"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 6 de julho de 2013

IMAGENS EM MOVIMENTO

Um documentário de ficção ou uma ficção da vida real?




Qual é a fronteira que separa um documentário de um filme de ficção? Essa interrogação, que continua provocando animadas discussões entre amantes do cinema do mundo inteiro, surgiu no início do século XX, quando o escocês John Grierson definiu o tipo de filme feito por Robert Flaherty como documentário. A expressão deriva da palavra documento, usada pela disciplina de História como sinônimo de “verdade histórica”.

A obra mais conhecida de Flaherty é Nanook, o Esquimó (Nanook of the North, no original). Filmado em 1922, foi o primeiro longa-metragem que colocou o ser humano no centro da história e incorporou outra controvérsia ao mundo da sétima arte: existe diferença entre o cinema posado (ficção) e o cinema de viagem/cinejornais/atualidades (documentário)?

Depois de morar um ano com os esquimós, entre 1914 e 1915, gravando a vida cotidiana, Flaherty perdeu todo o material em um incêndio.
O filme disponível hoje é, portanto, um remake do original, filmado durante a segunda temporada do cineasta no Ártico.
Embora seja considerado o primeiro longa-documentário da história, muitas cenas de Nannok foram encenadas para as câmeras. Uma delas é a caça às focas (reproduzida no vídeo abaixo), que não era mais feita com arpão – como mostram as imagens – mas com armas de fogo.

Esse recurso teatral faria de Nannok uma obra de ficção? Para Flaherty, seu filme poderia muito bem ser comparado a Intolerância, de 1916, umas das obras-primas de D.W. Griffith e classificado como o filme de ficção mais grandioso da época. Flaherty não fazia distinção entre o documentário filmado em externas, com grandes paisagens, que tentava revelar quem era o verdadeiro homem/esquimó, e o cinema posado, rodado em estúdio, como o de Griffith. Para ele, tudo era cinema.

O tema merece mais de um post. Mas desde já os comentaristas estão convidados a entrar na discussão


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