"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

PRIVATIZEM O FUTEBOL BRASILEIRO!


          Artigos - Governo do PT        
Futebol, no estádio ou na TV, é a antítese do que se pode classificar como um bem público.
Não há qualquer justificativa para que se use o poder governamental para obrigar alguém que não gosta de futebol a subsidiar o torcedor fanático.

Os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 tiraram do armário a promiscuidade entre futebol e governo. É algo que sempre existiu, mas que acabava sendo tolerado em favor da “pátria de chuteiras”.

A lista de estatais que patrocinam times de futebol só cresce. Dentre os clubes de maior expressão, há Banrisul (Grêmio e Inter), Eletrosul (Avaí e Figueirense), Eletrobrás (Vasco), Liquigás (Botafogo) e Caixa Econômica Federal (Corinthians e Atlético Paranaense).

A Petrobrás está negociando com o Corinthians o aporte de R$ 400 mi para dar nome ao Itaquerão. Além disso, na esteira da Copa, os estádios consumirão cerca de R$7 bi em dinheiro público (se não houver extrapolação nos gastos), privilegiando determinados clubes que têm melhor trâmite dentre as autoridades.

Mas qual seria o problema de o governo se intrometer no futebol? A questão é que futebol, no estádio ou na TV, é a antítese do que se pode classificar como um bem público.
Bens públicos são aqueles que têm como característica uma impossibilidade de separar quem pagou pelo serviço e quem deles usufrui.
O futebol tem a característica oposta. Há uma catraca que assegura que somente aqueles que compraram ingresso possam entrar no estádio. E o ingresso representa o valor do produto adquirido pelo consumidor que deseja assistir futebol. Não há qualquer justificativa, portanto, para que se use o poder governamental para obrigar alguém que não gosta de futebol a subsidiar o torcedor fanático.

A despeito disso, os governantes são mais lenientes com clubes de futebol e os tratam como entidades que merecem privilégios. Enquanto para os cidadãos comuns as penalidades para sonegação fiscal são severas, para os times de futebol devedores o governo criou uma loteria especial – a Timemania - para ajudar na amortização da dívida. Não satisfeita, a Confederação Brasileira de Futebol vem fazendo campanha pelo perdão das dívidas dos clubes, que chega a R$ 5 bi.

Os políticos embarcam na promiscuidade, tentando surfar na popularidade do balípodo como esporte nacional. Em todas essas distintas experiências, o que se torna evidente é que a mistura entre futebol e governo tem consequências prejudiciais ao cidadão. Por um lado, essa associação acaba desviando recursos de outras políticas mais prioritárias, como a redução da carga tributária ou investimentos em infraestrutura e educação básica. Por outro, ele alimenta um ciclo de corrupção que no passado já incluiu lavagem de dinheiro, corrupção ativa, estelionato e evasão de divisas.

Nelson Rodrigues costumava dizer que não se faz política e futebol com bons sentimentos, pois é a falta de caráter que decide ambos.
Quando combinados, os resultados são desastrosos. Para solucionar essa problemática situação, só há um caminho: tornar o futebol algo distante da esfera pública, que diga respeito a torcedores, jogadores, associados e dirigentes – não a políticos.
Portanto, não esperem: privatizem o futebol brasileiro!
 
15 de fevereiro de 2013
Carlos Góes é mestrando em Economia Internacional pela Universidade Johns Hopkins, bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, membro fundador da Aliança pela Liberdade (http://www.blogdaliberdade.com) e Conselheiro Executivo do Estudantes pela Liberdade (http://www.estudantespelaliberdade.com.br).


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