"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

DIRIGENTES DO BANCO DO BRASIL ERAM OS PRINCIPAIS INTERLOCUTORES DE ROSEMARY EM SÃO PAULO

 

Reportagem de Paulo Gama e Mario Cesar Carvalho, da Folha de S. Paulo, revela que executivos de alto escalão do Banco do Brasil eram os interlocutores mais frequentes de Rosemary Noronha, ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo, segundo a agenda dela, obtida pelos jornalistas por meio da Lei de Acesso à Informação.

Dos executivos do BB, Ricardo Oliveira, que foi vice-presidente até maio de 2012, é o visitante mais frequente – aparece em 17 reuniões. Também são citados encontros com Ricardo Flores, José Luís Salinas, Paulo Oshiro e Alencar Ferreira, todos do Banco do Brasil.


Rose, a musa do BB

Como se sabe, Rose, amiga íntima do ex-presidente Lula por 19 anos e sua companheira em viagens internacionais a 32 países, foi indiciada pela Polícia Federal sob suspeita de formação de quadrilha e tráfico de influência na Operação Porto Seguro.

Entre 2007 e 2012, a agenda de Rose registra 39 reuniões com executivos do BB, sobretudo vice-presidentes. Os irmãos Paulo, Rubens e Marcelo Vieira, também indiciados na operação, aparecem em segundo lugar em número de citações na agenda, com 35 reuniões – 29 delas no escritório da Presidência, o que demonstra que eles a procuravam.

Oliveira alegou à Folha que Rose apenas agendava encontros com o então presidente Lula, mas acontece que nenhum presidente da República recebe em audiência vice-presidente de instituições estatais. Mas Oliveira diz que era recebido e um dos assuntos que tratou com o ex-presidente foi a compra da Nossa Caixa, em novembro de 2008, por R$ 5,38 bilhões.

DOSSIÊ CONTRA MANTEGA

A reportagem da Folha destaca que Alencar Ferreira, que foi da Companhia de Seguros Aliança, coligada do BB, é citado na agenda de Rose em uma reunião de julho de 2010. Ferreira era acusado à época de ter produzido um dossiê contra Marina Mantega, filha do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

No documento apócrifo, Marina é acusada de fazer lobby a favor de empresários usando a sede paulista do BB, e o escritório da Presidência onde Rose despachava fica no mesmo prédio.

O dossiê foi interpretado no governo como uma chantagem contra o ministro por causa das disputas para nomear o presidente da Previ, o fundo de previdência do BB, que à época administrava recursos de R$ 150 bilhões.

Segundo a Folha, havia no a suspeita de que Rose teria ajudado a produzir o dossiê junto com sindicalistas bancários porque tinha acesso às câmeras de segurança do prédio.

FAVORES DO BB

Com toda certeza, Rose conseguiu alguns favores do BB. Em 2010, a Cobra, braço tecnológico do banco, contratou sem licitação a empreiteira do atual marido dela, João Vasconcelos, por R$ 1,12 milhão para reformar um prédio.

A Cobra era uma área de influência de Salinas, vice-presidente de tecnologia do BB até junho de 2010, recebido por Rose seis vezes. Ele também foi afastado do cargo por causa do dossiê.

Rose também conseguiu que seu ex-marido, José Claudio, fosse nomeado suplente do conselho da empresa de previdência privada do BB. E para tomar posse, ele teve de apresentar um diploma falso de curso superior, validado pelo Ministério da Educação.

Segundo a Folha, a agenda registra ainda encontros de Rose com sindicalistas, empresários e representantes de veículos de comunicação.

11 de janeiro de 2013
Carlos Newton

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