporados ao relatório diário do Centro (Briefing Intelligence Daily), para que o diretor da Inteligência Nacional repasse ao presidente Obama as informações que tenham maior interesse político-estratégico.

Quando o presidente, em um de seus discursos, fala sobre situações que têm sido priorizadas, o Centro é colocado em alerta para fazer um diagnóstico através do Facebook e do Twitter sobre a reação às palavras de Obama na internet e transmiti-la no dia seguinte. É o admirável mundo novo em ação.

01 de fevereiro de 2012
Néstor García Iturbe

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