"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O APAGÃO PETISTA


Em 2001 surgiu uma nova expressão para designar o desleixo da administração pública com o setor enérgico brasileiro: apagão. O que o governo deveria ter feito e não fez, coube a população remediar o estrago.
O racionamento de energia atingiu domicílios, alcançando ricos e pobres, poderosos e gente do andar de baixo. A produção sentiu os efeitos do racionamento de energia e o povo ficou, mais uma vez, órfão de um governo inoperante.
 
Aos solavancos, o governo de Fernando Henrique Cardoso procurava, através de medidas paliativas, enfrentar a escassez de água nos reservatórios. Tempos difíceis aqueles, sem dúvida.
 
O PT, principal partido das oposições, não deixou barato: atacava o governo tucano e trazia para o debate político a questão enérgica.
 
Nos dois mandatos da era fernandista, o tucanato pouco investiu em infraestrutura. Lula se preparava para assumir a sua quarta candidatura à presidência do Brasil, agora com chances de ser eleito. Como não poderia deixar de ser, o apagão foi um dos temas que esquentou o debate político entre os dois principais candidatos.
 
O PT politizou o racionamento de energia de 2001, enquanto isso o governo jogava na defensiva, mas sem muita convicção. O Brasil vivia – como vive até hoje – uma séria crise no setor enérgico. Ao assumir o Ministério de Minas e Energia do primeiro governo de Lula, Dilma Rousseff partiu para o ataque ao classificar de “barbeiragem” a maneira como o governo anterior tratou a crise energética.
 
Foi além, a ministra: dona de um discurso boquirroto, Dilma garantiu que não haveria mais racionamento de energia. Criticou a falta de planejamento do governo tucano, que com cinco anos de antecedência não sabia o quanto que teria que entrar de energia para abastecer o país.
 
Em tom professoral, a ministra de Lula ensinava o que deve ser feito para evitar o racionamento de energia. Há situações na vida de qualquer mortal que o melhor é ficar calado, quase mudo. Desde 2008 que os brasileiros passaram a conviver, de tempos em tempos, com apagões.
 
Agora, em 2013, em pleno governo Dilma, o setor energético pode entrar em colapso, caso São Pedro não ofereça a sua ajuda. Os mais otimistas, tendem a apelar para a dança das chuvas. É o Brasil da piada pronta. Azar de um lado, sorte de outro, o fraco desempenho da economia em 2012.
 
Tivesse o país conhecido um crescimento maior, provavelmente estaríamos todos às escuras em decorrência da falta de oferta suficiente de energia.
 
A arrogância da presidente não permite que o seu governo fale em racionamento de energia, pois afinal com que cara ficaria? Seria barbeiragem? Os governos petistas não tiveram, nesses dez anos de governo, tempo para saber a quantidade de energia que seria suficiente para 2013?
 
Admitir racionamento de energia é, finalmente, admitir que a grande gestora petista, não passa de uma fraude, incapaz sequer de anteceder a uma crise de energia? Logo ela, a rigorosa e competente ministra de Minas e Energia e a manda chuva – nem tanto – da Casa Civil de Lula? Por que não se antecipou à crise de energia?
 
Não há a menor dúvida de que o mito Lula está desmoronando e que o barco petista começa a fazer água. As estripulias de Lula fora do aconchego do lar, as denúncias de Marcos Valério sobre dinheiro sujo abastecendo gastos domésticos do “cara” podem colocar um pá de cal nas pretensões petistas para 2014.
 
11 de janeiro de 2013
Nilson Borges Filho é doutor em direito
 

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