"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 19 de março de 2013

SINDICALISMO EM XEQUE E UMA JUSTIÇA MÍOPE

 

O sindicalismo brasileiro está em xeque, a maior Central Sindical do país, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que reúne 2,2 sindicatos dos 14 mil existentes, em todo território nacional, com um total de 2,5 milhões de associados, num universo de 47 milhões de trabalhadores com carteira assinada, quer substituir o imposto sindical referente a um dia de trabalho por ano, pela “taxa negocial”.


Vai encontrar resistência porque as demais centrais são contrárias à substituição do modelo atual. O interesse em manter o atual status tem motivo: é que no ano de 2012 a arrecadação do imposto superou R$ 2 bilhões, desses: 60% destinado aos sindicatos, 20% para federações, 10% confederações e outros 10% ficam com as centrais sindicais.

De fato a CUT aposta na sua estreita relação com o poder em Brasília para ver acalentado um sonho da agremiação, mas para isso é preciso que a presidente Dilma Rousseff dê a palavra final. Neste episódio, um senão, em meio à turbulência eleitoral presidencial de 2014, Dilma terá que avaliar se a proposta, (que ao que tudo indica), em pouco altera o sistema, já que manterá a obrigatoriedade do imposto na forma de taxa, pode ou não atrapalhar a sua reeleição.

ACIRRANDO ÂNIMOS

A proposta em si, não é traumática, mas está acirrando os ânimos entre as centrais sindicais do país, que reunidas representam 80% a mais dos quadros da CUT, e força por força, este indicador coloca os oposicionistas na vantagem pelo veto à mudança. Na versão da CUT, o governo vai manter o imposto sindical por um período, para depois transforma-lo em taxa negocial, mas que pesará ainda mais para o trabalhador, que passara a ter um desconto extra no seu salário.

Dilma não “lavou as mãos na questão”, pelo contrário, solicitou aos técnicos do governo, então, duas soluções: criar um dispositivo legal que obrigue os sindicatos a aplicar o dinheiro que será obtido com a taxa negocial apenas com saúde e educação. E por outro, quer que o dinheiro fique exclusivamente com os sindicatos, evitando que ele seja repatriado, entre federações, confederações e centrais.

Há pouco o governo estabeleceu novas regras rígidas para o registro sindical, dificultando a proliferação de “sindicatos de fachada”, criados apenas para abocanhar parte do dinheiro arrecadado com a cobrança do imposto sindical. Mas isso não sinaliza que o imposto sindical tenha o destino social preconizado em seu estatuto, já que a maioria dos sindicatos não dispõe de estrutura para atender as necessidades dos trabalhadores.

19 de março de 2013
Roberto Monteiro Pinho

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